Amiga ou amigo leitor, aqui contarei pensamentos que foram, em suas devidas ocasiões,
escritos e guardados numa gaveta, que conserva,
desde que fui alfabetizado, vários escritos. Aviso, porém, que o estilo da
escrita mudou, foi aperfeiçoado para trazer atrativos aos seus aplicados olhos,
animar (quem sabe?) uma possível aflição de espirito.
AOP.
10/1999
Não inventei nada e descobri menos ainda. Não participei de nada que me
tornasse memorável, ao menos citado. Não ganhei nenhum título (dama, dominó,
pega-pega, esconde-esconde etc.).
Enfim... se não tivesse nascido tudo estaria igual - não consegui fazer
nada de útil, ou inútil, suficientemente, para ganhar destaque.
O que me consola é que ainda estou no auge dos meus vinte e poucos.
Mas tal consolo não é dos melhores, pois sempre que o argumento lembro-me
que David, aos 23, já era Rei sobre Judá, já tinha degolado Golias e tocava
harpa como ninguém - a sua música afastava os espíritos maus.
Só não nego que continuarei a viver assim, sem maiores contribuições,
apenas por um, e elementar, motivo: negar também é afirmar.
Prefiro, portanto, nem negar nem afirmar; deixar que o tempo e algum
resquício de fé, que ainda escondo, digam o que de fato sou e serei nesses dias
tão cheios de vaidade.
Trago, tão somente, o "esforça-te".
Mas poupe comentários, compaixão, comiseração, pois não está lendo idéias
de um desgraçado. Logo, só não digo o quão sou especial, pois tenho
escrúpulos - sem falar que não quero que tenha aversão a mim, tendo-me como a
arrogância personificada. Mas não penso nada diferente, não me restam dúvidas.
No mais, não inventei nada e descobri menos ainda. Não participei de nada
que me tornasse memorável, ao menos citado. Não ganhei nenhum título.
Isso pouco importa, essa glória é passageira e digna de uma coroa
corruptível.
Aprendi, e isso já me é suficiente, que é preciso depender de Deus.
Ora, foi por isso que David derrotou Golias, tornou-se Rei de Judá e depois
de toda Israel, consolidando eternamente seu trono.
Anderson
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