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Cronicas-->Avó Navegante (II) -- 03/03/2002 - 15:32 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tenho dois pares de pensamentos
e eles nunca se igualam;
tenho dois pensamentos ímpares que nunca se
encontram:tenho dois sentimentos que jamais se batem. A história conta assim. Eu faço parte dela.

Quando procuro no fundo d alma pequena
acho um baú de velharias que não apraz nem a qualquer aventura de descobertas.Vejo meu avó navegante,flutuando num espaço sem medidas. Mas dele guardo saudades.

Por ser avó era velho. Por ser velho era sábio.E por isso a gente tinha um certo adórno de admiração pelo cansado navegante da vida.

Ambivalente, coscoroso, flertado e indecoroso,
passo de passo em passo,encharutado
a procura de um caminho que
lá atrás ficou,
nalguma esquina de sonhos com nomes
delicados e duvidosos.- Nas casas de ventres.1925!

Foi lá que conheci todas as histórias de meu avó. Na casa dos ventres, onde só entravam maiores de 21 anos e meninas de até 10 anos. Eu vi, me contaram. Me perdi.

Era frequentador assíduo convicente. Não tinha uma noite que não estava lá. E todas histórias dele me contaram: aventureiro,sagaz,amoroso,dado, às vezes bruto e totalmente embriagado.

Foi assim que minha avó largou ele. Mas eu não. Persegui até a sua morte endivida com Deus, a paróquia e todos os santos.

Pois é sou assim: dono de uma charrete de feltro,
de um alado cavalo de nome Parrot, uma correia de couro amaciada ao sol de outono e um trilhado de pendentes que buliçam à cabeça do animal quando próo à rua coberta de pérolas imaginárias.

O tempo já acabou e não há mais o rápido e consequente para bater suas portas e duvidar de suas palavras,
para representar seu papel
de anchovas e piadas!

Ele se esvoaçou pela porta do tempo e agora ninguém acha mais. Nem de minhas orações tem valia. Ele morreu prá sempre!

Se sou de vidro, sou invisível,
se me querem,me querem às custas de alguma dignidade.

E, um dia, rodopiou por mim, como uma pluma alada
quando fui tentar segurar a mão plena da deusa encantada.

Mas tinha escapado pelos galhos que brotam nesta estação
no meu jardim desfavorecido de cànticos maiores.

Se não quero piedade também não quero autoridade!

Se sou assim é porque moldado fui,
quando criança, por alguma fada sanzona que perdoava tudo
menos você errar.A fada devia andar de mãos dadas com avó, pois de todo o protegia.

E todo seu caminho foi de erros. Perdeu a vida nisso.
Ontem vivia de barril em barril e lá de longe, vozes dizem
ardidas:
Ei, seu João não vá morrer igual ao avó seu:
mergulhado e bêbado num tonel de vinho!

E a história gargalha às minhas costas
queira você, haja ou não haja, e goste ou não goste!

Fui assim,
Pois quando vi o mergulho suicida
também pensei um dia:
tal pai,tal mãe,senão avós:
morre também entubulhado
na sua raiz de raro e embrulhado
que virou chacota prá minha história
prá
toda ela chorar !

Pobre avó, morrido, sem esperanças
num velho e insonoro barril,
que de tão inchado ficou aos meus olhos
que lá ficou conhecido como
o navegante dos sete mares da solidão!

Bravo avó,
Bravo avó!
Mas tinha eu que achar
o veléu embriagado,
o corpo morto?




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