Paira sobre a cidade uma dúvida relevante: teria ou não o prefeito Barjas Negri participado dos esquemas fraudadores de um dos famosos escândalos da República conhecido mundialmente como a máfia das sanguessugas?
Um dos princípios básicos do Direito Penal consiste em presumir a inocência do acusado até prova em contrário. Para tanto é necessário que as investigações cheguem até o seu limite máximo, até o fim.
E a lei garante que o inquérito em trâmite na Polícia Federal de Cuiabá no Mato Grosso não arquive o procedimento instaurado em outubro de 2006 que objetiva coletar provas sobre a autoria do delito existente.
Depois da conclusão de todas as diligências determinadas pelo delegado e representante do Ministério Público, os autos sobem ao promotor de Justiça que oferta a denúncia ou não.
Se o promotor, com base nas provas existentes no inquérito, oferecer denúncia contra o suspeito ali existente, inicia-se então o processo criminal propriamente dito.
Todos os processos crimes são peculiares, inconfundíveis, com características próprias e, por serem assim é que se diz ser cada caso um caso.
Os crimes contra a administração pública geram escândalos e os prejuízos causados por culpa de poucos depravam a coletividade toda.
Pois quem é que não consegue imaginar que os bilhões de dólares hoje na conta de ex-prefeitos, ex-governadores, ex-vereadores e ex-deputados poderiam pagar obras de saneamento básico, construir salas escolares, e tudo o mais necessário para a vida coletiva?
Essa justificativa de que o sujeito “rouba, mas faz”, denota uma sem-vergonhice tão grande, um mau-caratismo tão explícito que indica a cumplicidade do sujeito justificante. Ou seja: se ele tivesse no lugar do cara apontado como ladrão, faria a mesma coisa, roubaria e tudo bem.
É por causa da impunidade que correligionários tentam justificar os crimes dizendo: “todo mundo rouba, por que o fulano não pode roubar também?”
Então podemos concluir que o pertencente ao coletivo, ao todo, à sociedade, à nação, não tem tanta importância assim. Vale mais a esperteza do safado que toma o que pertence a todos e se vê livre das penas, do que o “otário” postado diante de tamanha fortuna e nada faz em proveito próprio ou das suas amantes.
Mas na consciência dos ladrões existe a certeza de que o dinheiro com eles agora é a causa da podridão de muitas coisas e pessoas. E por mais que tentem justificar, a miséria, o sofrimento e a doença estarão sempre presentes a lhes dizer da canalhice e deslealdade.
Traição é coisa de Joaquim Silvério dos Reis e Iscariotes. A estrutura social brasileira precisa de no mínimo uma pequena mãozinha dos senhores políticos: que sejam menos ávidos das coisas do todo.