Amo, mas não demonstro
Sinto algo estranho, gosto
Dentro do meu peito
Algo nasce, amor
Mas nasce abortado
e as feridas
ficam à mostra
Os retalhos
levo para casa,
para na estante
enfeitar a dor
Consciência, triste
mas algo existe
e profundamente,
persiste
De novo, sinto
ventre, intímo
amor, lívido
consciência, feliz
Agora não abortado
me chuta, xinga
e me aborta
da sua vida
(05/03/1992) |