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Redação-->“É possível termos uma língua uniforme? Por quê?” -- 05/01/2008 - 23:30 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Olhar a linguagem com um olhar curioso é a melhor forma de contemplar as diversas roupagens com que ela se reveste. É encantar-se com suas variações, como se fossem matizes de uma aquarela. É encontrar nas variações lingüísticas a cor da língua. Não é possível tornar uma língua uniforme sem excluir suas vertentes, portanto, só se poderia ter uma língua uniforme, se também a sociedade fosse uniforme.
Para Possenti (2004, p 36,), “numa linguagem uniforme talvez fosse possível pensar, dar ordem e instruções. Mas e a poesia? E o Humor? E como os falantes fariam para demonstrar atitudes diferentes? [...]E como produzir a uniformidade, se a variedade lingüística é fruto da variedade social?”
Refletir sobre a língua a partir de suas variações não significa excluir a gramática da escola, mas estabelecer prioridades, reconhecendo a importância de suas vertentes não formação da língua. É rever e redefinir os conceitos de certo e errado. Pode-se dizer ao camponês: Vista-se como um citadino? Ou dizer ao citadino, vista-se como um camponês, sem causar-lhes um impacto comportamental de personalidade? Não seria melhor orientar o camponês a usar sua melhor veste quando for à cidade e ao citadino a não usar terno e gravata quando for ao campo?
As variações identificam a situação geográfica, classe social, profissional, etnia ou até mesmo a idade dos falantes e podem nos levar a uma compreensão sobre o autor da fala. Os cratenses, por exemplo, pronunciam: Furtaleza... Purtuguês...ao invés de Fortaleza e Português e isso nos parece estranho, mas não nos parece estranho pronunciar; fuguete em lugar de foguete.
É sabido que tudo que entra na língua passa primeiro pela fala. Por isso, toda língua que não se renovar nas vertentes de suas variações lingüísticas tende a desaparecer.
Que seria da poesia? E que seria da charge se “a língua não nos permitisse usar noções exatas de certos termos e fazer interpretações diferentes desses mesmos termos?” (ALTINO, 2006) Essa flexibilidade da língua é que nos permite analisar a expressão: “não entra nessa que é fria”, extrair dela mais de um significado e perceber a relação entre a charge e o “Samba do Arnesto”, pois, sendo Adoniran Barbosa e Aloncin moradores de uma favela, entraram numa fria quando aceitaram o convite para sambar em um bairro nobre de São Paulo, o Brás. Com essa compreensão, a linguagem utilizada na música revela o grupo social ao qual pertenciam os sambistas e aponta para uma exclusão social: O Arnesto não os recebeu em sua casa.
Assim, podemos pensar na variedade lingüística não como algo que banaliza a língua, mas como uma fonte de recursos para manter viva esta própria língua. A exemplo disso, apresentamos o fragmento abaixo:

A Rio-Bahia era ainda praticamente carroçável e só se encontrava o primeiro palmo de asfalto quando entrava no Estado do Rio. Naqueles idos de sessenta, eu viajava do Piauí a São Paulo, com meu caminhão Chevrolet 1961, novinho em folha. Dava pena botar um carro novo numa estrada tão velha... Depois de vencer um atoleiro após outro, entrei na Bahia e parei o caminhão num desses Postos de Gasolina que oferecem combustível para (re) abastecer o tanque do caminhão e do motorista. Quando já estava na cabine para (re)tomar a estrada, um “frangote” de uns 15 a 16 anos, subiu no estribo e me perguntou: “Moço, você pode me dar um bigu até Carrapichel? É você sozinho, perguntei-lhe. “É,é só eu e um boca-pio!” – Se esse boca-pio não morder... e o rapaz apanhando um surrão de palha, subiu na carroceria..."

LIMA, Adalberto, SILVA, Francisco de Assis et al. O Brasil nosso de cada dia, p.42







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