No princípio de tudo havia o Xampu e tudo era limpo e quimicamente vazio, nada de exterior a limpeza existia, consoante a solidão do Xampu. O Xampu resolveu tirar de si uma companheira com seu mesmo formato, sua mesma substancia equitativa, sua mesma textura existencial e num ato de limpeza interior tirou de si a Água. A Água era pura, cristalina, insípida, inodora, inorgànica e perfeita, segundo a concepção do Xampu acima de tudo a Água era limpa, doce, saudável. Ela transparecia ao Xampu como ele mesmo o era.
Mas a Água em uns instantes, de trilhões de anos luz, se condensou e dessa condensação ela criou um minúsculo cisco, um grão de sujeira no imenso vazio da limpeza eterna, mudou tudo no vazio da limpeza atemporal.
Vendo aquilo a Xampu achou-se em felicidade, a pequena sujeira deveria ser limpa, e seu papel como a Água seria realizado. E o Xampu disse à Água: "Façamos a primeira limpeza". E dessa limpeza o Xampu junto com o cisco foi lavado pela Água e nesse mesclar formou-se o céu, as estrelas, a luz, o tempo, todo o universo e suas partículas misteriosas que quebram a cabeça dos físicos. E eles viram que a limpeza era boa. Foi-se a primeira limpeza.
Mas a sujeira persistiu e a Água deu-se a se misturar ao Xampu novamente e o Xampu dis-se à Água: "Façamos a segunda limpeza". Num leve agir formou-se uma bolha de espuma que em meio a primeira limpeza formou-se a terra com o mar, os campos, as montanhas, os vales e tudo que se tem num planeta como a Terra. E eles viram que a segunda limpeza era boa. Foi-se a segunda limpeza.
Ao formar a Terra, decorrente da segunda limpeza, eles tiveram inspiração de formar outras bolhas que supostamente habitariam a grande bolha. E o Xampu disse à Água: "Façamos a terceira limpeza". Puseram-se a fazer outra limpeza. A Água e Xampu se misturam e lavaram o que estava limpo e criou-se outras bolhas formadoras dos seres orgànicos, plantas, animais, vírus, bactérias, algas, protozoários e mais alguns seres invisíveis a olho nu. E eles viram que a terceira limpeza era boa. Foi-se a terceira limpeza.
Logo após a terceira limpeza a sujeira persistiu em continuar, um cisco chato que não saia do lugar, a Água com o Xampu teve a idéia de jogar este cisco no novo ambiente que eles haviam criado. E o Xampu disse à Água: "Façamos a quarta limpeza". Então eles pegaram o cisco, num ato sublime de limpeza, e o jogou todo seboso lá, e disso resultou na criação do homem com suas limpas sujeiras e com suas limpezas sujas. E eles viram que a quarta limpeza era boa. Foi-se a quarta limpeza.
