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Artigos-->Escolas de outro mundo -- 06/07/2007 - 19:47 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vamos criar dois mundos paralelos. No primeiro, as pessoas produtivas precisam cuidar da sobrevivência em seus mínimos detalhes. É um mundo regido pelo resultado: só ganha dinheiro quem produz algo de valor. Há prazos para cumprir, responsabilidades para honrar, tarefas para fazer. Quem mantém seus compromissos em dia pode nunca ser premiado por isso, pois não faz mais que a obrigação. Conseguir reconhecimento e sucesso é resultado de anos de disciplina, planejamento e desempenho acima da média. Já os que tentam fugir dos compromissos com artifícios vários – esperteza, preguiça, desonestidade – é punido com baixos salários, demissão, falta de emprego e ostracismo. O erro é até tolerado como forma de aprendizado, mas aquele que aprende com os erros dos outros é mais valorizado que o outro que aprende com os próprios erros. Aqui, errar é humano. Uma vez. O segundo erro pode ser fatal. Não há formas muito leves e rápidas de se recuperar de um deslize, e mesmo os arrependidos, por mais sinceros e dedicados que sejam, podem nunca mais encontrar espaço neste mundo.

Já o segundo mundo é baseado na tolerância vasta. A disciplina é rara e os objetivos de cada indivíduo não são muito claros, o que torna o cumprimento de metas coletivas bem difícil. Muitos não sabem nem quais são as tarefas a cumprir e conhecem muito pouco sobre as responsabilidades que deveriam ter assumido. Aqueles que levam a vida com alguma seriedade são atrapalhados pelos que não estão nem aí, nem aqui, nem lá, nem cá, muito pelo contrário. As punições são brandas para quem não cumpre prazos ou não realiza o trabalho devido. Apenas os mais rebeldes são advertidos uma vez, advertidos duas vezes, suspensos uma vez, suspensos duas vezes e, quem sabe então, convidados a se retirar. Há inúmeras chances de remissão caso haja um deslize, o que acontece sempre com a grande maioria. Recuperações bimestrais, diminuição das exigências, pontos extras são maneiras de impedir que os habitantes deste mundo sintam o peso das próprias ações sobre suas vidas. Este é um mundo que premia o baixo desempenho com aprovações automáticas ou decididas por conselhos de sábios.

O primeiro mundo é o mercado. O segundo é a escola. O problema é que, fora dos limites deste texto, eles não são paralelos. Na vida real, o habitante do mundo da escola é jogado sem aviso no mundo do mercado e percebe como a vida de estudante é uma fantasia do tipo “eu era feliz, e não sabia”. Depois de formado, nunca mais o ex-aluno, agora “prefissional”, verá uma prova substitutiva, ou um exame final de recuperação, ou um trabalho em grupo para melhorar seu desempenho. Não há, nas empresas, a mínima complacência com indolentes, insolentes e incompetentes. Quem não produz, não cumpre os prazos e não age com seriedade não ganha pontos em nenhum conselho de classes nem fica de dependência. Ganha o olho-da-rua.

A diferença entre os dois mundos parece muito nítida. Apesar disso, o aluno segue exigindo mais facilidades; os pais continuam querendo que os filhos sejam aprovados a qualquer custo, para não “atrasar” a vida e o orçamento da família; as escolas se mantêm escravas de uma educação pseudolibertária, baseada muito mais na frouxidão pedagógica que em valores éticos sempre necessários. O que se tem, então, é um ensino que não impõe limites e não estabelece normas, um aluno que não estuda e não está preocupado com isso, um pai que, diante de uma reprovação, entra com recursos nas delegacias de ensino, uma aprovação que vem a fórceps e várias estatísticas que são coisa de outro mundo. Aprovação na escola e bomba no mercado de trabalho.

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