O deus de mármore partido
restava nos jardins
e sangrava.
Sangrava no ventre,
sangrava no tempo,
na imaginação
e na partida.
Sua palidez nívea
avançava pela grama, pelo espaço
para o alto,
convergindo para si
um redemoinho de diálogos.
Imóvel e branco,
um sangue eterno
coagulava seus olhos
brancos.
Exangue,
no exíguo espaço corporal,
descrevia em sua branca presença
a solidez do rochedo,
cristalizando ruínas adormecidas,
veiculando
em seu petrificado porte
a divina pureza de um olímpico.
Carlos de Hollanda |