Que conta darás à Arte de teus poderes?
O que não fizeram
tuas mãos
com o sono do barro,
com a dormência das palavras,
com o desvario dos sons,
com o torpor das cores,
com tudo...
Contudo sonhas
e existe o trágico direito à inércia.
No tempo do nada
relevavas
a carne da terra
na escultura gerada
por teus dedos.;
observavas a infância da terra
e, criando,
vivias a parte tua no sonho.
E veio tua noite,
teu sono.;
mas ainda te deram o sonho
e uma possível vontade.
No entanto,
e ainda assim,
apostolavas a fuga,
tua queda.
Mas que conta darás à Arte
do que ela te deu,
tua herança:
palavras,
a plasticidade do barro,
mármores, cores e sons infindos,
essências e aparências?
Porque o dia virá...
Carlos de Hollanda |