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Artigos-->A papelada fajuta de Renan Calheiros -- 31/07/2007 - 11:43 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A papelada fajuta de Renan Calheiros



Revista Veja, 1/8/2007, pg. 74 a 76



O senador Renan Calheiros apostava que o recesso parlamentar abrandaria a crise política em que ele está mergulhado há dois meses. Imaginava que, passando algumas semanas longe dos holofotes, ganharia forças para tentar sobreviver à suspeita de que teve contas pessoais pagas por um lobista de empreiteira. A estratégia não deu certo. Na semana passada, a Polícia Federal iniciou a perícia nos documentos que Renan entregou ao Conselho de Ética do Senado. São recibos, notas fiscais e guias de trânsito animal (GTAs) apresentados pelo senador com os quais ele tenta comprovar que não precisava se socorrer de recursos do lobista. Renan, um ex-vendedor de chinelo que tinha um carro velho quando entrou na política, garante que juntou uma pequena fortuna vendendo bois. Antes mesmo do início da perícia, o papelório já começou a produzir desdobramentos comprometedores para o senador. Técnicos do Conselho de Ética que analisaram o material comprovaram que duas empresas que teriam comprado gado de Renan simplesmente não existem. "Se técnicos do próprio Senado atestam que o presidente vendeu bois para empresas de fachada, a situação dele fica ainda mais complicada", afirma o senador Pedro Simon (PMDB-RS), colega de partido de Renan.



Poucas coisas podem ser mais dramáticas para um acusado do que o momento em que sua defesa, em vez de dissipar suspeitas, acaba por incriminá-lo. Pilhado em situação de flagrante promiscuidade, Renan confirmou que o lobista pagava suas despesas, mas garantiu que o dinheiro era seu, como se isso eliminasse o problema. O senador exibiu os comprovantes de venda de bois depois que VEJA revelou que a jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha do senador, recebeu das mãos do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, uma pensão mensal de 12.000 reais entre 2004 e 2005. A quantia era entregue em dinheiro vivo dentro de envelopes timbrados da empreiteira. Com os documentos, o senador pretendia mostrar que tinha condições financeiras de arcar com os pagamentos da pensão. O problema é que algumas das empresas com as quais ele diz ter feito negócios nem sequer existiam. Uma reportagem da Rede Globo já havia revelado a fraude, que foi confirmada pelos técnicos do Senado. A pedido do Conselho de Ética, a Polícia Federal está realizando uma auditoria em toda a documentação apresentada pelo senador. Se o laudo da PF reafirmar que a defesa do senador utilizou recibos de empresas fajutas, como parece evidente, tudo leva a crer que Renan será ejetado da cadeira de presidente e poderá, inclusive, ter o mandato cassado.



Já prevendo as conclusões – óbvias – da Polícia Federal, Renan Calheiros prepara uma nova versão para tentar convencer os colegas de Parlamento da origem de seus fantásticos rendimentos agropecuários. Segundo o senador, devem-se esquecer os tais recibos falsos e as tais empresas que não existem. Todos os negócios, jurará de pés juntos, foram realizados com um único frigorífico de Alagoas, chamado Mafrial. Agora, se o Mafrial usou empresas de fachada nessas transações, é um problema que não cabe a ele, Renan, responder. Conveniente. O que o presidente do Congresso não diz é que, entre toda a documentação que entregou ao Conselho de Ética, não há um único papel que ateste sua relação comercial com o tal frigorífico. Todas as supostas vendas de gado, de acordo com as notas fiscais exibidas pelo senador, foram feitas para açougues da periferia de Maceió. Procurada, a dona do frigorífico Mafrial, Zoraide Beltrão, não retornou as ligações de VEJA. Em declarações anteriores, a empresária negou ter feito negócios com o senador. O Mafrial, aliás, recebeu no ano passado a visita de dois agentes da Polícia Federal. Eles investigavam o deputado federal Augusto Farias, irmão do ex-tesoureiro PC Farias e na época sem mandato, em uma operação de suposta lavagem de dinheiro. A PF suspeita que Farias tenha usado o Mafrial para justificar a origem de dinheiro ilícito. Assim como Renan, Augusto Farias também experimentou momentos de bonança com negócios agropecuários em Alagoas.



Na semana passada, depois de dois meses sem visitar sua base eleitoral, Renan Calheiros finalmente apareceu em Alagoas, estado que o elegeu senador em 2002 com 800.000 votos, mais de 40% do total. Chegou a tempo de acompanhar de perto a movimentação de cerca de 400 famílias ligadas ao Movimento dos Sem Terra (MST) e a duas de suas dissidências mais raivosas, o Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) e o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL). Elas invadiram uma fazenda do deputado federal Olavo Calheiros, irmão de Renan, mataram quinze bois para fazer churrasco e tinham planos de invadir fazendas do próprio Renan, vizinhas à propriedade do irmão. Olavo, cujo patrimônio declarado saltou de 100.000 reais para 4 milhões nos últimos oito anos, é suspeito de corrupção e de grilagem de terras na região de Murici, berço do clã Calheiros. A invasão, justificada pelos líderes como um protesto contra a grilagem de terras e a corrupção, tirou Renan do sério. Em seis entrevistas a emissoras de televisão e rádio controladas por aliados, duas delas em programas policiais de Alagoas, Renan disse que só sai do cargo enforcado ou queimado. "Vão ter de sacrificar o presidente do Senado. Mas vão ter de assumir a responsabilidade, que é sujar as mãos de sangue", disse Renan. "Vou resistir até o fim." A contagem regressiva já começou.





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