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Artigos-->Pan, Pan, Pan...Pum! -- 10/08/2007 - 15:27 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A seleção feminina de vôlei vencia a partida com certa tranqüilidade e parecia exato que a medalha de ouro no Pan seria brasileira . As adversárias cubanas tornavam a perspectiva ainda mais saborosa com pitadas de provocações descaradas. A torcida esquecia os bons modos olímpicos: vaias para os bloqueios das meninas de Fidel, festa a cada saque nosso. O locutor na TV já comemorava, quando, de repente, Pan, Pan, Pan...Pum! A partida foi para o Tie Break. As cubanas ganharam por 3 a 2. Quase, mas quase, o Brasil leva o ouro. História velha de um Pan Americano cheio de polêmicas já muito debatidas por todos.

Retomo o fracasso do vôlei para tentar sondar um traço que, sem qualificação de psicanalista, creio fazer parte da psique do Brasil, se é que nações têm isso. Trata-se exatamente do efeito Pan, Pan, Pan...Pum! ocorrido nas disputas das meninas do vôlei, dos meninos do futebol, das meninas do basquete, da menina da ginástica. É um fenômeno que alcança outros esportistas, como Rubens Barrichelo ou Felipe Massa, mas que extrapola as pistas, quadras e campos.

O Pan, Pan, Pan...Pum! é um companheiro nosso do dia-a-dia, presente em muitas frustrações. Diferente do Pan, Pan, Pan, Pan!, som mais redondinho, mais completo, mais adequado ao êxito que ao fracasso, o Pan, Pan, Pan...Pum! é a vinhetinha do quase, da derrota. Não da derrota decorrente da luta, vendida por preço alto ao nosso oponente, seja ele um cubano, uma prova ou uma entrevista de emprego. Esta derrota é a cheia de honra, tão valorosa quanto a vitória e até mais rica em aprendizados possíveis. Só recebe o nome derrota por falta de léxico mais adequado. No fundo, é vitória. Já o Pan, Pan, Pan...Pum! é o tema do fracasso causado pela certeza do fracasso.

Os brasileiros temos esse DNA do perdedor. Entramos em campo, quadra, pista, palco, sala de aula, escritório esperando, mesmo que seja lá no íntimo, uma derrota. Se vencemos, comemoramos não como um resultado esperado, fruto de um trabalho dedicado, mas como um milagre, uma dádiva, uma exceção.

É verdade. Tinha esquecido. O importante é competir. Concordo. Vencer é parte da competição tanto quanto não vencer. O que me parece é que nós colocamos o perder antes do ganhar, como se já entrássemos num projeto tentando escapar da derrota em vez de seguir para a vitória. Há até uma expressão interessante que, vai e volta, ouve-se por aí: “tô correndo atrás do prejuízo”. Poucos são os que perseguem o lucro. Afinal de contas, somos tão pobrezinhos sempre, tão sofridos sempre, tão injustiçados sempre. Quem é coitado, não pode pensar em bons resultados, não pode sonhar com a vitória. E sempre haverá alguém, lá do alto, para passar a mão em nossas cabeças: “Tadinho!”.

Os rostos das jogadoras de vôlei brasileiras transpiravam esse suor judiado que escapa da alma nossa. Mesmo com o placar favorável e o jogo nas mãos, elas pareciam saber – e nós também, o que é pior! – que perderiam. As cubanas, ao contrário, olhando o placar adverso, esfregavam suas certezas de êxito a cada novo ponto. Desconfio do regime político cubano, mas devo reconhecer que eles são Pan, Pan, Pan, Pan.

Enquanto isso, nós aqui, Pan, Pan, Pan...Pum! sempre. Conseguiu um novo emprego, mas não aceitou por medo? Pan, Pan, Pan...Pum! Alguém morre de amores por você, mas o que os outros vão pensar? Pan, Pan, Pan...Pum! Ganhou um aumento, mas se sente culpado? Pan, Pan, Pan...Pum! Pensou em fazer uma faculdade, mas o vestibular é difícil? Pan, Pan, Pan...Pum! Sabia a resposta para aquela pergunta que mudaria sua vida, mas perdeu a voz na hora de falar? Pan, Pan, Pan...Pum! É...Pan, Pan, Pan...Pum! é meio de vida.

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