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Poesias-->Cotidiano. -- 18/06/2000 - 01:13 (Murilo Luiz Cardoso) |
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No dia, antepondo-se o poeta à página em branco
Onde relutam em grilhões os versos em suas formas
Ele as resume em insolências ao real
E as talha na rocha fria e desprotegida.; não está correto!
E persiste em burilar aquela forma desta maneira tão rude
__ E a página em branco continua em branco__
Mas ele nem percebe o que faz, ou o que desfaz
No tempo vazio, no espaço sórdido, incompreensível
Ele vê na rocha formas descoesas
E as faz, e desfaz
E diz, e desdiz
__E a página em branco continua em branco__
Expressa suas paixões livremente em espaço insustentável
Sem permitir ou omitir forma alguma
Em absoluto torpor, absorto em seu sonho
E talha e burila e lixa e adorna
Sem estar provido de recurso nenhum, tolo
__E a página em branco continua em branco__
Mas ele quer ser abstrato, senil!
E molda e solda e sofre e dobra
Obstinado em sua obra, seu capital obsoleto
Suave ao toque dos fios da razão e seus chavões de frases feitas
Sob ética e moral de um mundo de matemática natural
E homens irracionais... E ele sente o turbilhão de imagens na mente
Talvez lixe demais.
__E a página em branco, então pátina visão__
Tendo esse anseio insolúvel, o poeta chora em sua esparzia
Que faze-o sentir-se, em fim, uma personalidade borrada nos espaços do papel
Absorto em sua obstinação poética
Caótica
Cria e destrói tudo a um toque que flamba
O reflexo do crepúsculo numa obra está sempre pronta...
Nem sempre à vista d’outros olhos
Mas sempre viva em algum lugar dentro de si.
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