ESTADO DE COMA
Eu já vi matuto trabaiá
Em tudo que é profissão,
Servente, pedreiro, peão
Garçom, barmam, churrasqueiro,
Agricultor, pintor, faxineiro,
Poeta, traficante, ladrão,
Padeiro, forrozeiro e cafetão;
Mais um matuto, enfermeiro?
Eu nunca tinha visto não.
Mané tinha arranjado
Através de um doutor
Que do hospital, era diretor,
Um emprego de enfermeiro,
Pensando em ganhar dinheiro
Ingressou na profissão
Sem de nada entender,
Se deu mal, por ter comido
O que não podia comer;
Inté que um dia na prisão
Fui visitar em silêncio
Meu primo Mané Putêncio
Sem saber qual a razão
De sua condenação;
Foi quando ele me pediu
Para ir atrás dum adevogado
Que defendesse um tarado,
Nome pelo qual
Os policial federal
Tinham lhe acusado;
É, que no dito hospital,
Pelo destino do mundo
Tinha uma mulher, que há dez ano
Estava em coma, profundo,
Mané no primeiro dia
Praticou uma insensatez,
A mulher ficou buchuda;
Descoberto após três mês
A confusão foi formada,
As enfermeira ficaram intrigada
Pensavam inté que era milagre
E Mané num falava nada;
Todos queriam entender
Como é que uma mulher
Sem poder nem se mexer
Engravida, pega um bucho
Sem um culpado aparecer,
Então o exame de “D.N.A”
Foram obrigados a fazer;
Foi ai que Mané Putêncio,
Não agüentando mais a pressão
Quebrou o seu silêncio
Fazendo a confissão
Dizendo aos policiais,
Que foi tudo sem intenção
E pediu pra se defender,
Contando a sua versão;
e foi dizendo:
Doutor, o que se assucedeu,
Foi que as regras eu fui seguir,
Quando com os remédio
Fui entrar na “U.T.I.”
Olhando nas prancheta
Das doença os nome,
Quando pneumonia eu vi,
Peguei o remédio e tome,
Inté do coração tinha
Um danado do homem,
O comprimido eu enfiei
De goela abaixo e disse tome,
Quando cheguei na mulher
Na praça só tinha um nome,
Tava escrito “COMA”
Eu só segui a regra
Botei a madeira pra fora e tome.
AUTOR: ROSSINI MACEDO/TONHO DOS COUROS
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