Anáfora (*)
ANÁFORA. [Do gr. “anphorá”, pelo lat. “anaphora”.] Repetição de uma ou mais palavras no princípio de duas ou mais frases, de membros de mesma frase, ou de dois ou mais versos; epanáfora. Ex.: “ela não sente, ela não ouve, avança! avança!” (Fialho d’ Almeida, “O País das Uvas”, pág. 94); Era o concurso. Era a viagem. Eram os quinhentos.” (José Carlos Cavalcanti Borges, “O Assassino”, pág. 35). “Depois o areal extenso... / Depois o oceano de pó.../ Depois no horizonte imenso/ Desertos... desertos só....” (Castro Alves, Obra Completa, pág. 282); “Quase tu mataste,/ Quase te mataste,/ Quase te mataram!” (Manuel Bandeira, “Estrela da Vida Inteira”, pág. 244).
Em gramática, ANÁFORA é a referência, mediante o uso de pronome, a um ternte o uso de pronome, a um termo já enunciado: “Compareceram Pedro e João; este o irmão da noiva, aquele o seu primo.” (**)
Outras:
Concatenação
Consiste em iniciar-se cada um dos membros da frase com a última palavra do membro anterior. Exemplo: O mau-humor produz a "impaciência"; da "impaciência" nasce a "cólera"; da "cólera", a "violência"; e a "violência" conduz ao crime.
Conversão
Repetição simétrica, com os termos invertidos. Exemplo:
"Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha..." (Olavo Bilac)
Diácope [Do gr. "diákopé", pelo lat. tard. "diacope".]Figura pela qual se repele uma paavra, pondo outra de permeio. Exemplo:
"Dargo, o valente Dargo, a quem na gerra
ninguém nunca jamais não viu as costas" (Almeida Garret, "Obras Completas", I, p. 143). (**)
Epístrofe
Repetição da mesma palavra no fim de cada um dos membros da frase. Exemplos:
1. Parece que eles vieram ao mundo para ser "ladrões"; nascem de pas "ladrões", criam-se em meio a "ladrões", morrem "ladrões"
2. "Gastos larghos esperanças do mundo largas , vaidades largas , consciências largas , com apertos e estreitezas se hão de castigar." (Heitor Pinto)
Simploce
Repetição da mesma palavra no começo e no fim de cada um dos membros da frase.
Exemplo: "Hoje", não quero pensar senão na arte "nova"; "hoje", não me agrada cantar senão a canção "nova".
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(*) Rocha Lima, "Gramática Normativa da Língua Portuguesa", 31.ª ed., Rio de Janeiro, Editora José Olympio, pp. 514 e 515.
(**)FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, "Novo Aurélio, Século XXI, 3ª ed., Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1999, pp. 129 e 674.
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(*) Brasília, DF, 14/02/1992. |