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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->METRÓPOLIS -- 19/12/2002 - 02:35 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Descobertas que já não são mais descobertas
De Helene Paul
Trad.: zé pedro antunes


Na época, foi um duro fracasso. Com esse filme, a Ufa [a "fábrica de sonhos" do cinema expressionista, anos 20] deve ter enterrado cerca de quatro milhões de marcos [Reichsmark]. Hoje, 74 anos depois da estréia, que se deu no dia 10 de janeiro de 1927, sabemos que "Metrópolis" de Fritz Lang foi na verdade a mais bem sucedida produção cinematográfica jamais realizada na Alemanha.

Nenhum outro filme alemão, nem sequer o "Nosferatu" de Murnau influenciou com tal intensidade a história do cinema. Nenhum outro - aberta ou veladamente - foi citado tantas vezes.

A paisagem urbana artificial, crescida em direção ao firmamento, e o reino subterrâneo das sombras - entre eles o mundo da máquina -, as visões de templos pagãos ou a torre de Babel em Babelsberg [grande estúdio cinematográfico nos arredores de Berlim], há décadas vêm sendo usados por diretores americanos como relíquias preciosas.

Steven Spielberg, em suas histórias de Indiana Jones, serviu-se de diversas maneiras dos tesouros de "Metrópolis". Em "Guerra das Estrelas" de George Lucas ou em "Batman: o retorno" de Tim Burton, vêem-se imagens e motivos extraídos de "Metrópolis".

O filme tornou-se a pedreira onde a pós-modernidade recolhe seus cacos. E este destino tem uma certa lógica. O próprio "Metrópolis" já não passava de uma colagem de cacos das mais diversas procedências: fragmentos de mitos, motivos dos contos de fada, referências bíblicas, empréstimos de esboços futuristas da literatura de entretenimento contemporânea. Nele, juntam-se os elementos do cinema do expressionismo alemão para contar uma história.

Já entre os críticos presentes à estréia, o roteiro se via como um desafio provocador. Os críticos buscaram estímulo sobretudo na mensagem ingênua do coração, que deve servir de mediador entre o cérebro e as mãos. Cegos, entretanto, estavam longe de sê-lo os céticos de então; muitas das críticas traduziam a convição de que uma tal história não teria merecido tamanha riqueza visual como a do filme feito por Fritz Lang.

No entanto, até hoje, nunca deixaram de interpretá-lo furiosamente. "Metrópolis" foi atacado tanto por tendências bolchevistas como nacionalsocialistas. E mesmo, com os métodos da psicanálise, descobriu-se no filme a história de um complexo de Édipo.

Enquanto isso, o abismo entre a ingênua história de amor particular e o trivialmente utópico esboço do mundo, nem mesmo os apologetas conseguiram criar um ponte para que pudéssemos transpô-lo — mesmo quando Freder, o filho do Senhor de Metrópolis, e Maria, a líder dos trabalhadores do subsolo, acabam formando um casal, estendendo a mão a empresários e trabalhadores.

Talvez não estivesse absolutamente errado Giorgio Moroder, quando, em 1984, com sua versão pessoal e só mesmo incômoda para os puristas incorrigíveis, contribuiu para um surpreendente renascimento de "Metrópolis" como evento pop. Presume-se que nunca mais existirá uma versão integral do filme, uma espécie de "director s cut" [montagem do diretor].

Quando chegou aos cinemas alemães fora de Berlim, em agosto de 1927, a distribuidora já o havia cortado o filme em um quarto de sua duração. Mais curta ainda foi a versão que tivera prémière em Nova Iorque em março de 1927.

Em busca do material perdido, os historiadores do cinema por muito tempo empreenderam todos os esforços imagináveis, porém sem achados decisivos. É assim que mesmo a descoberta dos letreiros que se projetavam entre as seqüências de imagens e o rastreamento de melhor material, ainda que conhecido, já passam a ser valorizados como pequena sensação e, agora, festejados no Festival de Berlim como acontecimento cinematográfico.

Agora que os filmes se tornaram ilimitadamente disponíveis em vídeo, DVD e outros suportes de imagens, e que qualquer projeto cinematográfico, por precária que seja a sua produção, pressupõe um "making of", nestes nossos tempos tantas vezes depreciados, pode-se falar numa vantagem inegável: não haverá mais um caso como "Metrópolis". E não foi um caso isolado. Se, na estréia em 1927, em segredo e sem permissão um único espectador tivesse feito uma cópia em microfilme diretamente da tela, hoje esse material teria, com toda certeza, um valor difícil de ser avaliado.
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