OS NOVENTA DO MEU PAI
HOJE, dia da pátria, meu pai faria 90 anos. Comerciante, nascido em Feira Nova, zona da mata do estado de Pernambuco, morreu aos 57 anos de AVC, no dia 09 de abril de 1975. Estava muito gordo quando morreu e me deixou como herança, sua hipertensão arterial, mas, em compensação, um caráter sólido, honestidade até a medula e bom pagador de impostos. Em 1963, quando ganhei um prêmio nacional de música em São Paulo, ele havia demitido um funcionário de seu restaurante. Ele ficava no centro da cidade do Recife, na hoje Av. Dantas Barreto, centro nervoso dos negócios e do comércio local. Ajudei-o a pagar a indenização do referido cozinheiro e não fiz mais do que minha obrigação. Eu o amava muito e ele a mim. Orgulhava-se dos filhos que teve, apenas dois, sendo que meu irmão, desafortunadamente, viria a morrer neste século, no dia 27 de outubro de 2002. Com minha mãe morta em 1987, resto apenas eu, um homem de mais de 60 anos, condenado a ser feliz. Hoje, quando se comemora a dita independência do Brasil, lembro-me do meu pai, um bom garfo, um bom copo e um simples homem do interior. Saudades. |