Usina de Letras
Usina de Letras
212 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140785)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Textos_Religiosos-->O OLHAR -- 14/06/2016 - 19:59 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A família se retira. Examino melhor o motorneiro de pedra. Alguém aceitou ser o modelo daquela estátua. Um dia o motorneiro não foi pedra. Talvez tenha sido uma fotografia amarelada. Terminou aqui totalmente desconhecido. O percurso inverso é possível. O boneco mantém o silêncio. Chegando perto pode ser gente novamente. Nesse instante pode ser gente. Chego perto. O motorneiro de pedra olha o indefinido e estanca. Volta a observar e o que vê retorna. Ele está dentro de um dilema. Tornou-se um tipo de cadáver atormentado por uma questão que o mantém de olhos abertos. O mundo possui um valor que justificasse a sua saída da pedra? O motorneiro não me responde, mas o instante em que o encarei, a pedra, o micro - segundo, se junta ao momento daquela família que fotografou o bonde. Este último momento se une a luminária da avenida, à buzina de um automóvel, à mulher que puxa as cortinas da sua janela e a ventania que levanta os cabelos daquela adolescente. O meu exame captura também o homem que ajeita a antena e o menino que reclama do gosto da alface enquanto um velho entra em seu apartamento sem usar a chave porque esqueceu a porta aberta.



As imagens se juntam: a buzina do automóvel é acionada quando a mulher abre as janelas. O vento passa. O ancião ajeita a roupa do menino para um outro jogar a alface pela janela. O reflexo da luminária esmaga a lataria dos automóveis. Uma mulher cospe no pai. Tudo são alfaces no meio das avenidas.



Alguém morre neste instante. O médico dirige-se ao pai e avisa “Seu filho morreu” e o pai questiona: “Morreu! De que forma? O que vocês vão fazer agora? Ele morreu e continua a morrer. Ali sobre a maca.”



Se Deus for algum troço seria isto? A multiplicação do instante. Aqui e ali. O baque do que acontece. O guarda-chuva aberto no fundo da piscina. O agora que envolveu a todos. Nem antes, nem nunca. Isto é o mais próximo que cheguei da frase: “Livrai-nos de todo o mal, amém!”



TRECHO DO LIVRO "DEUS, A FERIDA E A PERIFERIA" JÁ EXPOSTO NA USINA


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
util - acesso certo Error na query - UPDATE Placartextomes SET mes04 = 1 WHERE codigo = 2444688 and categoria = 'Textos_Religiosos' - Unknown MySQL server host 'usinadeletras.vpshost4958.mysql.dbaas.com.br' (2)
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui