O Sete Pecados Capitais I
A AVAREZA
Apego demasiado e sórdido ao dinheiro;
Mesquinhez, sovinice; Ciúme
Ele era um homem tão ávaro, tão apegado aos bens materiais,
que nem mesmo com ele era capaz de gastar um centavo.
Nunca se casou, para não ter que dividir seus bens, que havia
acumulado ao longo de sua pobre vida, com uma mulher
ou mesmo com seus filhos, que pudesse vir a ter um dia.
Quem o via, pelas ruas da cidade, jurava que se tratava
de uma pessoa muito humilde, sem nenhuma posse.
Um pobre coitado, quase molambento, digno de dó.
Passou a vida inteira, trabalhando para amealhar riquezas
e jamais teve oportunidade de dar-se, sequer, um presente.
Tinha a única e exclusiva preocupação de guardar todo
centavo que entrava em sua carteira. Não gastava nem com comida.
Almoçava no trabalho e levava dois pãezinhos para jantar em casa.
Não se utilizava de Bancos, porque acreditava que Banqueiros eram ladrões
(nisso ele estava certo) e que iriam ficar com todo o seu dinheiro.
Guardava-o em casa, bem escondido, em uma sala fechada
a sete chaves, que construiu, exclusivamente,
para que ninguém tivesse acesso a sua fortuna.
Nunca teve um amor.
Não deu e nem recebeu carinho de ninguém!
Todas as noites, antes de dormir, na mais completa
solidão, ia até a sala do segredo, olhava por horas,
todo aquele dinheiro, e ia dormir feliz!
Graças a Deus!
Ninguém conseguiu descobrir onde ele guardava aquele tesouro!
Os anos se passaram!
Ele, na mais completa solidão e o dinheiro, só aumentando
de volume, na sala, secretamente fechada!
Um dia, ele não apareceu na Serralheria, onde era Sócio.
Dois dias... e nada!
Era muito estranho, partindo de alguém que, aos 70 anos,
jamais havia faltado, um dia sequer, ao trabalho.
Após uma semana, foram procurá-lo em casa, receosos, pois sabiam
de suas várias manias e, uma delas, era não receber visitas.
Ninguém atendeu à porta.
Chamaram a Polícia e a arrombaram!
Ele estava estirado em uma sala, repleta de notas velhas,
bastante desvalorizadas, pois a moeda brasileira havia sofrido
várias modificações, ao longo do tempo...
Mortinho da Silva!
Milla Pereira
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