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Artigos-->A POESIA MAIS FILA DA PUTA DO USINA DE MERDA -- 22/11/2001 - 01:24 (denison) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nu - Poesia concebida por Kilandra e transformada por Denison Borges, sob a autorização da autora.

A idéia de criar um pequeno poema em conjunto comigo partiu dela mesma há mais de um mês atrás e só agora surgiu o texto e a inspiração ideal. Resolvi publicar este nobre texto transformado por mim sem passar pela leitura prévia da esplêndida poetisa, porque eu queria oferecer-lhe esta surpresa como um presente típico de Denison Borges.





__________________________________





Nu

meu corpo nu

Um nu digno de Rembrandt

Qual virgem para sacrifício

Em estado de graça ritualística

Posta deitada e coroada

Sobre relvas sagradas e

Em altares de Baco

Bebida por tua boca feroz

Boca sedenta da minha rubra secreção

Envelhecida em braços de outros

Saboreada em pequenos sorvos

Encharcados em suspiros etílicos

E entre desenfreados goles

Desfaço-me

Dissolvo-me em ti

Meu maluco, bêbado de mim.



___________________________________



Observações de Denison –



Percebe-se que o estilo e o tema são kilandrescos, mas há uma certa perturbação borgesiana que não desequilibra a linguagem, por vezes, agressiva e serpentiante da poetisa paulista.



A textura básica, ora primitiva ( “qual virgem para sacrifício” ), ora clássica ( “em altares de Baco” ) faz desta pequena obra-prima usineira uma obra de ambiguidade universal nunca vista aqui em nosso site.



Em todo o poema há um paralelo entre o corpo feminino da protagonista e o vinho. Note-se, entretanto, que em nenhum momento é citada a palavra “vinho”, que na verdade, é o ingrediente do poema; este é apenas um dos poucos detalhes que faz desta obra uma das mais ricas e inteligentes já criadas para o Usina de Letras.



Note-se também a forma sutil pela qual o poema serpenteia por várias linguagens, concepções, escolas, sem que se perceba nenhuma cicatriz, salvo no final, quando a linha contrastante , completamente desordenada, descontraída, nos faz lembrar a Nona Sinfonia de Beethoven, que começa como uma obra instrumental clássica e finaliza com um coral desconcertante, dando-nos a impressão de uma estátua grega de gesso, cujos pés são coloridos, feitos de um material moderno,criando um contraste quase insuportável, mas essencial para o nosso século...onde se sente desde a cultura barroca ( “Nu...meu corpo nu...digno de Rembrandt” ), passando pela cultura medieval, dando referências à mitologia grega, ao humanismo renascentista, passando pela verve romântica e finalizando de forma inesperada, informal, enfim, contemporânea.



Quando eu digo “envelhecida em braços de outros” além de, naturalmente, fazer uma alusão ao processo de envelhecimento do vinho, há o resgate de um certo estado, típico de Kilandra, de uma entrega volúvel, de uma certa condição de ser meio “puta”, meio aventureira – atitude conquistada, de forma mais efetiva, pela mulher emancipada do século XX, contrariando o estado de virgindade, odiado por Kilandra, ao mesmo tempo, querendo mostrar experiência por parte da mulher – onde a “virgem em sacrifício” torna-se apenas uma sugestão, para dar um tom primitivo e dramático à protagonista, que de virgem não tem absolutamente nada.



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