Quis fazer uma poesia.
Procurei em minhas coisas a minha caneta antiga
Que tantos versos já me apontou,
Que em minhas mãos já rabiscou cantigas,
Que entre meus dedos, pois, tanto versou
Dês de que me veio, presente de um grande amigo
Naquele Natal na praia
Onde eu conheci na areia
Aquela que eu amaria.;
Amaria pra vida inteira.
Quis fazer uma poesia.
Revirei alguns cadernos atrás de uma folha em branco.
Passei por um soneto de Vinícius:
“hei de morrer de amar mais do que pude”,
Passeei por desenhos e canções.
Encontrei o projeto do talude,
Aquele para o pomar
Repleto de macieiras,
E fotos da minha amada.;
Amada pra vida inteira.
Quis fazer uma poesia.
Então, de caneta e papel em branco na mão
Desisti dessa intenção.
A poesia já estava feita.
Rogério Penna
ago. 2002 |