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| Cordel-->DDDDDONNNNNA MMMMMARRRRRIA NNNNNNORRRRRR TTTTISSSSSTTTTA -- 29/01/2003 - 10:06 (Oscar Pedro da Cruz) |
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DDDDDONNNNNA MMMMMARRRRRIA NNNNNORRRRR TTTTTISSSSSTTTTTA
A história em versos de duas amigas
Autor: OSCAR PEDRO DA CRUZ
Severino, o Nitinha
Certo dia lá do norte
Resolveu vir pra São Paulo
Para aqui tentar a sorte.
Arrumou seu bauzinho
Despediu-se da família,
Num caminhão pau-de-araras
Veio buscar novo dia.
Relembrando com saudade
Tudo que deixou pra trás,
Foi morar numa pensão,
Lá pelos lados do Brás.
Não gostando desse bairro,
Foi pra Vila Guilhermina
Morar em quarto e cozinha
Numa casa pequenina.
Trabalhou de marceneiro
Uns dois anos sem parar,
Conseguiu juntar dinheiro
Pra família viajar.
Com o dinheiro que mandou,
Produto de economia,
Vem de lá com seus três filhos
E sua esposa, Maria.
Viajando de avião,
Aqui chegam no aeroporto,
Onde estava o Nitinha
De saudade quase morto.
Não gostando de São Paulo,
A Maria fica triste
Lembrando dos que ficaram
E do sol que lá existe.
Mas ao lado de sua casa,
Existe boa vizinha
Que lhe dá orientação.
Já não fica tão sozinha.
Quantas vezes revoltada,
Quis voltar com a família,
Mas Gabriela, a vizinha,
Demovê-la conseguia.
Dizendo-lhe que em São Paulo
Há mais campo pra viver
E que seus queridos filhos
Alguém um dia podem ser
Foi vista por várias vezes
Numa aflição incontida
Por ter deixado a sua terra,
Chorava arrependida.
Gabriela a consolava,
Sempre tomando partido
Que seu lugar era aqui
Junto dos filhos e marido.
As crianças que eram três,
Não muito desenvolvidas
Nadson, Nadja e Newton
Aos poucos ficam crescidos.
Avizinha pra ajudar
Ela aqui se acostumar
Levava-a pra todo lado
Para coisas arrumar.
Gabriela incutiu
Na cabeça da Maria,
Ser estudo necessário
Pra vencer no dia-a-dia.
Juntamente com a Maria,
Andou sem medir horário
Pra conseguir uma escola
Onde houvesse o primário.
Um foi estudar nas madres,
Outros no Grupo Escolar,
Com as Graças de Gabriela
Todos puderam estudar.
O tempo logo passou
E as amigas se mudaram,
Continuavam mais amigas
Quando ambas se encontravam.
A casa de Gabriela
Veio ao mundo a Greicinha,
Severino foi padrinho
E Maria a madrinha.
Esse acontecimento
Trouxe mais intimidade
Entre as duas famílias,
Com maior fraternidade.
A amizade era tanta
Dessas de fazer inveja,
A ponto de os dois casais
Irem se casar na igreja.
Um testemunhou o outro
No ato do casamento
Ante aos filhos dos casais
E do padre, o sacramento.
As amigas e comadres
Não sabiam o que fazer
Uma querendo ajudar
E a outra agradecer.
Dos três filhos da Maria
Dois ajudavam na feira
Entregando com carrinho
Compras da semana inteira.
Maria, agora comadre,
Chorava sem ter sossego.
Quis tirar os filhos da escola
Para pô-los no emprego.
Gabriela disse não,
Não faça isso, comadre!
Se não sua missão de mãe
Se acaba na metade.
Sacrifique um pouco mais,
Dê futuro a esses meninos,
O estudo vale mais
Do que ganhos pequeninos.
Dizem que os sergipanos
Tem o QI muito bom
Por isso, minha comadre
Aproveite bem o dom.
Depois de ouvir sua amiga,
Quis que fossem eles estudar
Embora com sacrifício
Frutos bons ia esperar
De meninos a rapazes
Homens feitos iam ficando
Do primário ao secundário
Iam agora se formando.
Entraram na Faculdade
Pra cursar o superior,
Enchendo os pais de orgulho
Com o título de doutor.
Logo arranjaram emprego
No trabalho um sucesso.
Ambos foram ser bancários,
Se iniciando o progresso.
Com o dinheiro que ganhavam
Coisas iam adquirindo
Casas, carros e terrenos,
Cada vez mais progredindo.
Com sintomas de hepatite
Já com feições doentia
Conforme passava o tempo
Definhava-se a Maria.
Em que pese o mal hepático,
Abusava da pimenta.
Gabriela advertia
Fígado assim nenhum agüenta.
A família estava bem
Com os filhos já criados
O Nitinha trabalhando
Com seus dias sossegados.
Os meninos se formaram
Em Dr. Economista.
A Nadja não se formou,
Preferiu ser balconista.
O Nadson logo casou-se
E já um filhinho tinha
Que era o orgulho da Maria
E era o xodó do Nitinha.
Ocupavam um bom cargo
Num banco da Capital.
O Newton depois de um tempo
Foi a Fiscal Federal.
Tudo ia muito bem
Mas a comadre Maria
Foi aos poucos se acabando
Quando a internaram um dia
No hospital onde a levaram
O infausto aconteceu
Com o fígado desfeito
Dona Maria morreu.
Foi grande a consternação
De maneira inconformista.
Todos choravam tristemente
O fim de Maria a nortista.
A comadre Gabriela
De todos que mais chorou
Pela falta da amiga
E da irmã que ela arranjou
Agora com a família bem
Com conforto absoluto
Teve que partir pro além
Cobrindo tudo de luto.
Fim
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