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cronicas-->MODERNOSOS -- 10/05/2000 - 22:41 (Mario Galvão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
1o. DE ABRIL DE 1999, QUINTA-FEIRA:(mesa do barzinho da quadra)
"-- Gilseleine, eu lhe reafirmo que tenho certeza que casamento já era! Enquanto união entre pessoas para estabelecerem um desenvolvimento material mútuo, eu até concordaria. Mas, minha cara amiga, quando se trata de amor romàntico, nada supera uma união livre, adulta, baseada mesmo na instabilidade a dois, ou seja, nada de certeza absoluta quanto ao futuro."
"-- Marcelo Lúcio, eu também penso assim. Você sabe, está careca de saber, o quanto as gerações anteriores, nossos pais e avós, sofreram e continuam sofrendo dentro dessa anacrónica instituição, despropositadamente injusta que é o casamento. Vejo com satisfação que a sociedade admite e cada vez mais incentiva uniões baseadas em outros paràmetros que não os tradicionais, traduzidos em valores económicos vis, eivados de puro materialismo. Afinal, já faz tempo que saímos das cavernas, não acha?"
"-- Não acho não, simplesmente, tenho certeza! (ele quase se levanta da cadeira da mesinha do bar)O homem e a mulher não podem ficar atados eternamente a estruturas arcaicas, que lhes impõem obrigação de convivência não calcada na admiração mútua, em laços de fidelidade não oriundos em sentimentos autênticos e profundos, estruturados em uma empatia psicológica e sexual, única capaz de gerar estabilidade na relação a dois. Um pedaço de papel, Gil, um pedaço de papel, não significa nada! O que vale mesmo é uma relação descomprometida."
"-- Pois é o que sempre digo, meu querido, a todas as minhas amigas. Ontem mesmo eu comentava com aquela cronista social, no BierHaus, que não conheço ninguéééémmmm...ninguéééémmm, amarrado por papel que tenha um relacionamento digno deste nome. Todos, sem exceção, vivem às turras, entre quatro paredes, parecendo desejar que o outro morra o mais rápido possível, para ficar com tudo o que é do outro...Um horror" (ela dizia um horror, passando o lencinho na testa umedecida pelo suor que brotava da veemência)
"-- E filhos, então, Gil, e filhos...que coisa mais absurda. Já pensou? Adeus liberdade! E como ficam as esticadas à noite, as viagens. Eu, sinceramente, meu amor, não cheguei à idade madura, solteiro, para isso. Prezo demais meu direito de ir e vir. Afinal está na Constituição, que a nossa geração lutou tanto para fazer valer, não é mesmo?"
"-- É isso mesmo, Malúcio. É isso mesmo, (agora ela se inclinou sobre a mesa, deixando ver que os seios eram graúdos e bicudos) Vida alternativa! Como nós vimos hoje no workshop! Vida alternativa é a solução. Adoro situações fora do gráfico, da mediocridade, do mesmismo. Temos que estar à frente do nosso tempo e ousar. Se não houvesse pessoas como nós, a humanidade ainda estava lutando, vestida de pele de tigre, contra os tiranossauros...é isso aí!"
"-- Meu amor, querida Gil, (ele agora é quem se inclinava para frente) Sabe que eu te adoro, mas adoro mesmo a sua cabecinha aberta, realmente moderna e livre. E sobretudo, inteligente, capaz de gerenciar uma relação expontànea, livre e irresponsável, de momento, sem compromissos maiores com essa sociedade nojenta e hipócrita que sempre nos rodeou..."
1o. DE ABRIL DE 2.000, SÁBADO: (interior da igreja defronte ao barzinho, na mesma quadra)
"-- Você não se esqueceu das alianças, não é Marcelo Lúcio? Afinal, não vamos dar esse vexame nessa igreja tão enfeitada e chique que escolhemos. Fica com os ombros mais retos, querido! Vamos, sorrindo, que os fotógrafos estão nos focalizando agora. Nem quero olhar para trás. A capela está lotada! (inclinando-se no ombro dele) Ah, meu Deus, sabe que é mesmo o que sempre sonhei, Malúcio, meu amor! Eu te amo, querido! Olha mamãe está chorando...Será que ela já entendeu a razão da minha barriga? Eu também estou chorando, e vou borrar a maquiagem...Que coisa terrível! O que minhas amigas não vão dizer!?!"

Mário Galvão é jornalista e profissional de RP
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