Aqui dentro, no meu quarto,
Eu tenho tudo para fazer poesia.
Uma janela, uma ventania.
O trem que faz o último dos barulhos do dia.
Uma porta.
Uma porta aberta.
Talvez o único alerta
Para me fazer parar.
Parar de sonhar,
Parar de brincar,
Parar de pensar.
Mas sem pensar eu não fico.
E o que fazer se quando penso me irrito,
Implico, imito a cena de um capítulo de novela.
Um ato de uma cena de teatro,
Onde me retrato, refrato meu brilho sem cor.
Procuro e não encontro uma resposta.
E não adianta fazer proposta,
Não adianta comprar uma nova aquarela.
Não adianta querer fugir, nem mentir.
Não adianta disser que não adianta.
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