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Poesias-->Coletânea imprevista -- 09/08/2002 - 15:25 (Régis Antônio Coimbra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Coletãnea imprevista

4 a 28 de maio de 2002



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Tudo e vice-versa

4 de maio de 2002



Depois de tudo

nada mais



Enquanto tudo

nada demais



Antes de tudo

nada



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Algo

4 de maio de 2002



Algo teu

encanta-me



Algo diverso teu

diversamente visto

por mim em mutação

encanta-me



Algo teu

penso-me

ofereço-me



-----------------



Uma mulher

4 de maio de 2002



Sou-me o tormento

e delícia central



Causas, místicas, meditação

distraem-me de mim

que me delicio

mas deliciado

temo-me perder



Sei que me perderei e

nessa angústia

já em parte me perco



No que me não perco

atormento-me

e me perco

e me atormento

como uma mulher má

e deliciosa



-----------------



Esperanças

16 de maio de 2002



Se não me pergunto

gosto da vida

mas se me pergunto

não gosto



Se me pergunto mas não reflito

não gosto da vida mas

se reflito concluo que não

gosto gostando de gostar ou não



Quero viver para

continuar querendo

morrer logo



Quero morrer tarde demais

para viver a pertinente dor

dessa persistência inútil



Quero o gozo e o tédio

de gozar demais ou de menos

até querer o oposto do que for



Quero tudo o que sei

que não terei senão migalha

e de tão pequeno e frágil

de certo também acharei demais



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Vagabundo

16 de maio de 2002



Não posso explicar

o quanto quero querer

tudo aquilo que de fato

não quero



Quero tantos resultados

cujas condições não

quero nem suporto



Sou vagabundo

parasita

irresponsável

e impotente



Sei que sou assim

e que não posso querer

ser realmente diferente

no que realmente importa



Posso mudar

mas não me posso mudar

como pude nascer

mas não me escolher



Não pedi para nascer

e não pedi esse vício

de estar-me e vivo

apesar de tudo e de mim



-----------------



Cobiça e admiração

16 de maio de 2002



Prefiro minhas misérias

à riqueza alheia

à qual sou alheio



Cobiço a riqueza ou miséria

alheia a qual não sou alheio

ou não cobiçaria



Mas admiro a estranheza

de tantas pessoas ou assemelhados

que são tão humanas e diversas



Essas que me parecem desumanas

e, não raro, simétrica é

a opinião que me votam ou vetam



-----------------



Eco

16 de maio de 2002



Várias vezes pensei

que já era o momento

de findar meu tempo



Várias vezes senti

que já dissera tudo

e mais um pouco



Várias vezes aspirei

que tudo cessasse

sem maior alarde



Várias vezes senti-me

um eco de mim mesmo

a desonrar-me



E várias vezes acertei nisso

mas fingi mais ou menos bem

que não era bem isso



-----------------



O horrível

16 de maio de 2002



O horrível de ser correspondido

é não corresponder mais

e continuar sendo correspondido

por quem já não corresponde

ao que posso corresponder ou querer



O horrível de ser traído

é ter confiado ou esperado

demais e tolamente



O horrível de trair

é ser honesto consigo

e por isso não poder

mais gostar tanto

de si mesmo



O horrível de ser ético

é não ser bom

senão para si

ou alguma turma



O horrível de ser bom

é ser mau para muitos

e não raro incômodo

demais para si



O horrível de ser justo

é não ser bom ou conveniente

senão para si ou projeto

razoável de si sem ser

mais razoável que

uma matilha de lobos



O horrível de ser honesto

é não poder mentir para si

nem fingir que se não mente

o tempo todo sem saber

que se é horrível e desonesto

irremediavelmente



O bom de tudo isso

é que dá para reclamar

com a desculpa da arte

ou ao menos catarse



Sem poder evitar o inevitável

travo de perceber o ridículo

disso tudo que deploro e amo

como a mim ou meu



-----------------



Desemprego

19 de maio de 2002



A faxineira que herdou

como sua mãe

envelheceu



Começou-a poupando

fazendo por si

o que ela fazia...



Ah... as boas intenções...



Antes que ficasse incapaz

ou se pudesse aposentar

ficou obsoleta



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Velho sensível

23 de maio de 2002



Meu pênis

companheiro quase

centenário não

levanta mais

como eu mas

ainda sente



Coceira, dores, tonturas

sem fim nem remédio

causadas ou prolongadas

por tantos remédios

para nem sei o que



E ainda gosto disso

mais que do passado

ou abismo



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Compaixão

18 de abril de 2002



Todos deveriam cometer

ou pelo menos planejar

e antegozar

crimes hediondos

sangrentos

covardes

frios

perversos



Sem isso

não temos compaixão

nem pelo próximo

nem por nós mesmos

que não somos santos

como alguns deliramos...



-----------------



Asilo

28 de maio de 2002



Ando por lembranças

onde a vida levou-me

qual onda que usei

para voltar à minha terra



Entende-me quem viu

quando a dor passou

ao alívio suceder-se o horror

da falta de atribulações



Reconto-me contos

sem moral ou sentido

que são a moral e o sentido

da vida que ainda vivo e sinto

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