Prefeito critica publicação de notícia
“A liberdade de imprensa não existe sem a liberdade de informação, que não é um direito do jornalista, mas do público”. (Barbosa Lima Sobrinho)
O Jornal de Piracicaba, um respeitável ente de cento e sete anos, publicou matéria em editorial, assinada pela jornalista Antonieta Rosalina da Cunha Losso Pedroso, no sábado, três de novembro último, rebatendo as críticas feitas ao órgão pelo prefeito Barjas Negri.
O político piracicabano teria demonstrado desprazer ao ler a noticia da sua condenação pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
A editorialista afirmava que o jornal até poderia errar, poderia até ser levado ao equívoco, pois nem sempre seria possível o acesso à informação verdadeira, porém esses fenômenos, até o momento da divulgação, não tinham ocorrido.
E como sói acontecer com todo jornal honesto, prosseguia ela, se houvesse mesmo algum equívoco na notícia, haveria a correção imediata.
Na verdade Barjas Negri foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, ao pagamento de multa de 200 Ufesps por ter contratado médicos sem obedecer ao ordenamento legal.
O político justificou seu erro, na defesa que fez, dizendo que não poderia deixar sem atendimento os usuários da saúde pública, por causa da burocracia e toda sua demora.
Barjas Negri (PSDB) teve que desembolsar cerca de R$ 2.800 que correspondiam as 200 Ufesps a R$ 14,23 cada uma, no dia 24 de março de 2.007.
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo baseou sua sentença condenatória nos documentos que constavam dos autos, bem como no fato comprovado, de que o alcaide realmente violentou o artigo 37 da Constituição Federal.
Esse episódio da manifestação negativa do prefeito contra uma notícia que o desagradou, suscita outro problema atual que deve ser ventilado: o da livre manifestação do pensamento garantido pela Constituição da República. Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteira, a liberdade de imprensa no Brasil apresenta apenas problemas consideráveis.
Aos déspotas (Barjas não é déspota!) não interessa a publicidade negativa; a eles interessa também o condicionamento do exercício do jornalismo a curso superior, mesmo que a lei que determina isso confronte a carta magna.
Se estivéssemos na China, Coréia do Norte, Iraque, ou Cuba onde a imprensa não é livre de coerções, os abusos do poder não são denunciados, e onde as autoridades não são vigiadas, com certeza o Jornal de Piracicaba e sua articulista não estariam tão a cômodo para expressar a verdade.
Mas o que pode mesmo nos esperançar é o que já dizia, naquele tempo, o herói da democracia americana Thomas Jefferson (1743-1826): “Onde a imprensa é livre e todos conseguem ler, tudo está seguro”.
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