Valores Vazios
Vivemos a era das futilidades, onde tudo é permitido, onde a beleza dita as regras e o amor deixa muito a desejar. Não buscamos mais a entrega, o aconchego, a carícia interminável.
Transformados em coisas, vivemos um desencantamento generalizado. Já não há mais magia, nem mistério, nem mesmo o doce sabor da espera. Há apenas a previsibilidade inexorável de saber que tudo é possível.
A cultura atual permite que você mude seu rosto, seu corpo, sua personalidade. Fisicamente, você pode ser quem você quiser.
Na era do espetáculo é possível ser burro, fazer sucesso e ser aceito pela sociedade . E ter status social para freqüentar todos os ambientes.
O mundo parece transformado em uma grande orgia. Sensualidade virou sexo explícito com corpos semi-nús e inúmeras bundas oferecidas pelas imagens televisivas, pelos out-doors espalhados pelas ruas das cidades, pelas revistas, tão descartáveis quanto, em sua maioria.
Um turbilhão de euforia ronda corpos e almas numa futilidade insuportável, num infinito vazio perceptível para poucos. Estar do lado de cá, pertencer a geração crítica e culta dos anos 60 nos faz alienados, nos torna diferentes. Aos olhos da geração atual parecemos alienígenas, ultra-
passados e caretas. Foi assim com nossos pais, com nossos avós e assim será em tantas gerações, quantas vierem ao mundo: nossos filhos, nossos netos. O mundo é dos jovens, com seus novos valores, dentro da atual cultura que valoriza o descartável, o previsível, o óbvio. A cultura de massa do mundo globalizado, onde a mesma informação entra em todas as casas, nos mesmos horários, e impõe padrões de comportamento usando o mesmo formato para as diferentes camadas sociais, sem nenhuma preocupação aparente com consequências. |