Usina de Letras
Usina de Letras
148 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10362)

Erótico (13569)

Frases (50614)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Algum Sentido -- 21/03/2002 - 08:31 (Ferdinando Genduso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O relógio bate lentamente. Bate todos os dias, todas as horas, todos os minutos sem parar. As batidas alternam os movimentos do seu corpo, dos meus olhos, das minhas mãos. De repente sinto que estou só, calado e triste. Há muito estou calado. Os ruídos batem em meus ouvidos, na minha cabeça. O rádio, perdido num canto solitário, às vezes me faz companhia, depois me esquece no silêncio. A chuva cai como se não houvesse mais sentido em viver um único momento. Toca as ruas de concreto, as árvores, as casas vazias. Os homens, assim como eu, não sabem nada do que acontece lá fora. Estamos esquecidos no tempo. O tempo me faz lembrar você, que me deixa triste e com pesares. Há muito tempo já não vejo o teu rosto, nem toco a tua pele, perdi até o cheiro do teu corpo. O tempo me arrastou pelo vazio. O vazio me acompanha há dias. Sinto que estou brincando de sentir falta - a tua falta. Não sei aonde você está, nem quando vai voltar. Estou com as mãos atadas, o corpo em lenta movimentação. Mas isso me deixa angustiado. Queria que o mundo não existisse, que o silêncio caísse, que você voltasse. Queria que não existisse nada além de você e eu.
As batidas do relógio se confundem em minha cabeça com as lembranças, o vazio, o sono. Busco em qualquer tempo não te perder de vista, não te perder na lembrança. Estou em luta comigo mesmo. Olho o calendário, as pessoas e não conheço ninguém que me interesse, que me faça sorrir. Nada além do estranho. A boca não gesticula palavras, não ouve nada além do normal. Nada parece ter sentido além do silêncio. No espelho, o teu rosto me confunde. O teu corpo me apunha-la. Estou vazio e calado. Queria ouvir a tua voz, saber do teu mundo, das tuas idéias, das tuas tristezas e alegrias. Mas não há resposta. A tua voz não chega nem mesmo perto de mim. Existe uma longa e interminável barreira que nos separa. Uma barreira que não sei do que é feita. Por que é feita. Apenas sei que ela está lá. Agora estou aqui, sentado, escrevendo essas duras palavras, e nem sei por quê. De repente me distraio. Ouço uma canção que me alegra, depois você me dá um nó na garganta. É a tua falta, a tua distància. Queria que hoje fosse um belo dia de sol. que você estivesse aqui ao meu lado dizendo muitas coisas, que talvez não me interessem, mas que pelo simples fato de você estar ao meu lado já seria suficiente. Queria que você não me esquecesse nunca, dia nenhum da sua vida. Queria que em cada minuto dos seus dias você me reconhecesse nas coisas. Queria que apenas o nosso calor fosse o único companheiro do momento - a nossa arma mortal, o nosso fim do caminho, o único sorriso real. Quando o toque das suas mãos se juntasse com as minhas e ambos pudessem caminhar juntos até o ilimitado durante dias e dias sem parar, até desaparecer no horizonte. Debaixo dos olhares paternos do pai...


FE
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui