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Artigos-->Drogas - Alcoolismo -- 13/11/2007 - 08:15 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






ALCOOLISMO

Edson Pereira Bueno Leal , novembro de 2007 , atualizado em fevereiro de 2013 .













A DROGA LEGALIZADA



O vício do alcoolismo é traiçoeiro pois como se trata de consumo de bebidas ligados à vida social , não apresenta maiores restrições e em geral começa em casa e com a anuência da família , Por isso para os adultos em casa a palavra chave deve ser moderação . Ou seja , os pais devem dar exemplo de quanto e de que maneira eles bebem na presença de seus filhos . Entretanto muitas vezes os pais não tem culpa em relação ao vício pois ele é adquirido pelos jovens nas rodinhas de amigos onde beber representa um gesto de afirmação .

Por outro lado , a grande maioria dos menores abandonados que perambulam pelas grandes cidades é formada por filhos de pais alcoólatras cujas famílias foram destruídas pelo vício .

O vício muda a relação da pessoa com a bebida . Tomada socialmente a bebida está ligada a situações prazeirosas . Porém instalado o vício a situação muda e a relação passa a ser de dependência , algo que deixa de relacionar-se com o prazer, torna-se uma compulsão que destrói o indivíduo aos poucos .

No Brasil não há controle sobre a indústria de bebidas alcoólicas e os preços são baixíssimos com um litro de pinga custando menos de 1 dólar , sendo que nos países desenvolvidos uma garrafa de destilado custa pelo menos 10 dólares . Por outro lado o marketing da indústria do álcool é agressivo e mira principalmente os jovens .



A HEREDITARIEDADE



Pesquisa feita por Ernest Noble , da Universidade Califórnia e Kenneth Blum do Centro de Ciência da Saúde da Universidade do Texas ao estudar cérebros de 70 pessoas , metade delas alcoólatras detectou correlação entre alcoolismo e um gene específico . O gene do receptor D2 de Dopamina é encontrável no cromossomo de número 11 . Ele existe em duas variantes , chamadas alelos . O alelo A1 existe em 25% das pessoas e o A2 em 75% . Quem tem o A1 produz menos receptores D2 do que pessoas que possuem o A2 Se uma pessoa tem menos receptores D2 , ela precisa beber mais para que as células liberem dopamina na quantidade capaz de causar sensação agradável . Dos alcoólatras estudados , 69% tinham o A1 , índice que caiu para 20% entre os não alcoólatras , portanto a presença do alelo A1 pode indicar uma predisposição genética para o alcoolismo . ( F S P , 27.04.1990, p. G-5) .



EFEITOS NOCIVOS À PESSOA



Um estudo publicado pela revista inglesa The Lancet , estabeleceu um ranking das drogas mais nocivas à saúde física e mental . Os critérios utilizados foram três : o grau de danos ao organismo , a capacidade de produzir dependência e o impacto do vício na vida social do indivíduo . O álcool ficou em quarto lugar e em uma escala de 1 a 3 entre nenhum prejuízo e máximo prejuízo ficou em 1,5 em danos ao organismo e em torno de 2,0 nos outros dois quesitos . ( Veja , 23.05.2007 , p. 79) . Ele é uma das drogas mais nocivas pelos graves danos à saúde que resulta depois de muitos anos de consumo .

O álcool é absorvido por via oral na proporção de 4% nas cervejas, 11% nos vinhos e 40 a 50% nos destilados , pinga , uísque .O etanol é metabolizado pelo estômago (20%) , intestino delgado ( 80%) e cólon . Depois é distribuído uniformemente pelos tecidos e líquidos do organismo . Apenas entre 2 a 10% do etanol são eliminados pela urina e pulmões , sendo o resto oxidado pelo fígado .

No cérebro o álcool produz a liberação de dopamina que é responsável pelas sensações de prazer e reduz a quantidade de GABA que é um tranqüilizante produzido pelo cérebro . Com isso o registro na memória da satisfação proporcionada pelo álcool é muitom intenso o que faz com que o cérebro queira repeti-la . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93) .

Segundo o psiquiatra americano George Vaillant, “ o maior dano do alcoolismo é a destruição de famílias inteiras . Para citar só um exemplo : nos Estados Unidos , 50% de todas as crianças atendidas nos serviços psiquiátricos vêm de famílias de alcoólatras . E boa parte dos abusos cometidos contra crianças tem raiz no alcoolismo . Para ele o alcoolismo é uma doença , resultado de um cérebro que perdeu a capacidade de decidir quando começar a beber e quando parar ( Veja, 18.08.1999, p. 11) .

Durante 50 anos , pesquisadores da Universidade de Harvard , acompanharam a vida de 600 homens para identificar as causas do alcoolismo, problema que atinge a 10% da população mundial .. O estudo conclui que “ o alcoolismo , como as demais doenças psiquiátricas , é determinado por um conjunto de fatores genéticos e de condições sociais . Há muitos genes que permitem a alguns indivíduos beber mais que outros sem se sentir mal , sem ter dor de cabeça, sem se tornar viciados . E há muitos outros que contribuem para o alcoolismo . Se seus pais e avós forem alcoólatras , esse é um sinal de alerta ...Mas , se não houver um fato que desencadeie a doença , a pessoa pode passar a vida toda sem ter problemas com álcool .” . Na pesquisa , entre 178 indivíduos sem nenhum parente com história de abuso da bebida , apenas 18 se tornaram dependentes . E, no universo de 71 pessoas que tinham quatro ou mais parentes nessa situação, 25 se tornaram alcoólatras . Das 600 pessoas que foram acompanhadas , 200 tornaram-se alcoólatras . Destas , 80 tiveram uma recuperação estável , das quais 75 com a abstinência e apenas cinco bebem socialmente . Das 120 restantes , oitenta morreram de doenças provocadas pelo álcool . E quarenta continuam vivas e bebendo de maneira alcoólatra . ( Veja, 18.08.1999 , p. 13) .

Artigo do Centre for ADDICTION AND Mental Health , em Toronto , no Canadá , publicado na revista “Lancet”, concluiu que aproximadamente uma em cada 25 mortes em todo o mundo e 5% dos anos vividos com alguma deficiência são atribuídos ao uso do álcool . ( F S P , 26.06.2009, p. C-5) .

Cerca de 60% das mortes dos homens russos com idade entre 15 e 54 anos são causadas pelo consumo excessivo de álcool . ( Veja, 8.7.2009, p. 63).





REDUÇÃO DA AÇÃO DE MEDICAMENTOS



Pode ainda diminuir a atividade de diversos medicamentos como hipoglicemiantes e anticonvulsivos .



TRANSTORNOS DIGESTIVOS



O alcoolismo pode gerar transtornos digestivos – anorexia, intolerância gástrica

O fígado é , por excelência , o órgão de processamento do álcool e, por tanto , o mais prejudicado pelo consumo excessivo da bebida . O álcool produz aumento de triglicérides e colesterol propiciando a esteatose hepática ( fígado gorduroso) . Se a ingestão continuar pode evoluir para Hepatite Alcoólica, com sintomas semelhantes a uma hepatite viral – icterícia , enjôos e distúrbios gástricos .Se não tratada esta lesão evolui para uma Cirrose Hepática que é o endurecimento do fígado que passa a perder a capacidade de exercer suas funções e Hiperlactacidemia que é a redução da capacidade dos rins de excretar o ácido úrico . Em torno de 20% dos alcoólatras acabam sofrendo de cirrose .

O fígado só metaboliza uma dose de álcool por hora , o excesso é despejado na corrente sanguínea , intoxicando outros órgãos . Para os mesmos níveis de ingestão de álcool , o risco de cirrose é 3 vezes maior no sexo feminino do que no masculino . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93) .

No adolescente o fígado ainda não funciona com plena capacidade e quanto mais cedo se começa a beber , maior a chance de desenvolver cirrose na vida adulta . ( Revista Veja, 11.07.2012, p. 80-86).





TRANSTORNOS CARDIOVASCULARES



O cálcio é um potente vasoconstritor . O álcool potencializa a ação do mineral na parede das artérias , o que facilita a hipertensão , um dos principais fatores de risco para infartos e derrames . O álcool l causa ainda taquicardia , miocardite tóxica, dilatação cardíaca , aterosclerose ;

Pesquisadores da Suíça e dos EUA rastrearam 34.715 mulheres de meia idade por mais de 12 anos e concluíram que mulheres que consomem mais de duas doses de álcool por dia têm mais chances de sofrer de fibrilação atrial , um tipo de arritmia cardíaca que aumenta o risco de AVC . ( F s P , 3.12.2008 , p. C-7) .

Como os vasos sanguíneos das mulheres são naturalmente mais estreitos do que os dos homens , o risco de hipertensão e insuficiência cardíaca chega a ser 40% maior . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93).

Nos jovens, como as artérias são mais elásticas, elas tendem a acumular um volume maior de sangue em certos pontos , o que resulta em infartos ainda mais agressivos . O abuso do álcool destrói o tecido muscular, propiciando inflamações e reduzindo a circulação sanguínea . ( Revista Veja, 11.07.2012, p. 80-86).





TRANSTORNOS ENDÓCRINOS



Pode causar impotência , e infertilidade.

Há danos ao fígado principalmente em adolescentes e obesos e no sistema endócrino o consumo de álcool pode baixar os níveis de estrogênio , no caso das meninas adolescentes e os níveis de hormônios luteinizantes e de testosterona nos meninos e as taxas de hormônios de crescimento em ambos os sexos As taxas do hormônio responsável pela calcificação também diminuem , o que elevas as chances de osteoporose na vida adulta . ( Revista Veja, 11.07.2012, p. 80-86).

Segundo o endocrinologista João César Castro Soares do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo , “ bebidas alcoólicas estimulam a produção de insulina , um hormônio que favorece o acúmulo de gordura abdominal” . No caso da cerveja, por ter baixo teor alcoólico , as pessoas tendem a consumi-la em quantidades maiores o que engorda ainda mais . ( Veja, 16.09.2009, p. 168) .





CÃNCER



O hábito da bebida pode levar a um quadro de inflamação celular crônica , facilitando o crescimento desordenado das células . A bebida está associada sobretudo aos cânceres de fígado , estômago , esôfago , pâncreas e mama . Nas mulheres o câncer costuma aparecer cinco anos antes devido a que elas retém maior quantidade de álcool no sangue . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93).

Trabalho , publicado em 3 de março de 2009 no jornal da Associação Americana para Pesquisa do Câncer , apresenta o maior estudo já feito mostrando a relação entre dieta e câncer pancreático . O trabalho é uma revisão de 14 estudos científicos que envolveram 862.664 pessoas .

Os pesquisadores concluiram que o consumo diário de duas ou mais doses de bebida alcoólica aumenta em 22% o risco de câncer de pâncreas . Entre as mulheres o risco cresce a partir de uma dose por dia .

O câncer de pâncreas , um dos mais letais , é a quarta principal causa de morte por câncer no mundo . A sobrevida média , em cinco anos , é de apenas 5% . ( F s P , 4.3.2009, p. C-5) .

Estudo com 3.600 canadenses de 35 a 70 anos concluiu que homens que bebem diariamente tem riscos maiores de desenvolver câncer de esôfago , estômago, cólon , pulmão, pâncreas , fígado e próstata . Não foi encontrada relação com o consumo de vinho . Em geral, os riscos são maiores de acordo com o tempo em que os homens mantém o hábito . ( F s P , 22.08.2009, p. C-6) .

Equipe de doze pesquisadores , dos quais seis brasileiros , coordenada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer em Lyon, França, fizeram o maior estudo sobre câncer ba boca , faringe, laringe e esôfago na América Latina, publicado na revista “Câncer Causes Control”.

O estudo feito com 2.252 pacientes, 1750 do Brasil , 309 da Argentina e 193 de Cuba mostrou que 65% era bebedores e também fumavam . Os 25% que beberam menos ao longo da vida ( de 0,1 a 233,6 g de etanol por ano , sendo que uma lata de cerveja já tem 14 g de etanol) , tinham chance 2,26 vezes mais do que os abstêmios de ter câncer de esôfago . Já os 25% que mais beberam ( mais de 2 kg de álcool por ano ) , aumentavam o risco de desenvolver esse tumor em 9,26 vezes . Dos bebedores de álcool , os que consumiam destilados , tiveram um risco 13 vezes maior de câncer no esôfago . Os pesquisadores descartaram outra causa possível de câncer no grupo estudado , o vírus HPV , pelo baixo nível de infecção presente .

Os dados também indicam que quem parar de fumar e beber , reduz o risco de ter câncer nestas regiões .

Estudo do Icesp ( Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) , com 26,1 mil pacientes , mostra que 11% dos pacientes de câncer ali atendidos , dizem consumir bebidas alcoólicas em excesso .( F S P , 4.8.2011, p. C6 ) .



OSTEOSPOROSE



Com a exposição exagerada e constante ao álcool , as células formadoras de ossos perdem vigor e o esqueleto enfraquece . Mulheres com menos de 60 anos que tomam de duas a seis doses diárias de álcool tem risco 30% maior de fratura do colo do fêmur . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93).

Os adolescentes do sexo masculino apresentam diminuição da densidade mineral óssea



ÁLCOOL E GESTAÇÃO



Filhos de mulheres alcoólatras podem adquirir a síndrome fetal pelo álcool que inclui um , vários ou todos os seguintes efeitos : retardo no desenvolvimento pré ou pós natal; alterações no sistema nervoso central ( podendo levar à deficiência mental de vários graus ) ; dismorfologias faciais características como pequena fissura palpebral e lábio superior fino .

Estudo feito com 4.700 gestantes pela Universidade de Oxford ( Reino Unido ) e publicado no “British Journal of Obstetrics and Gynecologu “ , afirma que beber durante os três primeiros meses de gravidez aumenta a probabilidade de que o nascimento do bebê seja prematuro . ( F S P , 23.01.2009, p. C-5) .



DISFUNÇÃO SEXUAL



Cerca de 50% dos homens e 40% das mulheres acham que as drogas melhoram o desempenho sexual . Em pequenas doses , realmente drogas como o álcool e o cigarro melhoram o desempenho na cama . Porém, o uso freqüente e abusivo começa a provoca alterações na função sexual e a longo prazo traz prejuízos importantes.

Segundo estudo conduzido pela unidade de pesquisa em álcool e droga da Unifesp ( Universidade Federal de São Paulo), cerca de 47% dos dependentes de álcool e outras drogas tem alguma disfunção sexual . Na população em geral este percentual é de 18%, segundo o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro que ouviu mais de 7.000 pessoas em 2004 .

Os principais problemas levantados foram ejaculação precoce ,( 39%), diminuição do desejo sexual ( 19%), dificuldade de ereção ( 12%), retardo na ejaculação ( 8%), e dor durante a relação sexual ( 4%) .

As drogas causam alterações nos neurotransmissores no cérebro, envolvidos no controle da ejaculação . O álcool e a nicotina causam alterações vasculares que dificultam a ereção . A cocaína e maconha , se usadas em altas doses , derrubam a libido . Também esse é o efeito de drogas sintéticas como o ecstasy e o LSD . ( F S P , 2.6.2010, p. C-7) .





DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS





Estudo de Acioly Lacerda da UFESP mostra que ´cérebro de um alcoólatra apresenta atrofia , observada pela dilatação dos ventrículos , pelo estreitamento do corpo caloso e pela redução do hipocampo . O hipocampo é responsável pelo processamento e armazenamento da memória . Os problemas de memória em mulheres , associados à bebida são 30% mais comuns entre as mulheres do que entre os homens ( Veja, 6.12.2006 , p. 99) .

Área do cérebro ligada à concentração e iniciativa , é essencial para o controle do impulso e das conseqüências dos atos . Estudo realizado pela Universidade da Carolina do Norte submeteu ratos ao equivalente a quatro dias de bebedeira e o dano cerebral em cobaias adolescentes foi duas vezes maior que nas adultas . O consumo de álcool ao afetar o lobo frontal pode levar a pessoa a ter dificuldade entre outras coisas de tomar decisões , de definir o que é certo e o que é errado .

Segundo pesquisa publicada no periódico “Alchoolism:Clinial & Experiemntal Research “, conduzida pela Universidade de CAen Basse-Normandie ,a França , que comparou a capacidade de memorização de 28 dependentes de álcool com a de 28 abstêmios , alcoólatras tem déficits de memória e superestimam a própria habilidade de guardar informações( F S P , 3.9.2010, p. C-7) .

Nos jovens , como o cérebro ainda está em formação , as atividades no hipocampo , onde se processam o aprendizado e a memória , diminuem , podendo prejudicar o desenvolvimento dessa área. O álcool causa ainda estragos no córtex pré-frontal , responsável pelo planejamento de longo prazo e o controle das emoções . Estudos indicam que nessa região , a morte de células entre os jovens é o dobro do que ocorre nos adultos . ( Revista Veja, 11.07.2012, p. 80-86).





TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS.



O álcool desregula o equilíbrio de dopamina e de serotonina , substãncias cerebrais associadas às sensações de bem-estar e prazer . No início , a bebida provoca um aumento dos níveis de dopamina e serotonina , mas com o tempo o organismo reduz a produção natural de tais compostos , o que favorece o surgimento de doenças psiquiátricas como delirium tremens , alucinose alcoólica , demência e encefalopatia alcoólica .

A ocorrência de depressão entre as mulheres dependentes de álcool é 30% a 40% maior do que entre os homens na mesma situação . Anorexia e bulimia estão presentes em 15% a 32% das pacientes que abusam de álcool . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93).

Estudo sobre demência foi feito na Wake Forest University, nos EUA , com 3.000 indivíduos com idade acima de 75 anos . As habilidades mentais e memória foram avaliadas a cada seis meses durante seis anos . Aqueles que bebiam um ou dois drinques por dia , incluindo cerveja, vinho ou licor tiveram uma chance 37% menor de ter demência . Já quem ingeria mais de 14 doses semanais teve mais riscos de perda cognitiva . Portanto , o consumo moderado de álcool pode ter um efeito protetor das funções cognitivas . ( F S P , 23.07.2009 p. C-5) .



DEPRESSÃO



Publicado na revista científica Addiction , pesquisa norueguesa avaliou os hábitos alcoólicos de 38.000 pessoas durante duas semanas . Em seguida , foi feito o cruzamento dessas informações com a incidência de sintomas depressivos naquele mesmo grupo de pessoas . A conclusão foi que a probabilidade de alguém que nunca bebe nada sofrer de depressão , é 50% maior do que a de alguém que bebe com moderação . Para os especialistas o efeito benéfico não tem causas fisiológicas , mas comportamentais . Os chamados bebedores moderados tem um estilo de vida que os protege contra a doença . Tem uma rede de relações sociais próximas e se organizam em atividades sociais para as quais a bebida funciona como elemento agregador . Por sua vez, abstêmios experimentam algum tipo de exclusão social .

As investigações sobre os efeitos benéficos da bebida para a saúde da mente são raríssimas , mas os estudos sobre os efeitos deletérios do uso abusivo do álcool são numerosos .Já está bem documentado que, consumido em excesso , o álcool reduz as taxas cerebrais de dopamina, o neurotransmissor associado à sensação de prazer , o que propicia a depressão .( Veja, 21.10.2009, p. 116) .





PROBLEMAS DERMATOLÓGICOS



O álcool desidrata o organismo , diminuindo o vigor das fibras de sustentação e elasticidade da pele , o colágeno e a elastina . No sexo feminino , a probabilidade de aparecimento precoce de rugas decorrente do abuso do álcool é 30% maior do que no masculino . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93).



FASES DA DEPENDÊNCIA



No primeiro estágio, chamado de pré-alcoólico , o dependente tem aumentada sua tolerância em relação á bebida , experimentando uma sensação de euforia e começam as falhas de memória .

No segundo estágio, o prodrômico , o alcoólatra ainda é confundido com o bebedor social . Toma seus tragos ás escondidas e passa por acessos de sentimento de culpa . Aparece a amnésia em relação a fatos ocorridos durante a embriaguez .

No terceiro estágio, chamado de crucial ou crítico , o alcoólatra simplesmente perde o controle sobre a bebida . Afasta-se da família e dos amigos , enfrenta problemas profissionais e econômicos , torna-se agressivo . Todos os reflexos diminuem , o copo e o cigarro nem sempre param nas mãos . Mesmo que não beba pela manhã , podem sobrevir enjôo e insônia .

No quarto estágio , o crônico o alcoólatra refugia-se em bares , bebe em qualquer hora e lugar , mesmo no trabalho . A pessoa reconhece a derrota , torna-se incapaz de cuidar de si mesmo , perde o apetite , surgem complicações mentais e físicas , o rosto apresenta-se congestionado e inchado , os olhos injetados e lacrimejantes . Emotivo, irritadiço , desconfiado e ciumento, o alcoólatra entra facilmente em períodos depressivos . Dorme pouco, acorda deprimido e só se acalma depois do primeiro gole . É nesta fase que costuma surgir o delirium tremens . ( Veja, 21.10.1981, p. 90) .

Estudos clínicos e inquéritos epidemiológicos nos anos 1990 permitiram dividir os dependentes em dois grupos principais :

O primeiro é representado pelos que apresentam grande excitação ao beber .. São aqueles que nas festas estudantis riem, fazem algazarra e se apropriam da palavra . O álcool os torna eufóricos , seguros de si . Costumam apresentar problemas pelo uso excessivo já aos 20 ou 30 anos . Em suas famílias geralmente há outros casos de alcoolismo.

No segundo , estão incluídos os ansiosos , que bebem com a finalidade de aliviar o estresse e a ansiedade . Geralmente começam a beber com moderação a partir dos 30 ou 40 anos e só apresentarão as complicações características do uso excessivo mais tardiamente. “ ( Varella, Drauzio , F S P , 7.6.2008 , p. E-12) .

Estudo da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo , com base nos atendimentos realizados entre janeiro e setembro de 2008 pelo Centro de Referência em Álcool , Tabaco e outras Drogas , no centro de São Paulo , concluiu que a partir dos 34 anos de idade , o alcoolismo passa a se tornar um problema crônico . Segundo o levantamento , 41% dos 285 pacientes diagnosticados como alcoólatras , tinham entre 34 e 44 anos de idade . A maioria deles (89%) , era formada por homens . ( F S P ,Equilíbrio, 30.10.2008, p. 11) .

Estima-se que no Brasil em 2009 haja 12 milhões de homens e 5 milhões de mulheres alcoólatras . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93).



EFEITOS BENÉFICOS EM QUANTIDADES MODERADAS



O álcool em pequenas quantidades diárias pode ser benéfico para o coração Portanto, a maioria das pessoas que bebe moderadamente acaba tendo benefícios à saúde .

Por exemplo , os franceses têm quase duas vezes menos crises cardíacas ou outras ocorrências coronárias que provocam mortes prematuras . Como os franceses apresentam elevado consumo de vinha tinto , supõe-se que esse “paradoxo francês” esteja ligado ao consumo moderado e diário de vinho . Por consumo moderado de vinho entende-se dois a quatro copos de 120 ml por dia para os homens e um ou dois copos para as mulheres . Acima dessa quantidade , o risco de morte associado ao álcool aumenta muito rapidamente . Já dizia um provérbio persa :”um pouco de vinho é um antídoto contra a morte ; em grande quantidade é o veneno da vida” . (Béliveau, Richard e Gingras, Denis . “Os alimentos contra o câncer “. Editora Vozes, 2007, p. 166) .

Estudo italiano realizado com 1.604 adultos de 26 a 55 anos da Bélgica, Itália e Reino Unido mostrou que a concentração de ômega 3 foi mais alta nos consumidores de vinho do que naqueles que ingeriam cervejas e destilados .

Durante oito anos e meio , cientistas das universidades Harvard , nos EUA e Atenas, na Grécia , acompanharam 23.349 indivíduos . Nenhum deles havia sido diagnosticado previamente com doenças cardiovasculares , câncer ou mesmo diabetes .

Segundo especialistas , o álcool é capaz de afinar o sangue e de romper placas de gordura já formadas. Segundo o cardiologista Robert Kloner professor da Universidade do Sul da Califórnia “ Sabemos apenas que o álcool na dose certa faz bem, mas não temos idéia de quais são os componentes que agem de forma benéfica ao organismo “. ( Revista Veja, 20.102.2010, p. 88) .

A pesquisa demonstrou que o consumo moderado de álcool( cinco doses por semana ) foi o item que mais contribuiu isoladamente para a queda no risco de mortalidade , respondendo por 23,5% do efeito benéfico . Seguem-se : baixo consumo de carne vermelha ( 16,6%), alto consumo de vegetais - cinco porções por dia ( 16,2%) , alto consumo de frutas e nozes – 3 a 4 porções ao dia – 11,2%; alto consumo de gorduras monoinsaturadas ( 10,6%) ; alto consumo de cereais ( 9,7%) ; alto consumo de legumes ( 5,0%) e baixo consumo de laticínios ( 5,0%) .

Pesquisa feita por cientistas finlandeses e publicada no American Journal of Epidemiology indica que aqueles que bebem uma cerveja por dia , reduzem em 40% os riscos de ter pedras nos rins , devido ao efeito diurético da bebida . A cerveja ainda é rica em nutrientes , sais minerais , antioxidantes e vitaminas do complexo B , como o ácido fólico , que previne tumores no cólon , na bexiga e nos pulmões . ( Veja, 16.09.2009, p. 168)

Os efeitos benéficos do vinho se devem ao álcool em si e à presença dos flavonóides na uva . Pesquisas comprovam que o álcool aumenta o HDL , o chamado bom colesterol . Os flavonóides por sua vez , tem forte ação antioxidante , capaz de proteger as aterias . Além disso, a bebida promove a elasticidade dos vasos .

Os especialistas concordam que os benefícios observados só ocorrem dentro de um contexto que leve em conta uma dieta adequada , com alimentação saudável , atividade física e controle do estresse . Além do vinho é necessário o baixo consumo de carne vermelha , alta ingestão de vegetais , frutas , nozes e azeite de oliva .

Por outro lado , acima de 20 gramas diárias ( o que corresponde a duas doses diárias), começam a aparecer os prejuízos do consumo excessivo de álcool , como o risco de hipertensão , miocardiopatia e até morte súbita , além de distúrbios de comportamento . As mulheres não devem tomar mais do que uma dose por dia . ( F S P , 12.08.2009, p. C-5) .

Para R. Curtis Ellison , do Centro Médico , da Universidade de Boston “A associação entre consumo moderado de álcool e função cognitiva foi investigada em 68 estudos”. Além do melhor desempenho cognitivo, o álcool em doses discretas ajudou a reduzir o risco de demência , tanto a vascular quanto a doença de Alzheimer .

Segundo estudo publicado no “Journal of Epidemiology and Community Helath , em 2009 pesquisadores acompanharam mais de 1.300 homens por 40 anos. Quem bebia menos de meia taça por dia viveu 5 anos a mais do que quem não bebia nada . O vinho levou a risco menor de morte por doenças coronárias .

Em 2009 , pesquisadores da Escola Pública da Universidade de Yale acompanharam 546 mulheres , com linfoma não-Hodgkin e das que tomavam vinho , 76% viveram ao menos mais 5 anos , em comparação com 68% das que não bebiam .

Estudo publicado em 2009 na “Gastroenterology, analisou 953 pessoas entre 2002 e 2005 e concluiu que uma taça por dia reduz em 56% o risco de esôfago de Barrett , doença que lesa o revestimento do tubo e é precursora do câncer de esôfago .

Pesquisa publicada em 2009 no “American Journal of Clinical Nutrition, que analisou 1.600 pessoas na Inglaterra , Bélgica e Itália , concluiu que o consumo moderado aumenta o nível de ômega-3 no corpo, gordura protetora contra doenças coronárias .

O resveratrol , pode proteger os vasos sanguíneos dos olhos de danos causados pela idade , segundo pesquisa publicada em 2010 no “American Journal of Pathology”.( F S P , 20.08.2010, p. C-7) .



PUBERDADE – INÍCIO



Um estudo da Universidade de Oklahoma nos EUA , avaliou informações de 3.106 meninas com idades entre 11 e 21 anos e concluiu que os que experimentaram álcool e cigarros antes da puberdade, tiveram um risco quatro vezes maior de apresentar atrasos no desenvolvimento dos seios, entre outros. Segundo os autores, quando a puberdade ocorre após os 13 anos, há mais risco de a menina crescer menos e de seus ossos ficarem mais fracos . Estudos com animais sugerem que o consumo de álcool e cigarros cedo demais afeta níveis hormonais .( F S P , 15,09.2010, p. C-7) .





RESVERATROL



As pesquisas com o resveratrol começaram em 1991 com o cientista americano Leonard Guarente do Instituto de Tecnologia de Massachussets .

Substância encontrada na casca da uva vermelha . Estudo feito por pesquisadores da Universidade de Wisconsin , nos EUA , revelou que não são necessárias altas doses de resveratrol para que a substância tenha ação antienvelhecimento . “Em baixas quantidades e consumido a partir dos 40 anos , já é possível obter os benefícios antiidade “ segundo um dos autores do estudo , o brasileiro Tomas Prolla . O processo pelo qual o resveratrol retarda o envelhecimento se dá pelos mesmos mecanismos da restrição calórica . Vários trabalhos ( também em animais ) já provaram que uma redução de 20% a 30% nas calorias consumidas diariamente , aumenta em até 40% a longevidade , em os efeitos mais perniciosos do envelhecimento . Em ambos os casos , há uma alteração num conjunto de centenas de genes envolvidos na degradação celular .

O fundador do laboratório Sirtris , o médico David Sinclair , da Universidade Harvard , nos EUA , descobriu que o resveratrol também age em outra frente antiidade : estimula a produção e o funcionamento de uma família de enzimas conhecidas como sirtuínas, que agem como guardiãs das células .. Enzimas responsáveis por controlar vários aspectos do funcionamento das células e que aos primeiros sinais de esgotamento nutricional, desencadeiam uma série de medidas de economia energética . Em quantidades elevadas , essas enzimas tornam-se mais eficientes no reparo do DNA e, assim, prolongam a vida das células.

Em 2006, Sinclair e seu grupo superalimentaram ratos de laboratório com dieta rica em gordura , mas forneceram também aos animais doses de resveratrol . As cobaias ficaram obesas , mas não apresentaram aumento dos níveis sanguíneos de glicose e insulina e nem alteração no tamanho do fígado . As cobaias que receberam a mesma quantidade de comida , mas não resveratrol, foram as primeiras a morrer . ( Veja, 7.1.2009, p. 72) .

O resveratrol promove uma espécie de limpeza nas histonas , o que muda a expressão dos genes do envelhecimento .

O resveratrol ainda aumenta o HDL , o bom colesterol , e diminui o LDL , o colesterol ruim , Além disso a substância é um potente vasodilatador , que , ao relaxar as artérias, melhora a circulação sanguínea .

Estudos em animais indicam que o resveratrol , por seus poderes antioxidantes , ao combater a ação dos radicais livres , preservaria as células de lesões que podem levar ao câncer .

Atribui-se aos polifenóis , grupo do qual o resveratrol faz parte , capacidade analgésica , sobretudo em pacientes vítimas de artrite . A analgesia , ainda que baixa , como mostram os estudos , deve-se às características antiinflamatórias da substância .

O resveratrol , sugerem estudos em neurologia , evitaria o depósito no cérebro das placas de proteína tóxica que levam os neurônios à morte . ( Veja, 11.06.2008 , p. 84) .

Estudo publicado no início de julho de 2008 na revista “Cell Metabolism “mostrou que o resveratrol tem o mesmo efeito que o de uma alimentação com poucas calorias . Em camundongos , ele ajuda a controlar a diabetes e problemas nos vasos sanguíneos , melhora a coordenação motora , previne a formação de catarata e preserva a densidade óssea . Aumenta a vida produtiva e independente e influencia toda uma série de doenças não relacionadas , associadas à idade . ( F s P , 30.07.2008 , p. A-14) .

Para ingerir a quantidade mínima necessária de resveratrol capaz de combater o envelhecimento , o ser humano teria de consumir 1500 garrafas de vinho por dia . Por isso é grande o esforço dos pesquisadores na busca de compostos naturais ou sintéticos que imitem o resveratrol . ( Veja, 7.1.2009 , p. 72) .

A PUC RS vendeu duas patentes para a Eurofarma com a intenção de produzir um medicamento contra doenças relacionadas ao envelhecimento com base no resveratrol. Uma das patentes se refere à descoberta do professor da Faculdade de Química André Souto, que encontrou grande concentração da molécula na raiz da hortaliça azeda que possui cem vezes mais a substância do que o suco de uva ou vinho. Outras patente trata de uma formulação para aumentar a retenção desse composto no organismo . A previsão é de colocar o medicamento no mercado em 2013 . ( F S P , 30.07.2008 , p. A-14) .

Estudo publicado no periódico “Experimental Neurology” por cientistas da Universidade Johns Hopkins , da Maryland (EUA), conclui que o resveratrol controla o nível da enzima heme-oxigenase , já conhecida por aumentar a resistência de neurônios à asfixia . Segundo Sylvain Doré , líder da pesquisa “ O resveratrol com seus metabólitos [ substâncias remanescentes de reações metabólicas] pode estar induzindo as células a se defenderem “. Os autores alertam, porém, que tomar vinho em excesso pode anular os efeitos positivos do resveratrol pois os malefícios do álcool podem superá-los . ( F s P, 22.04.2010, p. A-16) .



BEBEDORES DE RISCO



Estima-se que os bebedores de risco somem 30 milhões de brasileiros, cerca de 22 milhões de homens e 8 milhões de mulheres . Para eles o limite do abismo é muito tênue . Metade deles está à beira do alcoolismo . Os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA , sugerem algumas medidas para evitar o risco de cair no vício .Estipular uma meta máxima de doses por dia : uma para as mulheres e duas para os homens . Evitar beber em casa ou sozinho . Dar uma hora de intervalo entre uma dose e outra de bebida alcoólica e, enquanto isso , tomar refrigerante , água ou suco .

O abuso é um passo para a dependência e se caracteriza , por pelo menos três das situações a seguir descritas em um ano . Descuidar das obrigações profissionais e sociais por causa da bebida ; beber em ocasiões em que o álcool oferece risco á saúde , como em um tratamento à base de antibióticos ; beber apesar das possíveis implicações legais decorrentes da bebida , como dirigir alcoolizado e beber apesar de já ter passado por problemas sociais causados pelo álcool , como dar vexame em festas por efeito da bebida .

Já as situações a seguir caracterizam o vício : Gastar boa parte do dia planejando quando e onde beber ; apresentar indícios de tolerância excessiva à bebida , bebendo mais para atingir os mesmos efeitos de antes ; ter algum sintoma de abstinência , como tremores nas mãos , suor excessivo, insônia e irritabilidade na falta da bebida ; desejar ou tentar parar de beber , sem conseguir ; substituir atividades profissionais e sociais pelo álcool e beber sabendo que o consumo de álcool pode agravar problemas de saúde . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93) .

Nos últimos dez anos houve um aumento de 50% de mulheres que se encaixam no perfil de bebedores de risco . Entre os homens o crescimento foi de 30% .



RISCO DE DESENVOLVER A DEPENDÊNCIA



Pela primeira vez, um estudo brasileiro mostrou, em números , o risco de uma pessoa que abusa do álcool desenvolver a dependência . A taxa é alta : um a cada três bebedores abusivos vai passar para o estágio de doença crônica , conforme a classificação da Organização Mundial de Saúde . A pesquisa , feita com 5.037 pessoas na região metropolitana de São Paulo , foi publicada na “Alcohol and Alcoholism”, revista oficial do Conselho Médico em Álcool do Reino Unido .

Para a psiquiatra Camila Magalhães Siqueira , do Instituto de Psiquiatria da USP, Não é fácil perceber os limites entre uso regular e o abusivo . “O Brasil tem um padrão de consumo conhecido internacionalmente como ‘fiesta drinking’, que é beber no fim de semana em quantidade excessiva . A cultura não é a do [beber] moderado , é a do ficar embriagado”. ( F S P, Equilíbrio , 2.8.2011, p. 4) .



MAIOR CONSUMO ENTRE ADOLESCENTES



Pesquisa feita pela Unifest com 6417 jovens de 10 a 20 anos constatou que 20% dos meninos e 15% das meninas entre 10 e 12 anos haviam ingerido álcool nos últimos 30 dias . Entre 13 e 15 anos o percentual foi maior , 43% dos garotos e 40% das meninas , o que indica que o consumo de álcool começa muito cedo . Quanto mais se bebe na juventude , maior será a propensão para o alcoolismo na idade adulta .

Estudo feito pela Unesp em 2002 com 318 calouros com idade entre 18 e 20 anos que bebiam pesado mais de duas vezes por semana . O estudo mostrou que as meninas estão bebendo em quantidade semelhante à dos rapazes e se envolvem em acidentes de carro quando estão embriagadas . “ A relação encontrada foi de três garotas acidentadas para cada cinco rapazes” , segundo Florence Kerr-Corrêa , professora se psiquiatria e coordenadora da pesquisa .

O problema é que as mulheres tendem a ficar tão embriagadas quanto os homens , com apenas metade da dose . Isso decorre da maior quantidade de gordura corporal e, portanto menor quantidade de água no organismo feminino e para alguns ainda pela menor quantidade nas mulheres , de alguns tipos de enzima que metabolizam o álcool no estômago ..( Veja, 11.12.2002 , p. 81) .

As pesquisas mais recentes estão mostrando que o consumo de álcool na adolescência e na juventude pode deixar marcas indeléveis no cérebro . Ou seja , beber nesta idade é mais danoso para o cérebro . Os efeitos são a longo prazo e podem variar de déficits de aprendizagem, falhas permanentes de memória , dificuldades de autocontrôle e ausência de motivação . Além disso , o abuso de álcool na adolescência aumenta em cinco vezes a propensão para o alcoolismo na idade adulta . Dos adultos que haviam começado a beber antes dos 14 anos , 47% se tornaram dependentes ; entre os que iniciaram o consumo a partir dos 21 anos , o percentual de dependência foi de 9% .

Susan Tapert , da Universidade da Califórnia estudou o cérebro de menores de idade com histórico de abuso no consumo de álcool e descobriu em todos eles um dano variável, mas permanente no hipocampo. , responsável por parte do chamado sistema límbico .

Adolescentes de 15 a 16 anos que haviam se embebedado pelo menos 100 vezes na vida se saíram pior em testes de memória do que seus equivalentes sóbrios . O nível de atividade cerebral durante testes de memória e atenção realizados com uso de ressonância magnética funcional ( que mede a alteração dos níveis de oxigênio no cérebro) , foi menor em adolescentes com históricos de bebedeiras .

O álcool também , quando mais cedo começa a ser consumido , maior a probabilidade do usuário de passar para drogas ilegais . Portanto ele é uma porta de entrada para outros tipos de vício .

Beth Alexander , professora associada da Universidade de Michigan em artigo na revista American Family Physician afirma que o vício começa na adolescência em pelo menos 20% dos casos e que o álcool é uma das principais causas de doenças e mortalidade entre os jovens norte-americanos .Acidentes de trânsito , suicídios , crimes violentos , evasão escolar , perda de emprego , gravidez indesejada estão entre os problemas relatados entre os jovens , ( F S P , 17.06.1991 , p. 4-6) .

Segundo o médico Milton Steinman, da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado e do pronto-socorro do Hospital das Clínicas recente pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Unifesp , feita com estudantes dos ensino médio e fundamental de dez capitais brasileiras : bebidas alcoólicas são consumidas por 65% dos entrevistados , estando bem á frente do tabaco . ( F S P , 1.6.2008 , p. C-9) .

A pesquisa Nacional de Saúde do Estudante , feita pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde e que ouviu 63 mil estudantes matriculados no último ano do ensino fundamental , sendo 80% em escolas públicas e 20% da rede privada , em todas as capitais do país , verificou que 70% dos adolescentes brasileiros entre 13 e 15 anos já consumiram bebida alcoólica , sendo o primeiro contato com o álcool entre 12 e 14 anos . Quase 9% já utilizaram drogas ilícitas .

Dos que já ingeriram álcool , 22% ficaram bêbados pelo menos uma vez e 18,7% relataram que , nos 30 dias anteriores à pesquisa , foram conduzidos por motoristas alcoolizados . ( F S P , 19.12.2009, p. C-1)

Pesquisa inédita em 2012, realizada em sete capitais do país mostra que adolescentes que tentam comprar bebidas alcoólicas têm sucesso , em pelo menos 70% das vezes . Em Belém , 88% conseguem e no Rio 86%. Mesmo em São Paulo , onde lei estadual aumenta o rigor das punições aos estabelecimentos que vendem bebidas para menores, 71% conseguem comprar bebidas sem restrições .

Levantamentos feitos no Brasil e no exterior comprovam que beber – em qualquer idade – potencializa comportamentos temerários . No adolescente, com sua onipotência e impulsividade características , o risco de o álcool provocar ou facilitar situações como gravidez precoce, contaminação por doenças sexualmente transmissíveis , envolvimento com a criminalidade e uso de drogas ilícitas é perigosamente maior . Num organismo jovem , o impacto e as conseqüências da ingestão da bebida são muito diferentes do que os que incidem sobre um adulto , daí a conclusão unânime dos especialistas: menores de 18 anos não devem beber uma gota sequer de álcool .

Levantamento que ouviu 15.000 jovens em 27 capitais brasileiras mostrou um cenário alarmante . Ao longo de um ano , um em cada três jovens brasileiros de 14 a 17 anos se embebedou ao menos uma vez. Em 40¨% dos casos mais recentes, isso ocorreu na sua casa ou de amigos e parentes . Em 11% dos episódios , os menores estavam acompanhados dos próprios país ou de tios .

Ao contrário dos EUA, 42% dos jovens da classe A ( renda familiar média de mais de R$ 10.000,00), se embriagaram ao menos uma vez no último ano , para 31% dos jovens da classe B, 26% da classe C e 23% das classes D e E ( renda familiar média de R$ 600,00). ( Revista Veja, 11.07.2012, p. 80-86).





MAIOR CONSUMO ENTRE AS MULHERES



No processo de liberação ocorrido no século XX que aumentou a presença da mulher no mercado de trabalho e a equiparou ao homem em direitos e deveres , houve também o aumento significativo de mulheres fumantes e alcoólatras .

Há diferenças cruciais no modo como homens e mulheres se relacionam com a bebida . As mulheres buscam consolo emocional na bebida e mais comumente do que os homens bebem em casa quando se sentem solitárias .

No caso do álcool a situação em relação à mulher é mais complicada por que estudo feito por cientistas italianos e norte-americanos na Mount Sinai School of Medicine de Nova York concluiu que as mulheres são até 100% mais suscetíveis aos efeitos do álcool do que os homens . Segundo o estudo, o estômago feminino neutraliza menos moléculas de álcool do que o masculino , e como resultado , mais álcool puro entra na corrente sanguínea feminina atingindo o cérebro e o fígado , causando um estado de embriagues mais rápido e danos maiores ao organismo em caso de uso continuado . ( O Estado de São Paulo, 12.01.1990 , p. C-4) .

O álcool é metabolizado no figado e no estômago pela enzima ADH ( álcool desidrogenase) e por uma determinação genética , o organismo das mulheres secreta menos ADH que o dos homens e por isso com a mesma dose de bebida a quantidade de álcool no sangue das mulheres é sempre maior do que na dos homens , as mulheres absorvem 30% mais álcool puro do que os homens . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93).

Segundo uma pesquisa feita com 80 pacientes do Programa da Mulher Dependente Química (Promud/IPq) , 56% das mulheres dependentes de álcool ou de drogas que estavam em tratamento tinham algum tipo de transtorno alimentar. Dessa percentagem , 41% tinham transtorno de comer compulsivo , 30% tinham bulimia e 8% eram anoréxicas . A pesquisa concluiu que as mulheres com transtornos alimentares tem oito vezes mais chance de ter um transtorno relacionado com álcool e outras drogas . A droga mais procurada por quem sofre de transtornos é o álcool , mas são comuns os casos de uso de anfetaminas , cocaína e crack , que também ajudam a aplacar a fome . As anoréxicas passam a recusar a comida, mas a aceitar o uso dessas substâncias . As compulsivas geralmente tentam substituir a comida por alguma delas , enquanto as bulímicas juntam à compulsão , formas de compensar a ingestão de calorias , como vomitar ou usar laxantes e diuréticos . ( F S P , Equilíbrio , 11.06.2009, p. 4) .



MAIORES RISCOS PARA IDOSOS



Segundo estudo realizado por médicos da USP e da UERJ , nos idosos , o uso excessivo de álcool pode levar a distúrbios mentais e de memória ( problemas cognitivos) . O trabalho foi realizado com 1.145 pessoas com 60 anos ou mais , dos quais 419 do sexo masculino e 726 do feminino, pertencentes aos mais diferentes níveis sócio-econômicos . A pesquisa encontrou consumo exagerado de bebidas entre idosos , inclusive acima do esperado ( 8,2%), quando comparado com resultados de outros estudos . ( F S P , 28.;02.2010 , p. C-7) .

Pesquisa feita pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo , com 1563 pessoas , aponta que 9,1% dos adultos com 60 anos ou mais abusam do álcool . Entre os homens , o índice atingiu os 20% e entre as mulheres é de apenas 3,1% . O abuso de bebidas alcoólicas ocorre em todas as classes econômicas , mas é mais expressivo nas camadas mais pobres . O alcoolismo atinge a 7% dos idosos na classe A, 13,6% na classe D e 18,3% na classe E . Os idosos podem sofrer conseqüências negativas com a ingestão de uma quantidade de bebida inferior à de adultos jovens pelas doenças que podem ser agravadas pelo consumo e pela interferência do álcool em remédios que usam . ( F S P, 5.3.2010, p. C-5) .

Todavia os alcoólatras podem viver mais . Por duas décadas , pesquisadores da Universidade de Austin, no Texas (EUA), monitoraram 1,824 pessoas entre 55e 65 anos . Os participantes foram divididos em três grupos : abstêmios , consumidores moderados de álcool e outros que bebiam em excesso . No fim do período analisado , cerca de 69% dos abstêmios tinham morrido , contra 60% dos que exageravam no álcool e 41% dos que consumiam moderadamente de uma a três doses por dia . ( F s P , 3.9.2010, p. C-7) .



PROPAGANDA



Estudo publicado em janeiro de 2010 no “Journal of Adolescent Health”, avaliou , durante cinco anos , 13.513 campanhas de bebidas em 118 revistas americanas e concluiu que a indústria de bebida alcoólica está investindo mais em propagandas dirigidas a adolescentes do que nas voltada para adultos .

Pesquisa da Unifesp mostra que o adolescente se identifica com elementos da propaganda de cerveja, como cores, gente jovem e bonita . Outro estudo , ainda não concluído mostra que há muita propaganda de bebida na TV sendo veiculada à tarde , quando a maior audiência é do público infantojuvenil .

Para Arthur Guerra , presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool , não há evidências científicas sólidas de que a propaganda esteja induzindo os jovens a beber mais ou precocemente “ A propaganda da bebida usa pessoas jovens e bonitas assim como a de sabonete e a de sandálias Havaianas. O jovem vai beber com ou sem propaganda . É claro que ela influencia , mas creio que a decisão de beber não esteja ligada à propaganda”. ( f s P , 20.01.2010 , p. C-40 .





CONSUMO NO BRASIL



O consumo moderado de álcool não é regra no Brasil . Estudo realizado pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp, concluiu que enquanto metade da população se diz abstêmia , os bebedores apresentam alto nível de risco - bebem regularmente e em grande quantidade . Apenas um quarto dos brasileiros , consome 80% do álcool ingerido no país .

Foram entrevistados 2.346 indivíduos com mais de 18 anos em 143 cidades e 48% não haviam ingerido álcool nos últimos 12 meses . Porém , 28% relataram pelo menos um episódio de crise de ingestão ( “binge drinking”, mais de cinco doses em homens e quatro em mulheres em uma ocasião) .

Cerca de 15% relataram ao menos um tipo de problema relacionado ao álcool ( entre questões de saúde, família , no trabalho e violência) , 3% preencheram os critérios para abuso e 9% para dependência química .

No Sul consome-se com mais freqüência e no Nordeste e Centro-Oeste , em maior quantidade . O alto consumo de álcool continua até por volta dos 40 anos de idade , sendo que em outros países , a ingestão cai após os 20 anos . A bebida mais ingerida é a cerveja ( mais de 60%), seguida do vinho . ( F S P , 6.2.2010, p. C-7) .

Pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em todas as capitais , por telefone , com 54 mil entrevistas em junho de 2010 conclui que os brasileiros estão fumando menos, bebendo mais e ficando mais gordos . Em relação ao consumo de álcool , entre 2006 e 2009 o percentual de pessoas que abusam da bebida cresceu de 16,2% para 18,9%. O Ministério colocou nesta categoria quem bebeu em uma mesma ocasião , no mês anterior à pesquisa , cinco ou mais doses de álcool para os homens ou quatro ou mais doses para as mulheres . ( F S P , 22.06.2010, p. C-5) .



AS CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO DO ÁLCOOL



ACIDENTES DE TRÂNSITO



Nos EUA , na noite de Natal , 47,4% das mortes em acidentes de trânsito estão relacionadas com o consumo de álcool , nos dias comuns a média é de 39% e no Ano-Novo o percentual sobe para quase 70% .

Nos EUA a legislação penal varia conforme o Estado . Em Los Angeles o limite permitido de álcool no sangue é 0,8g litro , o equivalente a quatro copos de cerveja para um homem de 75 quilos . A diferença é que lá o motorista é efetivamente punido e com rapidez , A pena, se não houver vítimas , é multa e liberdade condicional na primeira vez e pouco mais de vinte dias na cadeia na segunda . Donos de bares e casas noturnas podem ser processados se não aconselharem clientes que beberam demais a tomar um táxi , ou chamar a polícia se a pessoa se recusa. Inúmeras celebridades já foram a cadeia por dirigir alcoolizados como Mike Tyson , Mel Gibson , Lindsay Lohan , Mickey Rourke, Nicole Richie , Nick Nolte e Paris Hilton . ( Veja, 28.11.2007 , p. 66-67 ) .

Com 0,2g por litro de álcool no sangue a pessoa tem afetada a capacidade de fazer uma escolha , com 0,3g aumenta o tempo de reação a situações como quando o sinal fecha . Com 0,4 g diminui a atenção, a coordenação , a compreensão e o movimento dos olhos e com 0,8g perde-se a concentração, a capacidade de controle da velocidade e de dirigir em sua faixa de rolamento ..

Estima-se que no Brasil , metade dos acidentes automobilísticos fatais está ligada ao consumo de álcool entre jovens de 18 a 25 anos . Levantamento feito pela Secretaria da Saúde de São Paulo em 2004 , com base em dados do Instituto Médico Legal , mostrou que 42,7% dos acidentes ocorridos no segundo semestre de 2004 tiveram relações com o consumo do álcool .

Pesquisa feita pela socióloga Beatriz Carlini da USP e pela toxicologista Alice da Matta Chassin do IML revela dados impressionantes . Foram analisados 5.700 casos de pessoas que morreram de causas não naturais na Grande São Paulo em 1996 , mediante o exame de dosagem alcoólica em cadáveres e verificou-se que 48% estavam sob o efeito do álcool .Outra surpresa é que a maior parte das vítimas não era dependente da bebida . Foram encontradas dosagem elevadas em 64% dos casos de afogamentos , 53% dos atropelamentos , 52% dos homicídios , 51% dos acidentes de carro , 36% de quedas fatais e 36% de suicídios . Portanto cai por terra a idéia de que apenas os dependentes estão sujeitos a acidentes graves . A pessoa que exagera na bebida uma única vez , perdendo totalmente o controle , pode encontrar a morte da mesma forma que um alcoólatra ,.

Segundo Ronaldo Laranjeira , médico psiquiatra , professor e coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp , “ um terço dos motoristas tem álcool no sangue nos finais de semana”. Pesquisa conduzida por ele e pelo também médico da Unifesp Sérgio Dualibi às sextas e sábados com 5.600 motoristas em cidades como São Paulo , Belo Horizonte , Vitória , Santos e Diadema revela que 30,3% deles tinham álcool no sangue constatado no teste do bafômetro , sendo que 19,3% tinham níveis iguais ou superiores a 0,06 decigrama de álcool por litro de sangue permitido por lei .

Cerca de 5.600 motoristas foram abordados para fazer o teste do bafômetro e 1.546 se recusaram a fazer o teste Dos que fizeram beberam acima do limite legal em Vitória 15,4% , Belo Horizonte 19,6% , Santos 18,9% , São Paulo 20% e Diadema 19,4% . .

Duas conclusões chamaram a atenção : 1) Os motoristas bêbados geralmente não estavam visivelmente intoxicados ; 2) a prevalência de motoristas que estavam dirigindo com algum nível de álcool nas cidades analisadas é seis vezes maior que em pesquisas internacionais semelhantes .

Segundo o médico Milton Steinman, da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado e do pronto-socorro do Hospital das Clínicas “ O álcool é responsável por cerca de 60% dos acidentes de trânsito e aparece em 70% dos laudos de mortes violentas “ .

Levantamento feito pela toxicologista Vilma Leyton, professora da Faculdade de Medicina da USP , no Instituto Médico Legal de São Paulo em 2005, mostra que 44% dos 3.042 mortos em acidentes de trânsito no Estado de São Paulo ingeriram álcool antes e tinham entre 1,7 e 2,4 decigramas de álcool por litro de sangue “. ( F S P , 1.6.2008 , p. C-9) .

A propaganda que visa evitar que se dirija embriagado também é parcial pois o índice de mortes por atropelamentos é maior do que o de acidentes de carro , o álcool inibe os sentidos de maneira geral e qualquer pessoa , dependente ou não tem seus reflexos reduzidos ficando vulnerável a afogamentos , atropelamentos , acidentes de carro e outros eventos que podem ser fatais . ( Veja, 9.12.1998 , p. 100) .

Estimativas indicam que 5,4% do PIB é gasto com tratamentos hospitalares e ambulatoriais , licenças médias , faltas e aposentadorias devidas ao alcoolismo , enquanto a indústria de bebias contribui com 2,5% do mesmo PIB pelo seu faturamento bruto .. O álcool é ainda responsável pela maioria das internações psiquiátricas e por um número também alto de atendimento e internações por patologias gerais .( Oliveira, Luis Alberto Chaves , F S P,26.11.1990 , p. D-4) .

Estima-se ainda que grande parte dos menores abandonados são filhos de pais alcoólatras .

O STJ , Superior Tribunal de Justiça , no dia 26 de agosto de 2008 , em ação julgada pela 3ª Turma decidiu que a viúva de um motorista morto em acidente de carro, ocorrido em 1999 , não tem direito ao pagamento do seguro de vida de R$ 25 mil , prevista em contrato de seguro de vida, porque ele estava embriagado .

Os ministros entenderam que a embriaguez é um agravante do risco de acidente . A decisão não afetou o pagamento do seguro obrigatório , o DPVAT , nem o eventual seguro de carro opcional, pago pelo dono do veículo , mas contraria jurisprudência anterior , que levava em conta que a ingestão de bebida alcoólica não seria suficiente para cancelar o pagamento da indenização ao segurado .( F S P , 3.9.2008, p. C-3) .

Segundo levantamento, dos 38.000 acidentes de trânsito ocorridos em 2008 no Brasil , 45% foram causadas por motoristas embriagados . Apesar das mudanças na legislação a punição ainda é leve . Cerca de 95% das mortes no trânsito causadas por motoristas bêbados são classificadas como homicídios culposos e nesse caso a pena máxima prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro - CTB é de quatro anos de prisão .

Segundo a Lei de Execução penal, penas de até quatro anos no caso de réus primários são cumpridas em regime aberto , portanto a punição se resume a uma multa e algumas horas de serviço comunitário . Os acidentes enquadrados como homicídios dolosos eventuais , 5% do total , passam a ser julgados pelo Código penal , que prevê punições mais severas , mas mesmo assim utiliza-se o recurso do hábeas corpus para permanecer em liberdade .

Segundo o CTB , qualquer condutor com concentração de álcool no sangue superior a 0,6 grama por litro pode ser preso em flagrante . Mas a Constituição garante que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo e por isso a recusa ao teste do bafômetro tem como punição apenas uma multa de R$ 957,00 . É raro um julgamento pela recusa ao teste .

Em março de 2009 dois acidentes horripilantes foram exemplos do descalabro em que se encontra esta situação no Brasil . Em Carapicuíba , o serralheiro Jailton Alves da Silva, invadiu uma praça e atropelou o comerciante Edimício dos Santos e seu filho de 8 meses que acabou morrendo . Jailton tinha consumido o equivalente a sete latas de cerveja e já havia sido flagrado anteriormente quatro vezes dirigindo bêbado , tendo levado apenas multas , jamais pagas .

O operador de máquinas Valdecir Follman , que passara a tarde bebendo num churrasco entre amigos , entrou na contramão na Rodovia Raposo Tavares e andou 20 quilômetros em alta velocidade até bater de frente em outro carro , matando os dois condutores do carro e nada sofrendo . ( Veja, 17.03.2010, p. 86-87) .







BRIGAS E HOMICÍDIOS



O sociólogo Hugo Acero , foi secretário de Segurança em Bogotá de 1995 a 2003 e afirma “Em 1995 , definimos que os bares e casas noturnas de Bogotá tinham de fechar à 1 da manhã . Em um ano, reduzimos o número de homicídios em 8% . O de mortos em acidentes de trânsito diminuiu 15% e o deferidos caiu 11% . Tomamos a medida com base em duas constatações : uma era que a polícia , da meia-noite às 6 da manhã , gastava quase todo o seu efetivo para atender a problemas relacionados a embriaguez : brigas entre pessoas alcoolizadas , bêbados que não pagavam contas em, bares , tumultos que atrapalhavam o sono da vizinhança, etc . Com isso , não conseguia atender a ocorrências mais graves . A segunda era que havia estreita relação entre o consumo excessivo de álcool e a quantidade de mortes e ferimentos no trânsito .Funcionou” . ( Veja, 21.05.2008 , p. 107) .



CASOS EM CLÍNICAS



“Fui internado por causa da bebida, contra a minha vontade . Minha família me trouxe para cá . Não queria ficar de jeito nenhum . Aos poucos, fui vendo que era melhor . Estou prestes a sair . Quero reconstruir minha vida . Perdi meu emprego , minha mulher foi embora . Eua a entendo .Agora , preciso ganhar de novo a confiança dela , arranjar um emprego e poder cuidar de minha filha . Minha família está confiante , vou conseguir . Não tenho mais vontade de beber . Vou evitar contato com as pessoas e lugares que me levavam à bebida . Já tinha parado de beber antes , fiquei quase um ano ‘limpo’ , mas voltei. Agora sei que preciso do auxílio da terapia , dos medicamentos . E, também , evitar situações que me levavam ao vício “ C. J. 34 . auxiliar de escritório .

“O que eu quero é ir embora amanhã . Fui internado há 17 dias, contra a minha vontade . Foi minha mulher quem me trouxe para cá , disse que eu ficaria 15 dias . Fui enganado, a internação é por quatro meses . Poderia parar de beber sem ficar em um centro de reabilitação . Já fiz isso , fiquei um ano sem beber . Tomei medicamento , fiz tratamento [psicoterápico] , mas não precisei ser internado . Sou mais ou menos dependente . Ficar isolado da família, da minha filha e do meu trabalho foi um choque . Sou empresário, estou acostumado a fazer um monte de coisas , aqui fico muito ocioso “ A.X. 45 , empresário . ( F S P , 20.04.2008 , p. C-13) . . .





LEI ANTIÁLCOOL EM SÃO PAULO



Em novembro de 2011 passou a vigorar no Estado de São Paulo uma lei que pune estabelecimentos que vendem, distribuem ou permitem o consumo de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos . Cerca de 15 dias após o início da vigência da lei cerca de 16,7 mil estabelecimentos haviam sido fiscalizados e 164 multas tinham sido aplicadas . ( F S P , 8.12.2011, p. C-3) .





ALCÓOLATRAS FAMOSOS



O jogador Garrincha colecionou internações e acidentes de carro provocados pelo abuso do álcool . Morreu aos 49 anos de cirrose hepática .

O irlandês, George Best, alcoólatra assumido , que nos anos 1960 brilhava no futebol inglês, chegou a submeter-se a um transplante de fígado , mas não conseguiu largar o vício e depois de uma longa batalha contra a cirrose , morreu em 2005, aos 59 anos . Ele dizia “Em minha vida , gastei muito dinheiro com álcool , mulheres e carros”. ( Veja,17.03.2010, p. 90-92) .



PUNIÇÃO EM OUTROS PAÍSES



O uso de álcool por motoristas está sendo punido com rigor na maioria dos países . Em uma lista de 82 países pesquisados pela International Center For Alchohol Polices , a nova lei seca brasileira com limite de 2 decigramas de álcool por litro de sangue é mais rígida que 63 nações, iguala-se em rigidez a cinco e é mais tolerante que outras 13 , onde o limite legal varia de zero a uma decigrama . A Suiça avalia se o carona poderia ou não beber para não prejudicar a habilidade do condutor . ( F s P , 25.06.2008 , p. C-3) .

A quantidade de álcool por litro de sangue tolerada é : Japão , Romênia e Hungria ( 0 ) , Austrália, Áustria, Espanha, França e Portugal ( 5 ) , Nova Zelândia e EUA ( 8) . Já o nível máximo permitido para jovens é bem menor : Japão (0) , Áustria (1) , Austrália (2), Nova Zelândia (3), Espanha, França e Portugal ( 5) . ( F S P , 24.06.2008 , p. C-1) .

Nos EUA e na Argentina , caso o motorista se recuse a passar pela medição, o policial pode presumir a embriaguez e apreender o carro e a licença, além de prender o condutor , que terá as mesmas penalidades de quem foi reprovado no bafômetro .

Nos EUA a fatia de adolescentes de 14 a 18 anos que consomem bebida alcoólica de vez em quando caiu de 50% em 1999 para 38,7% em 2011 . A educação preventiva é uma mania nacional , a lei é rigorosa e a punição , ainda mais . Desde 1984 criou-se uma regra nacional segundo a qual menores de 21 anos são proibidos de comprar qualquer tipo de bebida alcoólica . Todos os cinqüenta estados americanos ratificaram a nova lei . Vender bebida a menor de 21 anos dá multa e , raramente , prisão . Vender bebida a menor de 18 anos, no entanto , quase sempre dá prisão e sentenças exemplares. Em Riberview, perto de Tampa na Flórida, em 28 de fevereiro de 2008, David Holdsworth , com 17 anos , entrou duas vezes no mercado Best for Less e comprou cerveja. Bebeu as cervejas e , na volta para casa, arrebentou seu Camaro na avenida à beira-mar e matou um jovem de 32 anos . Em 2012, saiu o veredicto e o caso foi encerrado . Holdsworth pegou cinco anos de prisão e os donos do Best for Less foram condenados a pagar a multa mais pesada da história US$ 716 milhões. O Juiz Sam Pendino , ao dar a sentença deixou claro que queria mandar uma mensagem : quem vende bebida a menores de idade está arruinando vidas – e o preço é incalculável . Uma outra lei , a Lei do Anfitrião , adotada em alguns Estados , pune quem dá uma festa , mesmo na sua casa, e permite o consumo de bebida alcoólica por menores de idade . Estudo da professora Ângela Dills, do Providence College, analisando os dados dos últimos 30 anos de acidentes com vítimas fatais provocados pela embriaguez de jovens entre 18 e 20 anos , constatou que esse tipo de acidente caiu em quase todos os Estados americanos , mas naqueles que adotaram a Lei do Anfitrião , a queda foi 9% maior .Porém, as estatísticas ainda são trágicas . A cada ano , 5.000 americanos menores de 21 anos , morrem em decorrência de algum acidente relacionado ao consumo de álcool , mas poderiam ser piores . ( Revista Veja, 11.07.2012, p. 86-87).



Pela lei francesa , o motorista parado em uma blitz deve se submeter ao exame do bafômetro , caso o policial julgue necessário . Se recusar , ele fica obrigado a fazer um exame de sangue para comprovar o teor de álcool consumido . No reino Unido , além do bafômetro , a polícia pode obrigar motoristas que aparentem estar bêbados a exames de urina ou de sangue para verificar o teor de álcool ingerido . Caso se recurse a fazer o exame , o condutor pode ser preso , além de receber multa de 5.000 libras e perder o direito de dirigir por um ano .

Na Noruega , o limite de álcool é de dois decigramas por litro de sangue , o mesmo do Brasil . O motorista é preso por ao menos três semanas , e perde o direito de dirigir por ao menos um ano . Em caso de reincidência , a perda da carteira de habilitação é permanente . Além disso, o condutor recebe uma multa proporcional à sua renda . Ficou famoso o caso do milionário Kjjetil Uleberg, de 55 anos cujo teste de bafômetro indicou sete decigramas de álcool por litro de sangue. Levou uma multa equivalente a R$ 136 mil , perda da habilitação por três anos e trabalho forçado de cortar lenha por 30 dias . ( F S P , 29.06.2008 , p. C-4) .

Crimes de trânsito passam a ser julgados como comuns , não mais em juizados especiais . O juiz pode interpretar o acidente com morte como doloso ( intencional) e aí a pena varia de 12 a 30 anos . Anteriormente a capitulação era de homicídio culposo ( sem intenção ) .

Segundo a toxicologista Vila Leyton , da USP , cada dose de bebida demora , em média , uma hora para ser eliminada do organismo



FORMAS DE COMBATE



Segundo o psiquiatra americano George Vaillant “ não se deve tentar proteger alguém de seu alcoolismo .Se uma mulher encontra seu marido caído no chão , desmaiado sobre seu próprio vômito , não deve dar banho e levá-lo para a cama . O único caminho para sair do alcoolismo é descobrir que o álcool é seu inimigo (Veja, 18.08.1999, p. 12) .

O uso de terapias , como os Alcoólicos Anônimos segue a média internacional de recuperação dos alcoólatras em torno de 20% ao fim de um ano .

O grupo Alcoólicos Anônimos foi fundado em 1935 por dois alcoólatras, Bill Wilson e Bob Smith em Akron , nos Estados Unidos e possui mais de 2 milhões de ativistas em mais de 140 países . Não usa drogas para combater o vício , mas uma terapia composta por 12 passos que o dependente deve seguir em busca da recuperação , muita conversa e farto material didático . O primeiro é admitir o vício e a necessidade de ajuda . O último , transmitir sua experiência aos freqüentadores novatos das reuniões , como forma de estimulá-los a ir em frente . Portanto é um trabalho no qual a cura depende de uma forte solidariedade mútua entre dependentes e uma grande vontade de livrar-se do vício , pois ninguém é controlado nem obrigado a seguir as etapas propostas . Também não existe alta do tratamento , pois a luta contra a reincidência deve ser permanente . Para os AA a abstinência é o único meio eficaz de combate ao alcoolismo . No Brasil , 95% das clínicas e comunidades terapêuticas seguem esse modelo .

Estatísticas indicam que três em cada dez alcoólatras que buscam os AA livram-se do vício o que é um excelente percentual .

Mesmo assim , pesquisa da Unifesp feita em 2009 conclui que as chances de uma pessoa conseguir parar de beber por meio do ingresso no AA são as mesmas de quem tenta fazer isso sem ajuda nenhuma. De acordo com o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Proad, o método dos AA é particularmente ineficaz para duas categorias de alcoólatras : os que tem dificuldade de falar em público , uma vez que a verbalização da doença está na base do tratamento da associação , e os que sofrem de algum tipo de problema psiquiátrico , cerca de 75% dos dependentes de álcool segundo afirma . Não tratado , o distúrbio psiquiátrico torna a abstinência um objetivo bem mais difícil de atingir . A combinação de dois fatores – remédios e psicoterapia – é um dos caminhos comprovadamente mais bem sucedidos até hoje na reabilitação de alcoólatras . A taxa de abstinência , nesse caso , chega a 36%, contra a de 9% obtida por indivíduos que apenas recorrem aos grupos de autoajuda . ( Veja, 16.12.2009, p. 170-174) .

Dissulfiram , medicamente lançado nos anos 1940 , . O medicamento é colocado na alimentação sem que a pessoa tenha conhecimento . provoca náuseas, enjôo e dor de cabeça quando o dependente consome álcool , sintomas que podem dar a idéia de uma morte iminente . Durante dezenas de anos foi o único recurso farmacológico para o tratamento do alcoolismo . O problema é que a pessoa se descobre , dificilmente o medicamento poderá ser colocado novamente na comida e ela continua a beber normalmente .

Nos anos 1990 novos medicamentos surgiram :

Naltrexona , resultado de intenso trabalho com animais de laboratório , surgiu em 1994 . Bloqueia no cérebro os receptores opióides existentes nos neurônios responsáveis pelos efeitos euforizantes do álcool , reduzindo a compulsão por álcool . Índice de sucesso de 20 a 65% em seis meses.

Acamprosato , foi a terceira droga surgida . Bloqueia a liberação de um neurotransmissor ( glutamato ) , produzido em quantidades excessivas pela exposição continuada à doses altas de álcool . Reduz a intensidade das crises de abstinência , mas seus resultados tem sido contraditórios . Índice de sucesso de 20 a 60% em seis meses

Bacoflen , relaxante muscular lançado na década de 1970 passou a ser estudado para o controle do consumo de álcool . O remédio age junto ao neurotransmissor GABA, simulando a ação do álcool , podendo assim diminuir o seu consumo ., Um estudo recente feito pela Faculdade de Medicina da Universidade do Chile mostra que os efeitos antibebida do Bacoflen são notáveis quando a droga é ingerida na proporção de 1 miligrama por quilo de peso . Porém , as autoridades mundiais de saúde ainda não aprovaram o uso deste medicamento . ( Veja, 9.9.2009, p. 86-93) .

Segundo Drauzio Varella , “nos últimos anos , a compreensão dos mecanismos moleculares que levam à liberação dos neurotransmissores envolvidos nas sensações de prazer, euforia , agressividade e dependência química associadas ao álcool , possibilitou a descoberta de novos tratamentos “( F S P , 7.6.2008 , p. E-12) .

Anticonvulsivantes , aumentam a atividade do neurotransmissor GABA , tirando a compulsão e os sintomas de abstinência.

Em estudo publicado em 2003 , pela revista “The Lancet” , o topiramato , usado em casos de epilepsia , enxaqueca e distúrbios alimentares , demonstrou ser capaz de reduzir o número de drinques diários de aumentar os dias de abstinência .

Em 2007 , foi demonstrado que a vareniclina , droga de aprovação recente para os que decidem livrar-se do cigarro , reduz a sofreguidão por bebidas alcoólicas em ratos tornados dependentes . É provável que tenha efeito semelhante em humanos .,

Outras drogas utilizadas são a gabapentina , o valproato .

A Ondansetrona , reduz a sensação de prazer proporcionada pelo álcool.

Avanços significativos tem ocorrido no estudo de outras drogas que interferem com o mecanismo de estresse, responsável pelo abuso nos mais ansiosos .

James Turner e Jennifer Bauerle , da Universidade da Virgínia defendem uma nova abordagem de controle do alcoolismo através do marketing positivo, que faz uso de todas as técnicas da propaganda para mudar comportamentos . Eles pesquisaram o consumo de álcool entre universitários e depois usaram cartazes com frases que ressaltavam os aspectos positivos de quem bebia com moderação . Frases como”Nove entre dez alunos do primeiro ano normalmente ou sempre impedem amigos que beberam de se machucar ou machucar outras pessoas”. “80% dos alunos normalmente ficam de olho nos amigos que beberam demais”. “77% dos alunos normalmente se certificam de comer antes de beber”. Ao perceber que o comportamento responsável é predominante , os estudantes passam a seguir o que faz a maioria . ( F S P , 5.9.2011, p. C-6) .



Álcool e remédios – Interações perigosas:



1. Potencialização do efeito do álcool – Dipirona

2. Danos no fígado – Paracetamol , Antibióticos ( Cetoconazol , Nitrofurantoína , Eritromicina , Rifampicina e Isoniazida ) , Estatinas para colesterol alto .

3. Sangramentos no estômago – Aspirina, Anti-inflamatórios e Estatinas para colesterol alto

4. Vômitos – Antibióticos ( Metronidazol, Trimetropim, Tinidazole e Griseofulvin) e Hipoglicemiantes – insulina.

5. Palpitação - Antibióticos ( Metronidazol, Trimetropim, Tinidazole e Griseofulvin) e Hipoglicemiantes – insulina.

6. Cefaléia - Hipoglicemiantes – insulina

7. Pressão Baixa - Antibióticos ( Metronidazol, Trimetropim, Tinidazole e Griseofulvin) .

8. Dificuldade Respiratória - Antibióticos ( Metronidazol, Trimetropim, Tinidazole e Griseofulvin) ,Calmantes – Ansiolíticos ( Benzodiazepina) e Anticonvulsivantes ( Fenobarbital, Diazepam, Clonazepam

9. Inibe o efeito do remédio - Antibióticos ( Cetoconazol , Nitrofurantoína , Eritromicina , Rifampicina e Isoniazida ), Anticonvulsivantes ( Fenobarbital, Diazepam, Clonazepam) e Antidepressivos .

10. Aumenta o efeito sedativo – Antidepressivos, Calmantes – Ansiolíticos ( Benzodiazepina)

11. Risco de coma - Calmantes – Ansiolíticos ( Benzodiazepina)

12. Tontura - Anticonvulsivantes ( Fenobarbital, Diazepam, Clonazepam), Inibidores de Apetite ( Sibutramina e Anfetamínicos ) e Anti-hipertensivos.

13. Vertigem - Inibidores de Apetite ( Sibutramina e Anfetamínicos)

14. Fraqueza - Inibidores de Apetite ( Sibutramina e Anfetamínicos)

15. Síncope - Inibidores de Apetite ( Sibutramina e Anfetamínicos)

16. Confusão - Inibidores de Apetite ( Sibutramina e Anfetamínicos)

17. Hipoglicemia – Hipoglicemiantes ( Insulina ) .

18. Intoxicação - Anticonvulsivantes ( Fenobarbital, Diazepam, Clonazepam)

19. Desmaios - Anti-hipertensivos

20. Arritmia cardíaca - Anti-hipertensivos.

Fontes : Amouni Mourad , CRF SP, Patrícia Mouriel , Unicamp , Arthur Guerra , psiquiatra e National Institute on Alcohol Abuse and Alchoolism . inFSP , 19.06.2011, p. C-8._



RISCOS NO EXCESSO E ABSTINÊNCIA



Segundo o psiquiatra Dartiu Xavier , da Unifesp, até 10% dos alcoólatras que tentam parar de beber de forma repentina e sem acompanhamento médico morrem . O organismo do alcoólatra se acostuma a funcionar na presença da bebida e uma parada brusca pode levar a desequilíbrios químicos e à morte por parada cardíaca o que pode ter sido a causa da morte da cantora Amy Winehouse embora os exames não tenham comprovado a causa real. ( F S P , 24.08.2011, p. C-7) .



REDAÇÃO – TEXTO 2 UNICAMP 2013 DEPENDÊNCIA ÁLCOOL



Imagine que, ao ler a matéria “Cães vão tomar uma ‘gelada’ com cerveja pet”, você se sente incomodado por não haver nela nenhuma alusão aos possíveis efeitos que esse tipo de produto pode ter sobre o consumo de álcool, especialmente por adolescentes. Como leitor assiduo, você vem acompanhando o debate sobre o alcool na adolescencia e decide escrever uma carta para a seção Leitor do jornal, criticando a matéria por não mencionar o problema do aumento do consumo de álcool.

Nessa carta, dirigida aos redatores do jornal, você deverá:

• fazer menção à matéria publicada, de modo que mesmo quem não a tenha lido entenda a importância da crítica que você faz;

• fundamentar a sua crítica com dados apresentados na matéria “Vergonha Nacional”, reproduzidos adiante.

Atenção: ao assinar a carta, use apenas as iniciais do remetente.

Caes vao tomar uma “gelada” com cerveja pet

Produto feito especialmente para cachorros chega ao mercado nacional em agosto Nada é melhor que uma cervejinha depois de um dia de cão.

Agora eles, os cães, também vão poder fazer jus a essa máxima. No mês de agosto chega ao mercado a Dog Beer, cerveja criada especialmente para os amigos de quatro patas. “Quem tem bicho de estimação gosta de dividir o prazer até na hora de comer e beber”, aposta o empresário M. M., 47, dono da marca. Para comemorar a final da Libertadores, a executiva A. P. C., 40, corintiana roxa, quis inserir Manolito, seu labrador, na festa.

“Ele tomou tudo. A cerveja é docinha, com fundinho de carne”, descreve.

Uniformizado, Manolito não só bebeu a gelada durante o jogo contra o Boca Juniors como latiu sem parar até o fim da partida.

Desenvolvida pelo centro de tecnologia e formação de cervejeiros do Senai, no Rio de Janeiro, a bebida canina é feita à base de malte e extrato de carne, não tem álcool, lúpulo, nem gás carbônico.

O dono da empresa promete uma linha completa de “petiscos líquidos”, que inclui suco, vinho e champanhe. A lista de produtos humanos em versões animais não para de crescer. Já existem molhos, tempero para ração e até patê. O sorvete Ice Pet é uma boa opção para o verão. A sobremesa tem menos lactose, não tem gorduras nem açúcar.

(Adaptado de Ricardo Bunduky, Folha de São Paulo, São Paulo, 22 julh.2012, Cotidiano 3p.)



Vergonha Nacional



As décadas de descumprimento da lei (…) contribuíram para que os adultos se habituassem a ver o consumo de bebidas por adolescentes como um “mal

menor”, comparado aos perigos do mundo. (…) Um estudo publicado pela revista científica Drugs and Alcohol Dependence ouviu 15.000 jovens nas 27 capitais brasileiras. O cenário que emerge do estudo é alarmante.

Ao longo de um ano, um em cada três jovens brasileiros de 14 a 17 anos se embebedou ao menos uma vez. Em 54% dos casos mais recentes, isso ocorreu na sua casa ou na de amigos ou parentes. Os números confirmam

também a leniência com que os adultos encaram a transgressão. Em 17% dos episódios, os menores estavam acompanhados dos próprios pais ou de tios.



Resultados da pesquisa realizada com 15.000 jovens de 14 a 17 anos nas 27 capitais brasileiras Quantas vezes se embebedou ?



Nenhuma vez 12% Uma vez na vida 35%

Ao menos uma vez no último ano 32% Ao menos uma vez no último mês 21%



Onde ficou embriagado (na última vez em que bebeu)

Bar 35% Casa de amigos 30% Casa de parentes 13% Própria casa 11%

Festas ou praia 11%



Com quem bebeu (na última vez em que bebeu)

Amigos 50% Irmãos e primos 26% Pais ou tios 17% Namorado 5%

Sozinho 2%



(Adaptado de Revista Veja, Editora Abril, São Paulo, n.º 28, 11 julh. 2012, p.81-82.)





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