CARTA AO PAI
Pai, o fio da lâmina
Parece mais cego
Quando fere nossas esperanças.
Ainda assim
Posso sentir o cansaço de Tua luta,
Ele inunda minha hipótese de inércia
E incendeia meu corpo
Feito um tambor a rufar
Tons dissonantes,
Bombardeando minha suposta fuga...
Meu afã me transborda:
É mais que excêntricos
Pontos de uma antiga rota,
É o tiro certo e sem volta,
É o instante de uma vida toda.
Não quero mais cinzas de sonhos,
Nem as sobras que outrora tive
Das sombras dos desejos derruídos.
Prefiro a realidade em seus parcos vôos,
Em seus saltos tímidos e aparentemente tolos.
Hoje sei que viver
É , antes de tudo,
Ver e sentir a vida
E que a vida é o que fazemos .;
E que esta coragem que me tem
Foi Teu melhor e maior presente
E eu não entregaria este meu refúgio assim,
Tão facilmente.
©Anderson Christofoletti
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