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Cronicas-->Atrocidades Infantis -- 23/03/2002 - 10:43 (Guilherme Laurito Summa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Segundo aquela famosa lenda, a "idade da razão" é o período da vida em que a criança começa a raciocinar, pois quando se tem menos de sete anos é impossível agir conscientemente.
Infelizmente, essa lei não se aplica à minha infància. Com mais ou menos nove anos, data posterior da que diz a lenda, cometi as mais terríveis e inescrupulosas atrocidades, que vão de formicídio a tortura.
Minha carreira de crimes começou quando era bem pequeno e, por isso, insensível aos sentimentos dos isópteros e dos homenópteros.
Era uma linda tarde. Eu estava no jardim da minha casa, como sempre, procurando alguma coisa para fazer, pois quando se é pequeno não existem obrigações. Entre uma observada e outra reparei numa fileira preta que se estendia pelo chão e se movimentava sem parar: eram formigas.
Daquele dia em diante a colónia de formigas do quintal da minha casa nunca mais seria a mesma. Depois de observar seu meio de vida atentamente tive uma diabólica idéia. Corri para a lavanderia como um louco, empolgado por ter descoberto uma nova maneira de me divertir, e enchi um copo de vidro com bastante detergente. Voltei para o quintal e comecei a pór em prática o satànico procedimento: uma a uma, pegava as formigas e mergulhava-as no detergente líquido de cor verde. O mais horrendo neste crime hediondo é que eu achava "da hora" observar as formigas agonizarem. Conforme afundavam na solução, iam agonizando até atingirem o fundo do copo, onde morriam.
Durante um longo período, massacrei as inocentes formiguinhas que trabalhavam duro para sobreviver no meu quintal. Seres que, bem diferente de nós, queriam apenas um buraquinho escondido na terra para morar, ou uma baratazinha para comer. Foram dezenas de vidas assassinadas e para quê? Para satisfazer a curiosidade infantil, mas injustificável, de ver um monte de pequeninos cadáveres num copo, formando uma imensa mancha negra. Foi um verdadeiro formicídio.
Mas o percurso psicótico não acabou nas formigas. Alguns anos depois, talvez por arrapendimento de ter sido o Hitler das formigas, talvez por isso constituir num benefício a favor da humanidade, ou talvez por crueldade mesmo, eu comecei a aniquilar siriris, aquelas térmitas voadoras que aparecem em dias de muito calor.
Diferente da época de quando matava formigas com os cupins voadores a coisa foi mais cruel. A primeira diferença é que eu tinha um cúmplice, um amigo meu, Eduardo, que participou dessas atrocidades.
Nos dias bem quentes de verão nós dois saíamos a rua à procura dos insetos. Milhares deles podiam ser encontrados voando sob os postes de iluminação e pelo chão também. E era lá, no chão, que pegávamos as criaturas a arrancávamos suas asas. Sem poder voar era impossível fugir da voracidade das formigas. Isso mesmo: anulávamos sua capacidade de vóo, transformando um sofisticado siriri voador num mero e terrestre cupim, e entregávamos às formigas famintas. Eles tentavam escapar, mas elas eram muitas e nos alegrava ver os corpos dos cupins sendo retalhados pelas mandíbulas.
Se o mundo fosse perfeito, todo ser humano seria um pouco cruel com insetos em sua infància...
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