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Contos-->O Santo -- 06/06/2000 - 12:40 (Eduardo Henrique Américo dos Reis) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O dono do bar da rua cinco, esquina com a treze, é a pessoa mais ranzinza que eu e meus amigos tivemos o prazer de conhecer.
Nós sempre gostamos de beber e adorávamos frequentar aquele barzinho, os garçons sempre foram muito legais com os fregueses, em todos os finais de semana podíamos encontrar as mesmas pessoas lá.
O lugar não tinha tanta luxúria, para falar a verdade era um boteco como outro qualquer, mas nós nunca demos muito valor para as aparências. A não ser quando o mau humorado do dono do bar vinha lá de dentro da cozinha, com aquela cara feia, a barba mau feita, ele nunca tomava banho, estava sempre com a mesma camisa.
Quando ele aparecia, o bar todo fazia silêncio. Um amigo meu era o único que tinha coragem de dizer alguma coisa. O homem odiava ele mais do que qualquer outro ser da face da Terra. “O senhor emagreceu hein, tá até mais bonito!” A alegria dele era infernizar a vida do homem.
“Seus moleques! Vocês continuam com esta maldita idéia de dar um golinho pro Santo! Santo não bebe, só suja o meu chão! Quando vem freguês novo, ele nem entra por causa da sujeira!” Era isso que o velho dizia todas as Sextas e Sábados. Havia um pequeno detalhe, nunca ia um freguês novo naquela espelunca... a não ser alguns mendigos beberrões que passavam por ali de vez em quando.
Certa vez o ranzinza me pegou em flagrante dando um “gole pro Santo”. Não gosto nem de lembrar. Nem meu pai me trata tão mal quando brigamos. Eu achei que ele iria até me bater, mas não, ele nunca faz nada. Nem manda limpar o chão.
Alguns dias atrás, aquele meu amigo me contou uma história um tanto constrangedora do dono do bar. Neste dia eu não fui até lá, estava doente.
O homem entrou no bar cumprimentando a todos, com a barba feita, de camisa nova, todo risonho. Estava apressado e foi direto pra cozinha. Os dos garçons disse que ele havia saído para resolver uns “problemas financeiros”.
“Hoje eu quero ver todo mundo bebendo de graça!” Foi uma cena muito estranha, pois além de chato, também era um mão de vaca. O negócio deve ter sido muito bom para o homem mudar tanto de uma hora para a outra. Até ele sentou na mesa dos meus amigos para beber!
Conversou sobre tudo com todos, quando eram quase cinco horas da manhã, o bar fez silêncio novamente... o ranzinza jogou um gole do copo de cerveja que tinha acabado de encher no chão e disse totalmente bêbado: “ Esse é pro Santo!” Ninguém acreditou no que estava vendo, mas não deram muita importância e continuaram a festa.
Já eram seis da manhã, o bar já vazio, até os empregados tinham ido para suas casas e o homem, feliz, continuava a beber e a cantar como um louco varrido.
De repente uma forte luz ofuscou os seus olhos, assustando o proprietário do local. “Ei, o que é isso! Pare com esta luz!” A luminosidade foi se reduzindo e ao mesmo tempo se aproximando. Quando já estava ao lado do homem embriagado, a luz se apagou, formando a imagem de um velhinho calmo, vestido com algo parecido com uma batina e uma auréola sobre a cabeça. A imagem puxou uma das cadeiras da mesa e sentou-se. Uma das garrafas de cerveja foi derrubada pelo braço do dono do bar num movimento repentino. “Quem é você?”, gritou. “Não precisa jogar no chão! Eu sou o Santo para quem você negou bebida por todos estes anos!”. “Não, você não existe! Eu bebi demais!”, dizia o ranzinza coçando os olhos.
“Não meu bom senhor, você está me vendo realmente. Você vive dizendo que eu não bebo. Quando vivo, eu não bebia... mas depois de me tornar Santo... eu tive de experimentar! É por isso que estou aqui neste momento, aproveitei sua felicidade... e vim lhe fazer uma visita! Vamos lá homem, pega uma gelada e põe nessa mesa!”
Depois deste dia, o bar fechou. Fiquei sabendo que o ranzinza não bebe mais e já não é agressivo como antigamente. E quem disse que Santo de casa não faz milagre?
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