Eu sou o samba, devo contar. Nessa noite quente do Rio de Janeiro, quero dançar atrás de seus passos e mesmo assim você foge para outra ala. Compramos a mesma fantasia, não se lembra? Na ultima hora, sem eu saber, entrei na avenida sozinha.
Nem pense você que fico parada ao passar da bateria. Sambo para provar que posso alinhar pés da forma mais agradável possível, como aquela mulata que sabe que agrada. Mas devo confessar: meus pés se alinham aos seus pela rua animada. Meu samba não tem ritmo sem o seu rebolado. Fico presa, não mexo os braços como devo. Mesmo fazendo esforços para procurar meu par na comissão de frente, penso em você na hora do refrão do enredo.
No final do desfile, me escondo entre os carros alegóricos. Traiçoeiros esses carros. Bem na frente do mais bonito, lá está você. Tão malandro com sua mulata e o samba no pé. Tiro a fantasia. Vou para o barracão.
Como o samba de amor, sozinha vou estar na apuração