Espelho da alma, reflexo de uma vida, soma de tantos momentos , tantas emoções, grandes alegrias, incontáveis tristezas.
Marcas do tempo, desenhadas na pele, no brilho dos olhos, na flacidez do corpo, refletidas nos espelhos, nos rostos das pessoas. Imagens desconhecidas, sustos constantes. Flashes de lembranças anteriores, incertezas, inseguranças, outras necessidades. Outros tempos, outros espelhos.
Encontros com o passado, o presente, visões do futuro. Como é possível? Como aceitar, sublimar, substituir, acrescentar. É um problema. Sua cabeça é de menina, seus desejos de adolescente, seu corpo de jovem, mas sua imagem perante os jovens está ultrapassada.
Carinhosamente você passa a ser chamada de senhora. Em lugares públicos, as pessoas mais educadas lhe oferecem o lugar, e de susto em susto, você vai tentando se acostumar com sua nova identidade.
De década em década, a decadência física fica mais evidente e não venham me dizer que envelhecer é um estado de espírito.
No mais é a chatice de ser tolerada, de ir levando. De se contentar em ser feliz com a felicidade dos outros. É passar pelo ridículo de ser criança outra vez. E de ver a impaciência com que as pessoas lidam com essa realidade. E além disso encarar a realidade da imagem refletida nos espelhos. E ter a obrigatoriedade de sorrir, mesmo com vontade de chorar para diminuir o impacto dos reflexos.
Nos olhos, nos espelhos...
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