Meus dias eram segundos,
Findos num estalar de dedos,
Semanas e meses em minutos,
Horas de um vil pesadelo.
Mas na primeira vez que te olhava,
A terra não estava girando,
Tudo em torno de nós parava,
Sentia, no peito, algo vibrando.
Na cena estática,
Naquele momento,
Calei meus elogios,
Ceguei meus sentimentos,
Senti calafrios,
E voltei à realidade.
Mas o tempo já não voava,
Às vezes, aflito, esperava,
Que você aparecesse aos olhos.
Surgisse de um mundo de sonhos.
...
E meu mundo foi ficando lento,
Os segundos eram dias,
E você meus pensamentos,
As horas agonias,
Que eu sentia em silêncio.
Tardes tornaram-se longas,
Noites formavam-se solitárias,
Madrugada... minha mente sonhava,
Com esse olhar, que sempre me amava.
Minhas manhãs têm tido meses,
E os dias têm-me amadurecido,
Mesmo que sinta ter sido esquecido,
Lembro da tua voz todas as vezes.
Assim, sentindo-me cada vez mais maduro,
Posso dizer que não aprendi tarde,
Que amar é confiar no futuro,
E que o tempo obedece à saudade.
Mauricio Braga de Almeida
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