A ONU E A AMAZÔNIA
Grupo Guararapes - Doc 140/2007
O novo Secretário-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, que veio recentemente ao BRASIL e teve conversa com o presidente da República, declarou, sem muita surpresa para nós, do Grupo Guararapes, que a AMAZÔNIA “é um bem de toda a humanidade” (bem de conformidade com o preconizado pelo Conselho Mundial de Igrejas). É um bem aplicado aprendiz da balela que as nações hegemônicas criaram, de que “a AMAZÔNIA é patrimônio da humanidade”. Com isto, já botou suas “manguinhas” de fora.
E prometeu, no seu terceiro e último dia da visita ao BRASIL, que a ONU vai trabalhar em conjunto com o governo e o povo brasileiro na defesa da AMAZÔNIA. Mas, preparando terreno para lograr sua intenção, revelou suas reais idéias quando, referindo-se às lideranças indígenas e às populações ribeirinhas, lembrou que elas são pioneiras na preservação da floresta. Esta é a palavra – preservação – que contraria a política brasileira. Pois preservar é manter intocável, o que eles, os hegemônicos, desejam, para o inteiro aproveitamento futuro da região. A política brasileira sempre foi, até intuitivamente, e deverá ser, sempre, a da conservação, isto é, o aproveitamento sustentável da região em proveito do desenvolvimento brasileiro.
Sintomático é que Ban Ki-moon saiu de Brasília pressuroso e foi parar lá na AMAZÔNIA – provavelmente o objetivo principal de sua viagem –, e levado à paradisíaca Ilha de Combu – uma área de proteção ambiental – que fica a 1,5 Km Sul de Belém, à margem esquerda do rio Guamá, tendo à sua frente, e do outro lado do rio, o Campus da Universidade Federal do Pará (a UFPA). Ele se fazia acompanhar da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e, também, da Governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (ambas do PT). A ministra – surpreendentemente, ou até por uma cândida inocência (?), se fez de acordo com o visitante, dizendo que a presença dele reforçava “os esforços brasileiros de preservar seu ambiente”. Mas foi consistente quando pediu medidas concretas para conter as mudanças climáticas, porém fraquejou, outra vez, quando disse esperar que os países que se beneficiam de produtos da AMAZÔNIA, possam contribuir para a preservação da região amazônica. É isso justamente o que eles mais querem: “preservar” para eles.
Não disfarçando o intrometimento em assuntos da cozinha interna da política governamental brasileira, relatou, ao que parecia satisfeito, que, da conversa com Lula, obteve o “compromisso” de que o BRASIL não usaria terras da AMAZÔNIA para produzir alimentos (!!!). Um compromisso impensado, que não se justifica de pleno.
É preciso que não nos enganemos, nem nos deixemos enganar. Cuidado! A ONU é dominada pelos países ricos e o Sr Ban Ki-moon deve estar muito feliz com o posto que ocupa e que lhe dá um renome internacional, além dos proventos materiais que do cargo aufere. No mundo de hoje, temos de ser mais realistas que o rei.
(Fonte: Folha de S.Paulo – 14.11.07 – CYNTIA ACAIABA)
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