PÉTALAS DESPEDAÇADAS
A brisa
Beija
A rosa
Sobre a mesa.
O mármore partido arremessa
Um grito
Grave
Que há tempos
Dormia.
Não era pedra bruta,
Havia alma naquela escultura.
Não era pedra fria,
Seu relevo gritava às retinas,
Ao raiar do dia.
Cada aresta viva
Ou biselada
Guardava
Um sentimento criador
- Postura severa, mas olhos de amor -.
Possuía seu brilho ofuscado
Pela beleza da rosa que sempre a guardava.
A tez ruiva das folhas
Denunciava o tempo consumido.
A rosa
Parte ,
Já sem poesia...
O mármore,
Mesmo partido,
Traspassa o tempo lírico
Tácito,
Inerte
Por sobre a mesa
Ungida de pétalas despedaçadas.
©Anderson Christofoletti
|