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Contos-->Um sonho sem lugar -- 06/06/2000 - 13:17 (fabrício lopes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
De repente, Meu Pensamento começa a voar... E voa, voa... Vai voando sem saber o motivo, meio desengonçado, até chegar a um coração alheio. Então, timidamente, ele bate à porta... e uma voz responde: - Entre, está frio aí fora; entre e fique à vontade; a casa é sua...
Era uma casa de madeiras toscas, com um jardim sem flores e árvores sem folhas; solitá-ria em meio a uma floresta. Meu Pensamento hesitou por um instante... A voz, então, voltou a falar-lhe: - De que tens medo? Um simples rolar de maçaneta poderá transformar sua vida e alterar o dia de sua morte...
A voz era convincente e Meu Pensamento sentia essa voz rouca, mas suave, aquietar-lhe o espírito. Ele olhou para cima e percebeu o sol cair rápido por detrás das montanhas; o frio o congela-va... A noite chegava como a morte chega para aliviar um enfermidade incurável.
Meu Pensamento, agora com convicção, volveu os olhos para a porta e pegou na maça-neta com as mãos endurecidas pelo frio e pelo cansaço. Rodou-a devagar até ouvir o barulho que indi-cava que a porta estava aberta. Ele abriu de uma vez a porta e entrou, vindo logo a fechá-la. Então tudo o que outrora tinha visto, desaparecera para dar lugar a uma realidade nova.
O interior da casa era lindo. Havia um quadro de extraordinária beleza na parede que estava à sua frente... Era estranho o seu estilo (talvez por isso fosse tão bonito); era como se o vesse debaixo de uma fina camada de água cristalina que o vento não deixava quieta. Entretanto, no quadro não havia o nome do artista.
Em tudo havia luz, não era mais noite. O sol vindo da janela alegrava as flores, e era tantas: tulipas, lírios, rosas, jasmins, narcisos, violetas e jacintos. Meu Pensamento, meio cético, colo-cou os óculos cheios de graus e foi até à janela. Viu o jardim mais colorido que existe; pássaros exóti-cos voavam por sobre um enorme lago azul que o deixou confuso, pois não sabia se o céu estava em cima ou embaixo. E as árvores em volta do jardim estavam carregados de frutos. Uma floresta toda or-valhada, Meu Pensamento via, como se a noite tivesse chorado.
O sorriso não lhe saia do rosto por mais que tentasse. Então ouviu a voz novamente: - Sou uma flor guardada dentro de confissões... - Meu Pensamento olhou por todos os lados. Ficou ater-rorizado, porque não tinha ninguém na casa.
- Não confie nos seus olhos; eles te levarão para a cova...
- Quem é? – replicou Meu Pensamento, gaguejando.
- Por que me fazes uma pergunta cuja resposta já te dei? – Enquanto a voz falava, Meu Pensamento aguçava sua audição para saber de onde ela vinha. – Eu sou o Amor... Tens tu amor?
- Não creio que eu tenha amor, até porque meu coração é vazio. – Murmurou consigo, Meu Pensamento, descobrindo que a voz vinha do quadro. E olhando para ele, disse:
- Tu estás aí? Por que não te apareces?

- Eu posso estar aqui, ou posso estar aí, dentro de ti, ou posso não estar; posso apenas ser... Por que buscas entender-me?... Seus olhos não me verão e sua razão o abandonará... Toque-me, porventura, e poderás sentir-me e nossas essências se enraizarão uma na outra... E não diga que não tens amor. Vieste voando... Tens asas; tens amor!
Meu Pensamento, então convencido de que a voz estava certa, lembrou do breu que era lá fora, por trás da porta pela qual entrara e que a solidão não o confortava como a Montaigne. Olhou para suas mãos, agora quentes. Um calor agradável subia pelo seu ventre, passara pelo tórax aliviando os seus pulmões, até chegar nos olhos, fazendo-se em lágrimas.
Então, levando o braço direito em direção ao quadro, sentiu seu lábio inferior tremer e uma brisa estiva a entrar pela janela flanelando suas vestimentas velhas.
Todos os sentimentos que um homem pode sentir, transbordava em seu peito. Com o braço levantado, esticou seu indicador mais do que os outros dedos e tocou o quadro...
... O vento, então, aumentou forte como uma tormenta e Meu Pensamento começou a gritar. Nesse mesmo instante, o quadro brilhou mais que o sol e as pétalas das flores soltaram-se e for-maram um redemoinho em volta do Meu Pensamento e o vestiram. E, tornando-se luzes, as pétalas en-traram no quadro com ele como um meteoro quando entra na atmosfera da Terra. E ao entrarem, no quadro se fez ondas como um pingo de chuva que cai numa poça d’água.
E subitamente, por um instante, reinou o silêncio em absoluto. Mas, depois, surgiram vá-rios sons: risos; pessoas conversavam, debatiam sobre o futuro; senti e ouvi crianças correndo pela casa; brincavam e riam e choravam. Ouvi também um som de bebê num berço embalado por alguém que lhe cantava uma deliciosa música de ninar.
Eu ouvia, sentia, mas... não via nada. De olhos abertos, a casa estava vazia. Fechei os olhos... e vi o Amor cheio de amores!...
Abri os olhos novamente e vi que tinha acordado...
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