A surpresa da escada do amor.
Quero contar pra vocês,
Com a maior precisão,
Qual foi a minha impressão,
Quando pensei certa vez
Sobre a maior emoção
Que temos no coração,
Sem contar nem até três.
Pois o amor, quando chega,
Vem logo arrepiando,
Deixa a gente se enganando,
E mole feito manteiga,
Quem ama, se abestalhando,
Pensa que está ganhando,
É a pessoa mais meiga.
Ele vai levando a gente,
Com tantos sonhos que traz,
A fazer tudo demais,
Deixa até impaciente.
É como ficar sem paz
Ser notícia nos jornais,
Junta tudo que se sente.
Eu comparo o amor,
A uma grande escada,
Comprida e enviesada,
Onde a pessoa entrou;
E que depois de entrar
Nunca pensa em voltar,
Por mais que vá sentir dor.
Ela tem tantos batentes,
Pelos quais vamos subindo,
Avançando e seguindo,
Continuando em frente;
Mesmo se desiludindo,
Todos continuam indo,
Lá ninguém é diferente.
A subida continua,
Por toda aquela escada,
Que é uma grande parada,
Maior do que muita rua;
Perigosa, engraçada,
Não se compara a nada,
Parece que se flutua.
Nessa seqüência subida,
Com pássaros e jardins,
Quem sabe até querubins,
Tudo de bom dessa vida,
Finda chegando ao fim,
Pois a escada é assim,
Nunca garante guarida.
Aí vem uma surpresa,
Bem lá no fim da escada,
Uma parede fechada,
Lisa, que é uma beleza;
Não tem por onde
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