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cronicas-->O carvão e a greve -- 29/03/2002 - 11:33 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ramiz Galvão, um pequeno povoado que teve seu período de apogeu a beira de uma estrada de ferro e as margens do rio Jacuí. Um vilarejo que congregava uma numerosa quantidade de trabalhadores ferroviários, pois o Depósito e o Socorro faziam parte das atividades e serviços prestados pela Viação Férrea.
Nos longínquos tempos de carvão e Maria-fumaça, no movimentado distrito de Rio Pardo, hoje bairro Ramiz Galvão, algumas datas eram festejadas com maior participação da comunidade, dentre elas o dia dos ferroviários, 31 de outubro, como também a entrada do ano novo e o 1o de maio. Essas ocasiões especiais eram comemoradas com festejos, churrascadas, jogos (futebol de várzea, bocha e bolão) atividades que reuniam a família ferroviária com festividades por um dia inteiro. Certamente que aglomeração parecida só quando o seu Getúlio vinha em campanha pelo trem de passageiros. A Estação Ramiz era uma parada obrigatória e palco para um grande comício trabalhista.
A religiosidade do lugarejo era manifestada nos encontros dominicais na capela Santa Terezinha, a padroeira do povoado, com a tradicional missa das dez. Anualmente a procissão de São Nicolau, reunia romeiros de toda a região, quando tínhamos as quermesses e muita devoção e oração.
Nos períodos de festas carnavalescas os grupos se formavam e criavam os blocos de carnaval. O "Olha e Deixa", da Associação, fazia uma histórica disputa com o "Espia Só", do Grêmio. A animação era intensa nos carnavais, no velho povoado a beira da estrada de ferro e as margens do rio.
O sentimento de solidariedade dos ferroviários era muito grande e para fazer uma greve não havia muitos entraves e nem muita discussão, muito menos disputas verbais acaloradas em uma assembléia da categoria. Bastava um apito. A senha era um apito mais prolongado na Maria-fumaça, o motivo ficava-se sabendo posteriormente.
Certa tarde seu Amaranto soou o apito da milionária com o devido tempo para avisar da greve, tinha recebido pelo telégrafo, que os ferroviários de Santa Maria haviam deflagrado uma paralisação por tempo indeterminado. Estavam parados desde a meia noite daquele dia. Imediatamente, Ramiz Galvão pára. Ninguém sabia o porquê pois a notícia era bem objetiva. "Santa Maria parou a partir da meia noite passada".
- Bueno! Se Santa Maria parou nós paramos. - Comentou seu Doeclécio, um guarda-freio com tempo de aposentadoria expirado. E também pararam.
Apenas no dia seguinte, Seu Amaranto recebe outro telégrafo esclarecendo o motivo de Santa Maria ter deflagrado a greve. Era uma greve em solidariedade aos bancários que estavam em época de dissídio e não tinham recebido proposta de aumento salarial.
Hoje, falamos muito em solidariedade e muitos de nós mal sabíamos que os ferrinhos a praticavam há mais de cinquenta anos. No sindicalismo atual fazer greve é temeroso, imaginem uma greve em solidariedade a outra categoria de trabalhadores. É, realmente, o mundo mudou.
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