RETRATO DE UMA SALA DE AULA
- Bom dia, crianças !
- Bom dia, querida professora !
- Nossa ! Que barulho ! Que sala! Que alunos! Quanta energia ! - murmurou a professora.
- Por favor, Silêncio. Desta forma vocês não conseguirão prestar atenção nesta aula que a professora preparou com tanto carinho, tanta dedicação, tanto amor...
A bagunça ainda continua, mais moderada com certeza. A querida professorinha consegue equilibrar as conversas; um jogo de cintura aqui, um carinho ali, um gritinho lá. Com seu jeitinho a aula tem um equilíbrio perfeito. Evidente que os "lindinhos" da 5a. série olham o relógio desesperadamente, afinal, após o sinal, será o tão esperado recreio.
- Crianças entenderam ?
- Sim, querida professora!!! - gritaram todos.
Evidente que eles entenderam tudo. O toque para o intervalo, será dado em dois minutos. Entretanto, um inocente aluno, sentadinho lá no fundo da sala, ergue o braço e indaga:
- Eu não entendi, A senhora poderia explicar novamente?
- Não entendeu Felipe?
- Não senhora.
O alvoroço começou. Os alunos indignados quase se ergueram para “ estapear “ o pobre Felipe. A professora disfarçando sua vontade de rir, retomou a explicação, ouvindo também os sussurros dos alunos:
- "Ainda mato o Felipe de socos"
- "Vamos ajustar as contas na saída"
- "Imagine, perguntar bem na hora do sinal"
O pequeno Felipe com os olhos arregalados, não sabia se prestava atenção no que a professora falava ou para seus colegas, pois naquele instante o sinal soava estridentemente. Novo alvoroço.
- Calma meninos! - dizia a professora.
- Ainda não terminei a aula. O Felipe ainda está com dúvidas, nós temos que ajudá-lo. Enquanto eu não acabar, ninguém sairá da aula.
- Como professora! - Isto não é justo. Queremos sair agora. É a nossa hora do lanche.
- Não. Não irão sair. Aguardem mais um instante.
Que tristeza. Só conseguiram sair depois de passar mais da metade do recreio.
Assim, se o pequeno Felipe sanou suas dúvidas, não temos certeza, mas podemos afirmar que o intervalo não foi um dos melhores para ele, desta forma, a professora que entrou tão brava e séria na sala, conseguiu sair rindo das artes de seus pupilos. Desta vez, 1 x 0 para ela.
Veneza de Almeida Babicsak.
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