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Artigos-->Focos diferentes -- 15/01/2008 - 10:33 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Durante a exibição de filmes do quinto Festival de Cinema da Amazônia, ocorrida em Novembro de 2007, uma produção estrangeira chamou atenção especial do público. O filme intitulado The Devils Railroad, produzido por Willian Odwyer Fogtman e Christian Kaasberg.

A temática do filme já foi explorada em textos e imagens por dezenas de produtores culturais, jornalistas, políticos e empresários, quase sempre focalizando os tempos de glória da ferrovia, os empregos perdidos, a construção da BR-364.

A visão dos produtores noruegueses foi a exploração do homem pelo homem, o deslocamento de massas humanas e a extinção de grupos étnicos para atender a especulação do capital, tornando mais humanística a abordagem da questão amazônica e indagando sobre as características do sistema de produção de felicidade dos europeus e norte-americanos. Uma visão diferente das gloriosas intervenções que alguns já fizeram, muitas baseadas no inexorável avanço do capital, da extinção natural de grupos subdesenvolvidos em termos de tecnologia.

Mostrar ao mundo que parte da Amazônia foi devastada e o contingente de habitantes da terra dizimados apenas para manter os automóveis norte-americanos rodando [uma das informações contidas no filme] desmistifica o amor de alguns pela ferrovia.

Quem conhece as histórias de construção de ferrovias pelo mundo [ver casos da expansão leste-oeste nos Estados Unidos, Índia e no próprio Brasil] sabe que por onde os trilhos passaram os massacres de populações tradicionais aconteceram.

Saudosistas tentam de vez em quando ressuscitar a ferrovia no seu trecho máximo, entre Porto Velho e Guajará-Mirim. Mesmo que isso fosse feito com finalidade de atrair turistas ainda assim haveria questionamentos. O turismo em Rondônia é incipiente, quase não significa nada em termos de arrecadação. Não que o Estado seja desprovido de paisagens atrativas. Falta estrutura em termos de hotéis e restaurantes. Os empresários do setor pouco investem em treinamento de pessoal. A ferrovia não teria coeficiente financeiro para garantir uma sobrevida.

Resta a alternativa de um estudo responsável para determinado limite de rodagem, agora também ameaçado pela construção das usinas em Santo Antônio e Jirau. Não será possível reativar a ferrovia em sua plenitude. Num futuro não muito distante os diretores noruegueses ou de outra nacionalidade poderão fazer um filme com o título As usinas do diabo também. O que resta de populações tradicionais na região compreendida entre os rios Madeira e Guaporé serão afetadas, quem sabe encerrando em poucos anos a história viva dos ameríndios.

Seus descendentes miscigenados terão apenas filmes e relatos em textos e imagens sobre o que foi a Amazônia pré-capitalista.



*Professor universitário
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