A arte de tourear
Fernando Zocca
A tauromaquia (combate de touro) talvez tenha origem minoana. Nos afrescos do palácio de Cnossos há homens e touros que participam de uma forma primitiva de luta ou de uma cerimônia ritual hoje indecifrável.
Na Tessália era corrente a taurocapsia, perseguição do touro por cavaleiros até a captura. A prática paralela de lutar a pé com o animal já é atestada em moedas helênicas do séc. V. Do toreo a pie ou empeño a pie, forma navarresca, seca e ginástica, derivou a tourada moderna, ou corrida.
A existência de touros agressivos na Ibéria, cujo apresamento, difícil embora, se impunha, está na origem do gosto espanhol pela lídia. Mas é difícil precisar em que época a caça se transmudou em combate e o combate em festa.
Júlio Cesar, que foi questor e governador na Hispânia, difundiu em Roma a tourada a cavalo, que vira em Gádex (Cádix). Ao conquistarem a península, os visigodos respeitaram o costume local. E os mouros, malgrado sua repugnância pelo sangue, adotaram o costume, requintando-o. A tourada a cavalo muito lhes deve. Mas o essencial, a corrida continuou a ser uma festa cristã.
El Cid figura maior da Reconquista, foi também o primeiro fidalgo a tomar parte em corridas de touro a cavalo.
Com o advento dos Bourbons, no séc. XVIII, os fidalgos abandonaram o picadeiro e entraram em campo os antigos peones, que haviam sido auxiliares ou pagens dos nobres diestros de a caballo, e que portando varas compridas, passaram ao primeiro plano e começaram a executar a maior parte das faenas que iriam constituir o repertório da tourada moderna.
Alguns eram ainda membros da pequena nobreza; outros eram camponeses e boiadeiros, que se fizeram profissionais da arena.
A forma pirenaica de tourear prevalecera sobre a forma andaluza. Deve-se a Francisco Romero, de Málaga o uso regular da muleta como instrumento de defesa, em lugar da capa enrolada no braço, do combate a pé; a Juan Romero, a divisão da tourada em tercios (varas, banderillas, muerte) e a criação da cuadrilla completa.
Deve-se a José Delgado Galvez, conhecido como Pepe Illo a regularização do lance básico de capa, conhecido como verônica, praticado de frente para o touro e com as duas mãos.
São muitos os toureiros famosos. Toda lista deve incluir o nome dos Romero, que são seis: o velho Francisco, fundador da dinastia; seu filho Juan: e seus netos Pedro, José, Antonio e Gaspar. E além deles: Pedro Joaquim Rodrigues; José Delgado y Galvez; José Redondo Dominguez; Rafael Molina Sanchez, José Gomes Ortega, Juan Belmonte Garcia, Domingo L. Ortega, de Toledo; Manuel Rodriguez Sanchez, Manoelete, de Córdoba; Luis Miguel González Lucas, Dominguín, de Madrid; e Manuel Benitez Pérez, el Cordobés.
No Brasil não existe esse tipo de atividade, de arte. Que viva o touro!
Na terra do futebol não se pratica a tauromaquia. Os animais são criados para o corte
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