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Poesias-->Chão estrelado -- 17/08/2002 - 14:48 (Airam Ribeiro) |
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Chão estrelado
Meu chão estrelado
Com estrelas da cor de prata,
Bordava no meio da casa
Retratos de uma vida pacata.
Em noite de lua cheia
Deitado em meu travesseiro,
Olhando para o telhado
Meu lugarzinho sorrateiro.
Meu corpo caia formando
No meu colchão de capim,
Moldava o jeito todinho
Cavando o lugar de dormir.
De dentro eu via a rua
Das fendas que o tempo rasgava,
E via o clarão do luar
Na rua onde eu morava.
A meiga jovem raizeira
A todos vinha consolar,
Já tinha como de hábito
Sumo de raízes nos dar.
A raizeira simples minha mãe
Para todos vinha trazer,
Os frutos do abacateiro
Que no quintal vi nascer.
Era um creme gostoso
Essa vitamina com água,
Às vezes vinha suco de manga
Que vida! Lembranças sem mágoa.
Barracão feito de tábuas
Para mim era um bangalô,
Sei que foi uma vida dura
Mas lembrança boa ficou.
Barracão de telhas furadas
Deixando o chão estrelado,
Se pudesse voltaria no tempo
Para viver ao teu lado.
Com papai, mamãe e irmãos.
O meu barraco virou saudade,
Alí eu vivi muitos anos
Vida dura! Com felicidades.
Quarenta anos se passaram
O poeta vive a relembrar,
Porque ele viaja no tempo
Quando está a meditar.
De: Airam Ribeiro
- Itanhém-Ba-02/l0/98.
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