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Artigos-->História de Itaberaí -- 21/01/2008 - 10:40 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


História de Itaberaí

* do livro de Dr. Derval Alves de Castro - Annaes da Comarca do Rio das Pedras, editado em 1933.



A cidade de Curralinho, hoje Itaberaí, em 1819, recebeu o iminente naturalista francês Saint-Hilaire, Itaberaí já era um povoado próspero, onde se festejavam anualmente a festa de Pentecostes, no dia 12 de agosto, e as tradicionais folias do Divino, em 1824, já existia a praça da Matriz, e duas pequenas ruas, a Municipal e Sete de Setembro, com o número total de 52 casas. Capitão-mor Salvador Pedroso de Campos, foi o fundador desta cidade, temos a dizer que a ele cabe de fato toda essa glória. A ele sim, que passou a maior parte de sua existência na fazenda Palmital, a qual abrangia certa porção da antiga Curralinho, e que foi o homem mais abastado de seu tempo, tendo, por isso mesmo exercida real influência sobre os seus contemporâneos. Capitão-mor Salvador Pedroso extraiu grande quantidade de ouro, a ponto de ter os seus utensílios caseiros, tais como pratos, talheres, xícaras, copos, bandejas, etc, todo desse precioso metal. O capitão-mor, que era descendente de índios, faleceu na Capital de Goiás, em 1818, com 67 anos de idade. Passou a fazenda Palmital a pertencer uma metade a sua filha Maria Vitória de Campos Fonseca e a outra metade a viúva dona Maria Anastácia da Fonseca, que registraram em comum a fazenda Engenho do Palmital. Dona Maria Victória deixou uma descendência de cinco filhos, que são, por ordem originaria: Padre Luiz Antônio da Fonseca (Padre Lulú), Miguel Ignácio da Fonseca, Ana Francisca da Fonseca, Maria das Dores Fonseca e Honorato Maria da Fonseca. Padre Lulú, após receber a ordenação, teve cinco filhos com aquela que devia ser sua esposa, Dona Luiza Utim, e que não o foi por atender as exigências maternas que impunham a sua ordenação. São eles: Leonor Maria da Fonseca, Luiz Antônio da Fonseca, Salvador Pedroso de Campos Fonseca, José Ignácio da Fonseca e Benjamim Constant da Fonseca. E para perpetuar um exemplo de patriótica fecundidade, o fato extraordinário de ter Dona Ana Francisca da Fonseca, na sua oportuna união com Tristão da Cunha Moraes, vinte e quatro filhos, dos quais vinte e um atingiram a maturidade. Pelo exposto vemos positivamente que a formação, a parte construtiva, e que levantou o arraial da antiga Curralinho, portanto sua fundação, deve-se ao capitão-mor Salvador Pedroso de Campos, auxiliado pela devoção de alguns roceiros da região.

A origem, porém, propriamente dita de Itaberaí, ou melhor, o que deu motivo a sua fundação, remonta a meados do século XVII, reinava D. João V, o vigésimo quarto rei de Portugal, em 1749, quando foi Goiás declarado independente da Capitania de São Paulo, sendo nomeado governador da nova Capitania D. Marcos de Noronha, mais tarde Conde dos Arcos, da qual tomou posse em 8 de novembro de 1749. Por essa ocasião chegaram a capitania de Goiás os irmãos Távora, ricos fidalgos portugueses, dentro os quais se contava D. Álvaro José Xavier Botelho de Távora ou Conde de São Miguel, que em 31 de Agosto de 1755 recebeu o governo de Goiás, tornando assim o seu sétimo governador, das mãos de D. Marcos de Noronha, que foi nomeado vice-rei do Brasil. Na sua inata ambição pelo ouro, ocuparam os irmãos Távora as terras do alto vale de Uru, onde então fizeram duas estâncias a Quinta e o Santo Isidro, hoje pertencentes aos herdeiros do Coronel Eugênio Rodrigues Jardim. Devido a uma grande geada que ressecados pastos e a seca que já se fazia sentir, e que celebrizaria mais tarde, em 1774, os três primeiros anos da benfazeja e energia administrativa de D. José de Vasconcelos Sobral, Barão de Mossâmedes e Visconde da Lapa, II governador de Goiás, viu o seu gado afugentar-se das pastagens costumeiras nas redondezas das fazendas Quinta e Santa Isidro, em demanda de outros sítios circunvizinhos, a cata de forragem já ali escassa. E o gado à medida que a seca e a fome iam aumentando, diminuindo, portanto, as águas e os pastos, iam também por sua vez se afastando para outras regiões mais longínquas.

Foi de modo que o gado, a procura de alimento, veio, parte dele, empastar-se às margens do Rio das Pedras, onde a vegetação naquele tempo, como ainda hoje, era fresca e fecunda, e onde o pasto era virgem e viçoso.

capitão-mor Salvador Pedroso de Campos desenvolvia na sua fazenda em iniciativas industriais, atraindo outras pessoas da lavoura, fez com que nascesse a idéia de se realizar ladainhas aos domingos em uma das casas, que se tornou logo conhecida por Casa das Orações. Daí nasceu à devoção para Nossa Senhora D`Abadia, que, para honra das tradições católicas de Itaberaí é ainda venerada pelo sue povo, obrigando o capitão-mor a mandar franco apoio à população nascente. Data dessa época a existência propriamente dita de Itaberaí, que, devido ao pequeno curral feito pelo capitão-mor, foi logo denominado Curralzinho, que, por gente roceira, se tornou em breve Curralinho, nome este porque foi conhecida durante mais de século.

A História e a tradição reinante, aqui nos cerram as portas para só nos abrir em 23 de junho de 1819, por ocasião de nova passagem do ilustre naturalista francês Augusto de Saint-Hilaire, por Mandinga, pequeno povoado que existiu à margem esquerda do Rio das Pedras, próximo a barra do rio Urú, e que desapareceu mais ou menos em 1830. De regresso, em 28 de julho de 1819, passou pelo antigo arraial de Curralinho, encontrando em suas proximidades uma folia que recolhia esmolas para os festejos de Pentecostes que realizavam a 12 de agosto no povoado. E Saint-Hilaire, na página 173 de sua importante obra Voyages ou I`Amerique du Sud, escreve encontrado com o nosso céu naquele dia: todos os campos que atravesso tinham sido queimados recentemente: o fogo ressecara as folhas das árvores; uma cinza negra cobria a terra e, com exceção dos pequenos capões de mata, não se via a menor vegetação; entretanto o céu nessa região era de um azul tão claro, a luz do sol tão brilhante, que a natureza parecia ainda mais bela, não obstante sua nudez. Nessa ocasião Itaberaí era apenas um pequeno povoado que ensaiava para vestir-se de arraial. E Curralinho de então não possuía mais que a grande praça e as duas pequenas ruas, com um total de 52 casas.

Por resolução provincial n. º 82, de 5 de dezembro de 1840, elevado à freguesia de natureza coletiva, completa assim o 32º distrito de Goiás. Esse ato foi sancionado pelo 5º Presidente da Província, D. José de Assis Mascarenhas. Com a sua elevação a freguesia, o arraial de Curralinho, começou a atrair adventícios que, aos poucos, vinham aumentar e desenvolver o povoado, o qual, no meado do século passado (XIX), isto é, de 1846 a 1850, se viu aumentado de um pequeno bairro denominado Mundo Novo, que existiu entre as margens esquerda do Rio das Pedras e o Córrego Padre Felipe, próxima da barra deste último. Esse bairro, que desapareceu em 1884, era onde vivia a gente alegre e onde alma popular da orgia se expandia em folguedos profanos e licenciosos. Com tudo, dizem que isso não privou de nele viver, por alguns anos, em completo retraimento, um virtuoso Padre Felipe, que jamais veio ao centro do arraial, e cujo sobrenome a tradição não conservou. Talvez mesmo por essa circunstância tenha gravado o seu nome no córrego que fica situado pouco acima da atual ponte Rio das Pedras, na estrada real para Goiás. Assim adensada a população e desenvolvimento o povoado, o Doutor Ernesto Augusto Pereira, 18º Governador da província, elevou a categoria de Vila pela resolução n.º 416, de 9 de novembro de 1868, indo desse modo completar o 18º município de Goiás. Coronel Benedito Pinheiro de Abreu, representante na Câmara Estadual, em 1924 apresentou o projeto da mudança do nome de Curralinho para Itaberaí, que significa em Guarany Rio das Pedras Brilhantes.



Parabéns Itaberaí, pelos seus 139 anos de emancipação política - 1868/2007.



Dia 9 de novembro de 2003, feliz aniversário a minha, a nossa querida Itaberaí.

BRUNO CALIL FONSECA - Membro da Academia Itaberina de Letras e Artes - AILA.

Ocupante da cadeira nº 25, tendo como patrono Dr. Derval Alves de Castro.

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