Usina de Letras
Usina de Letras
211 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140785)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->APRENDER A PERDER VOCÊ -- 21/06/2002 - 16:14 (Veneza de Almeida Babicsak) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
APRENDER A PERDER VOCÊ



Movimento... Agitação... Correria... Choro e lágrimas... Uma silhueta feminina andando prá lá e prá cá. Algumas pessoas falando alto, outras em tom mais suave. Alguém tentando até amenizar o sofrimento deste ou daquele. Aquela silhueta de mulher era um sofrimento aparente e seu rosto estava totalmente transtornado. As lágrimas rolando em sua face não a deixava falar, gritar ou murmurar. Sua dor interna era maior do que qualquer escândalo. Sem dar atenção aos demais, foi até seu quarto, pegou delicadamente uma folha de papel e começou a escrever:

“Querido Pai!

Eu nunca tive oportunidade de escrever-lhe uma carta... claro, não houve necessidade!. Sempre estivemos juntos, sempre compartilhando as alegrias e tristezas, mas agora, querido pai, eu preciso, eu necessito escrever estas linhas como um grande desabafo.

Sabe pai! Em você projetei meu ideal de vida. De você copiei todos os meus princípios com muita dignidade. Somente em você, consegui espelhar meu caráter e honestidade. Quando eu achava que estava difícil suportar o peso de um trabalho, eu sempre lembrava o quanto você trabalhou nesta vida, quantas madrugadas frias você saiu para ganhar o sustento da família, quantas noites sem dormir e nunca você faltou com seus compromissos.

Lembra-se, como eu sentia orgulho de você quando criança. Ao tornar-me adulta, sentia mais orgulho ainda, admirava sua inteligência, sua cultura e facilidade para conversar sobre todos os assuntos. Você lia todos os jornais, assistia todos os noticiários da TV para ficar bem atualizado e ainda passava as informações para toda a família.

Oh Pai! Quanto você era capaz! Quanto você aprendia e fazia tudo com facilidade e sensatez. Sua capacidade e percepção ia além de todos nós. Conseguia sentir nossas tristezas, nossas alegrias e o mais importante, nossas necessidades.

Ajudar o próximo, era uma frase que você conhecia muito bem, claro que você tinha sua alma gêmea para isso, nossa mãe. Ela estava sempre ali, do seu lado e vocês ajudavam todas as pessoas que necessitassem de um apoio, carinho, compreensão e até dinheiro emprestado. Onde você colocasse as mãos, brotava amor e duplicava a alegria. Infelizes aqueles que te renegaram um dia, pois não souberam reconhecer o amor e a felicidade. Tijolo por tijolo, pai, quantas casas você construiu para abrigar, os que aflitos, desejavam tê-las.

Não escreveu um livro, mas plantou muitas, muitas árvores. Nos ensinou a ler e escrever. Aprendi a dirigir carro com você, lembra-se? Quanta emoção!. E os netos! Quanta alegria! Se pelo filhos tudo fazia, pelos netos então, era tudo em dobro. Sua família é linda, unida e próspera, temos muito orgulho disso. Pena pai, que tenho que compartilhar, dividir, doar você para um “SER” maior. Está sendo muito difícil pai! De tudo que me ensinou, só uma eu nunca quis aprender: “Perder você”. Agora, neste instante, neste momento, perdi você, perdi o seu físico, nunca mais terei a presença de seu corpo, mas sua alma já está dentro do meu coração.

Entrego você à DEUS, achando que ficarei sozinha. Nunca mais vou vê-lo, somente suas lembranças farão parte de minha vida. Tenho que aprender a perder você, vou tentar, mas uma coisa tenho certeza: jamais aprenderei a te esquecer. Você partiu, mas a saudade ficará para sempre.

Adeus pai e obrigada por ser sua filha”.

Ao terminar de escrever a carta, com as mãos trêmulas, dobrou as folhas e colocou-as num envelope. Um silêncio... Um soluço... Uma lágrima... Alguns passos e ela conseguiu entregar a carta para seu pai. Beijou suavemente seu rosto e logo em seguida, alguém se aproxima para fechar o caixão... PARA SEMPRE...


VENEZA DE ALMEIDA BABICSAK
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui