Usina de Letras
Usina de Letras
20 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Gays, lésbicas e antipáticos -- 01/02/2008 - 16:26 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Afirmar que não se tem um preconceito qualquer é um tanto paradoxal. Esse tipo de afirmação já é, em si, uma forma de discriminar, na medida em que se reconhece a existência de alguma diferença em relação a qual se poderia ou não ser avesso. Postura ideal é sequer supor essa diferença. Você discrimina negros, mulheres, gays, motoqueiros? Para essa pergunta, a resposta ingênua que defendo seria: o que você quer dizer com isso? Somos todos seres humanos, independente de qual seja a cor, o jeito, o tamanho de nossa pele, de nosso sexo, de nosso veículo. É tudo gente, gente!

Daí que estranho a idéia de cotas para negros em universidades, a existência de filmes e bares para gays, o Dia Internacional da Mulher, o elevador de serviço e até a área para fumantes. Essas idéias são de separação e tenho, confesso, um pé atrás com tudo que contraria o princípio da união entre iguais, por mais politicamente corretas que todas essas bandeiras possam querer ser. Aliás, só para registrar, tenho preconceito em relação ao politicamente correto! No limite, cada uma dessas iniciativas leva a outras idéias de divisão: cota para brancos, bares só para heteros, Dia Internacional do Homem, elevador para ricos com patrimônio acima de 1 milhão de euros e área exclusiva para aqueles que bebem cerveja ou comem pizza com borda recheada. Separação leva a mais separação. Um dia teremos as cotas para mim mesmo, os bares só para mim, o Dia Internacional da Minha Pessoa, o elevador meu e ninguém tasca, as áreas minhas e apenas minhas. Cada um de nós, uma minoria defendendo direitos exclusivos e excludentes.

Antes que esse dia chegue, sigo acreditando na igualdade primordial. Ainda assim, entendo que a motivação das denominadas e autodenominadas “minorias”, ao se organizar e reivindicar, também é a união. Como eles mesmos se acham diferentes, buscam aqueles que consideram iguais. Justo. O problema, para mim, é que eu não considero ninguém diferente de mim ou do meu vizinho barulhento. Ao menos não em essência. Seria sandice ignorar as particularidades que nos tornam humanos: iguais e diferentes. Aceitando essa dualidade própria de nossa condição, também sigo defensor das diferenças. Somos iguais em nossa capacidade humana de sermos autênticos.

Quando inventaram a sigla GLS, achei positivo. Tudo bem que ao se denominar homossexual a pessoa já estabelece uma distância entre ela e o mundo: eu sou homossexual e o mundo não é. Além disso, se eu nunca me declarei heterossexual a quem quer que seja, por que a homossexualidade precisa ser anunciada? Mesmo assim, gostei de me sentir incluído na exclusão. Explico: a sigla não era apenas GL, Gays e Lésbicas; era GLS: Gays, Lésbicas e Simpatizantes. Eu era simpático a isso, achava que um simpatizante, contrário de antipatizante, era o indivíduo de qualquer raça, sexo ou time de futebol que tivesse um bom sentimento pelo G e pela L. Assim, eu fui um simpatizante. Fui.

Recentemente, o movimento organizado, que sempre me parece uma coisa mafiosa, mudou a sigla GLS para LGBT, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transformistas (GLBTT?). Fiquei de fora! E recebi o seguinte recado: simpatizantes eram os bissexuais, os transexuais e os transformistas, já que o S virou BT. Eu que achava que era um simpatizante da “causa”. Nunca fui. E, pelo jeito, não serei mais. Devo virar um antipatizante?

O que talvez tenha sido feito para incluir, acabou provando a minha tese: separação gera mais separação. Pensaram em inclusão e conseguiram exclusão! A investida sugere uma outra sigla GLA, Gays, Lésbicas e Antipáticos. De qualquer maneira, continuo um simpatizante dos gays, do mesmo jeito que simpatizo com os índios, os padeiros, as cartomantes, os ansiosos, as floristas e qualquer um que tenha coração humano e até, em muitos casos, não-humano. Eita, mocinho simpático, sô!

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui