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Artigos-->Pasqualice zero -- 01/02/2008 - 16:27 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos conhecem o professor Pasquale Cipro Neto, apresentador do programa de TV Nossa Língua Portuguesa, colunista da Folha e escritor. Além de gramático de carteirinha e título remido. Nem era preciso acrescentar essa última informação. Se ele está na TV, se vende livros do tipo “Escreva certo ou sua vida vai dar errado”(ele não escreveu esse livro, combinado?), se fala sobre a língua portuguesa é por ser um gramático. Fosse ele um lingüista, seria um ilustre desconhecido. Os gramáticos até rimam com dramáticos, palavra que vem de “drama”, algo que a TV adora. E os lingüistas? Estão enchendo lingüística?

Mudemos o rumo da prosa, antes que pareça que alguém aqui é anti-saussuriano, quando o contrário é mais provável. Façamos o seguinte: vou fingir que aquele leitor ali no canto da sala, aquele que vai ler o jornal só amanhã porque hoje está vendo a maratona do CSI, não sabe a diferença entre gramática e lingüística e vou tentar explicar um pouquinho das duas.

O senso-comum usa o termo “gramática” associado às idéias de regras, normas, certo e errado. Há mesmo uma gramática assim, a chamada gramática normativa, que considera a língua a partir do que ela “deveria ser”, medindo os fenômenos lingüísticos com uma “matriz” culta do idioma. É este o sentido da palavra “gramático” usada aqui: um guardião da “língua correta”. Há outras noções de gramática, menos normativas e mais descritivas. No entanto, peço licença para ser maniqueísta e continuar opondo gramática e lingüística, embora essa seja uma oposição manca. Há um planejado objetivo nesta radicalidade.

A lingüística considera a língua como um sistema de meios de expressão. A idéia de “uso” é muito valiosa para essa ciência. Diferente dos gramáticos, os lingüistas enxergam os fenômenos lingüísticos pelo que eles são, no momento e lugar em que ocorrem, independente de como “deveriam ou não ter sido”. Não há “certo” e nem “errado” para a lingüística. Há “adequado” e “inadequado” ao contexto de quem usa a língua. Sai a idéia de norma exclusiva e excludente. Entra a idéia de várias normas possíveis e inclusivas.

Voltemos ao Pasquale, um gramático, para responder a duas perguntas: por que ele tem tanto espaço na mídia? Por que, ao mesmo tempo, o professor Edward Lopes, um lingüista brasileiro respeitado internacionalmente, só é conhecido no meio acadêmico? Sem contar a vontade e a capacidade comunicativa do professor Pasquale e a possível falta de interesse em se expor do Professor Edward, a resposta para essas perguntas pode estar na essência da lingüística.

Se não existe uma “língua ideal, o que seria dito num programa de TV chamado “Nossa Língua Portuguesa”, caso fosse comandado por um lingüista? Seria dito que a língua é mesmo “nossa”; que a palavra “nossa” poderia ser entendida como “de todos”: minha, sua, da torcida do Corinthians, independente de como cada espectador falasse. Isso seria um grande acolhimento democrático dos falares vários do Brasil, uma maneira de dizer que, mesmo falando do jeito dele, o morador da periferia da periferia também faria parte do mundo. Ninguém precisaria aprender a falar “certo” e deixar de falar “errado” para ser, por exemplo, presidente. Ah, é... O Lula já mostrou isso, é verdade. Apesar disso, poucos são os que querem esse “papo libertador” na telinha. Vai que o povo acredita que pode mesmo? Assim, na televisão e no jornal impresso, o “certo” continua sendo “milho assado”, mesmo que o povo não se incomode com um bom “mio assado”. Pasqualice zero! É isso!



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