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Artigos-->Não compre uma TV Digital -- 01/02/2008 - 16:42 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cresci assistindo à TV. Adulto, fui trabalhar em TV. Hoje a TV me cansa. Há um zunzum danado em torno da chegada da HDTV e isso agrava meu fastio. A tecnologia digital aparece como uma promessa de alta definição de imagem, som surpreendente, interatividade sem limites e, principalmente, um rombo no bolso de quem não pediu para que a tecnologia mudasse.

Se pensarmos um pouco, quem leva vantagem com a compra de um aparelho desses que esfregam em nossas caras nos shoppings não é exatamente o consumidor / espectador, mas as concessionárias autorizadas a, em breve, vender produtos on-line via set-box. Se querem montar uma loja virtual em minha casa, eles que me paguem aluguel! No mais, as melhorias em termos de programação, que poderiam justificar um investimento nada baixo (cerca de doze salários mínimos para uma LCD de 42 polegadas), vão demorar muito para ser realidade. Basta zapear pelos canais de TV para perceber que o atual formato da TV brasileira ainda não chegou ao seu ideal em termos de qualidade técnica e artística. Ao contrário, é tudo cada vez pior. Isso é o que me cansa mais.

As TVs locais são o maior exemplo dessa piora. Principal motivo: é fácil ter um programa de TV. Basta ter algum dinheiro, que pode ser herdado, poupado, emprestado ou retirado da conta do FGTS. Nos canais fechados locais, faz-se qualquer negócio. Nos abertos, o desembolso é maior, mas nada que alguém que queira muito aparecer não consiga juntar. Pagou? Está no ar. Ah, é! Você não tem nenhuma idéia sobre o que será o seu programa? Parabéns! Melhor assim. Chame-o de revista eletrônica e pronto. Você poderá divulgar: eventos sociais, gastronomia, moda, cultura, jabás e até notícias. Mas você não é jornalista? E daí? Quem liga? Qualquer problema, é só alugar um número de MTB de um ghost-journalist entre os muitos que estão por aí precisando pagar o aluguel. Você está na TV. Sorria!

A falta de critérios das emissoras locais no loteamento de suas concessões, tirantes poucos e louváveis exemplos, não é a única razão para o show de horrores que são as grades de programação. O acesso facilitado à tecnologia atrai, para o “mundo maravilhoso da mídia”, oportunistas sem a mínima capacitação. Com vinte mil reais, para ser pouco econômico, qualquer pessoa “monta” uma produtora (como se uma produtora fosse feita por equipamentos...). No pacote: câmera broadcast, ilha de edição, microfones, iluminação básica. Jogue tudo isso dentro de um carro popular, mude o slogan do Cinema Novo para “uma câmera na mão e uma idéia... uma idéia para quê?” e está “montada” a produtora. Pague uns duzentos contos para o seu sobrinho micreiro, uma comissão ao seu cunhado vendedor e esteja certo de que sempre haverá uma empresa com um dono tonto para pagar por alguns minutos de fama.

Quando alguém quer ser médico, vai estudar medicina. Se o sonho é dirigir um carro, procura-se uma auto-escola. Para falar uma nova língua, matricula-se numa escola de idiomas. Já para trabalhar em televisão, formação e experiência não são vistas como um pré-requisito. Basta ter isso que se mostrou: algum dinheiro, equipamento qualquer e muita cara-de-pau. Apontei meu dedo para as TVs locais, mas o modelo se encaixa em grande parte das redes nacionais, apenas com a diferença de que por lá os acordos financeiros são mais vultosos e é possível dar uma embalagem bonitinha para a embromação. A lógica, ainda assim, é a mesma: pagou, está no ar.

Por isso, se eu pudesse lhe dar um conselho hoje, seria este: não compre uma TV digital. A combinação da capacidade que esses aparelhos têm de transmitir imagens em alta-definição com a falta crônica de qualidade da programação oferecida pelas emissoras transformará a sala da sua casa num templo de aberrações. Não use a Globo como exemplo de excelência e boa desculpa. A Globo, cabeça de rede, é a exceção e não a regra. E as filiadas da Globo entram na dança do mercado regional sempre que necessário. No fim, quando o assunto é alta-definição, está tudo meio indefinido. Isso não o cansa? Cansa-me e muito. Quer saber? Outro conselho: pegue esse dinheiro da TV de plasma ou LCD que você estava pensando em comprar no Carrefour e vá viajar. Fernando de Noronha, ao vivo, tem altíssima definição.



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