E lá está. Deitada de papo para o ar na cama. Uma mulher adulta, independente, e seu piercing. Dói muito, mas a dor é natural. Acaba de se tornar adulta, deve doer assim. Mas doe demais, de nada importa, não vai sair dali chorando por sua mamãe, seria ridículo para uma mulher.
Do quarto dá para ouvir toda discussão. A mãe mais maleável, acha que isso tudo é uma bobagem, é só um furinho, igual ao das orelhas que usam brincos.
O pai diz que está decepcionado com a atitude irresponsável da mãe e que é tudo culpa dela e que a filha está perdida no mundo de marginais, usando drogas e parecendo uma louca.
A filha não para de mexer no umbigo, deitada quase não vê-lo. Levanta e procura o espelho. Engraçado como as coisas mudaram! Acordou um menina amedrontada pela proximidade das mudanças, vai dormir uma mulher.
|