Nunca fui de ficar em bate papo pela Internet. Não deixaria um livro por isso. Sou daquelas que não gostam muito de jogar conversa fora. Gosto de conhecer pessoas “ao vivo”, fazer amigos, os quais posso, pelo menos, ligar de vez em quando.
Sempre que espiava alguém teclando e contando casos nessas conversas pelo monitor, achava estranho, me incomodava. Até lembro de uma amiga que dizia: Minta sempre. Você não sabe no que vai dar. Minhas tentativas em mentir fracassavam pois, apesar de ter uma boa imaginação, sempre desconfiava que a pessoa poderia me conhecer. Sei que parece loucura, mas isso me passava pela cabeça. Então acontecia o provável. Meu papo não ficava nada bom, pois não mentia e nem contava nada. Assim, muitos desligavam.
Eu tinha sempre em mente a velha história de engano e traição através das conversas. Ficava um pouco apavorava com aquelas frases que vinham sem sentido algum na tela. Claro, ouvia casos hilários como o de uma amiga que estava teclando com um cara e esse era um de seus melhores amigos. Um estava enganando o outro. Ou a história de uma conhecida que teclou com um rapaz por três meses e hoje eles têm um filho lindo.
Dias atrás resolvi arriscar. Achei algumas pessoas “que pareciam” legais e conversei sem dar muito detalhe. Dei até meu e-mail “anônimo”, aquele que um expert em bate bato me passou. Conversei uma ou duas vezes. Até que não foi tão mal assim.
Entre algumas pessoas que encontrei nesse meio louco de conversar, há uma em especial. Entende que não gosto de envolvimentos pela Internet e não fica chateado com isso. É paciente e esperançoso. Não liga muito para meus defeitos (isso é para desconfiar) e está sempre pronto para ler minhas histórias.
Então, para essa pessoa que eu levo a sério, olhando pelo monitor e não imaginando nada, a não ser a alegria de conversar, agradeço pela companhia e pela amizade. Mesmo que seja a amizade mais estranha que já tive.
